quarta-feira, 9 de junho de 2021

TODO O APOIO À GREVE DOS GARIS DE SÃO PAULO EM DEFESA DA VACINAÇÃO PARA A CATEGORIA



    Por Carmanim Elizalde

O dia 08/06 ficou marcado pela entrada em cena dos garis, na cidade de São Paulo, mais uma categoria operária que decidiu fazer um dia de greve pra defender a sua imediata vacinação com a palavra-de-ordem "SEM VACINA! SEM COLETA!".

Os trabalhadores da Limpeza Urbana da maior capital da América Latina, sexta maior cidade do mundo, paralisaram os serviços de varredura e coleta de lixo em defesa da vida, pela vacinação imediata, nos marcos de uma situação em que 10 capitais encontram-se com mais de 90% das UTIs (Unidades de Tratamento Intensivo) ocupadas.

Um ato público ocorreu em frente à Prefeitura Municipal pedindo que a categoria seja incluída como prioritária, junto com outras categorias que estão na linha de frente nos locais de trabalho e que são considerados serviços essenciais pela própria classe social, os patrões e os governos capitalistas, que lhes negam o que é mais essencial nesse momento, que é a defesa da sua própria vida.

O SIEMACO (Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de prestação de serviços em Asseio e Conservação e Limpeza Urbana de São Paulo) convocou a paralisação se arvorando de que "a categoria que nunca parou, merece vacina, respeito e reconhecimento", demonstrando que é uma verdadeira trava na luta de um dos setores mais proletarizados da classe trabalhadora.

Por outro lado, o prefeito Ricardo Nunes do MDB, substituto de Bruno Covas do PSDB, falecido há pouco dias atrás, reclamou que a categoria não comunicou com antecedência de 72 horas como está previsto em lei a paralisação, demonstrando que a burguesia enquanto classe dominante pretende sistematicamente através da legislação do estado burguês disciplinar e limitar a luta dos trabalhadores. É como se numa guerra, o exército inimigo ditasse as regras e os limites até aonde podem ir os seus adversários, em pleno calor da batalha.

Segundo o prefeito da capital paulista, os trabalhadores da limpeza estão incluídos no Plano Nacional de Imunização - PNI, e precisam obedecer a ordem de prioridade, culpando o governo federal pelo atraso na entrega das vacinas, revelando a total anarquia da produção e da circulação de mercadorias, justamente naquilo que é mais necessário para a população, bens de primeira necessidade, como é o caso da vacina, do pão, etc. 

A burguesia enquanto classe dominante, mesmo em um quadro como este de pandemia, demonstra que a concorrência entre as suas frações de classe em sua obstinada busca de manter ou aumentar seus lucros é o que mais importa, fazendo cair por terra o esforço ideológico que faz cotidianamente que os interesses, enquanto classe de parasitas exploradores são os mesmos dos milhões de explorados, que estão pagando na sua maioria com a própria vida a incapacidade histórica dos capitalistas e seus governos de plantão.

A burocratização do PNI, estabelecendo ordem de prioridades por categorias, é bom que se diga, se dá na medida em que há uma escassez na produção de vacinas na maioria dos países periféricos, e esta produção está concentrada em um punhado de países ligados aos monopólios da indústria farmacêutica que especulam valores com seus estoques de excedentes de mercadorias.

Não foi senão com muita disposição de luta, com muita pressão e ameaças de greves, que outras categorias operárias como os metroviários, motoristas e cobradores de ônibus e caminhoneiros arrancaram o direito à vacinação. 

Essa greve de 24 horas de 17 mil garis de São Paulo, segundo o sindicato dos trabalhadores, gerando um acúmulo de 18 toneladas de lixo na cidade, demonstrou a poderosa força social que representa essa categoria a nível nacional. 

Há pouco tempo atrás, os garis da COMCAP de Florianópolis, capital de Santa Cataria, não hesitaram em enfrentar os patrões e o governo municipal, numa poderosa mobilização de greve por tempo indeterminado que fez custar caríssimo para os seus carrascos de plantão, prefeitura e maioria da câmara de vereadores que retiraram quase 50% do seu poder aquisitivo.

Assim como em Florianópolis, a Prefeitura de São Paulo já anunciou que vai tomar medidas cabíveis para retaliar a categoria baseado no artigo 13 da lei geral de greve. Os patrões e seus governos capitalistas são implacáveis com aqueles que ousam ameaçar os seus lucros e instabiliza-los politicamente.

O SIEMACO, sindicato que representa os trabalhadores em luta, comunicou que: “Se não tiver nenhum retorno (sobre a demanda de priorização na fila da vacinação), há a possibilidade de paralisação e até de greve. De greve, mesmo. Aí é sem hora para acabar”, informa o Siemaco-SP.

É preciso colocar em marcha uma poderosa greve nacional dos garis e de todos os trabalhadores de Asseio e Conservação, pela defesa da vida da categoria, que trabalha exposta a condições insalubres e a tudo que é tipo de resíduos, portanto uma das que mais sofre com pandemia do Covid-19, e pelos seus interesses sociais, na defesa dos seus salários e das suas condições de vida que vem sendo vilipendiadas historicamente por um sistema e um regime político escravagista.