quarta-feira, 29 de setembro de 2021

FOME , DESEMPREGO E MORTES FAZEM PARTE DOS MIL DIAS DO GOVERNO GENOCIDA DE BOLSONARO

 


Artigas

A situação se repete nos quatro cantos do país, no campo e na cidade, afetando ainda mais quem vive na área rural. Uma pesquisa divulgada pela Food for Justice, um instituto de estudos latino-americano, o qual analisou os efeitos da pandemia do Covid-19 sobre a alimentação da população brasileira e constatou que a região Norte do Brasil é a segunda com mais pessoas em situação de insegurança alimentar, atingindo 67%, ficando atrás somente do Nordeste onde 73,1% da população foi afetada. O sul do país, especificamente o estado de Santa Catarina possui 10% da população passando fome. As maiores cidades de Santa Catarina têm 71 mil pessoas na extrema pobreza.

O Brasil atingiu 10% da população que está na extrema pobreza, num total que chega a 213,3 milhões de brasileiros, o qual corresponde a 21,3 milhões de seres humanos.

 Estima-se que 60 milhões de brasileiros dependam da solidariedade para se alimentar durante a pandemia. Uma das campanhas de maior abrangência é a Periferia Viva, organizada por militantes de organizações como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD) e o Levante Popular da Juventude.

 Em um ano, o “prato feito” subiu praticamente o triplo da inflação, segundo um levantamento feito por Matheus Peçanha, pesquisador e economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE): 22,57% no acumulado de 12 meses diante de 8,75% do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) no mesmo período.

 Nesta conta, entre os que tiveram uma alta no preço, estão arroz (37,5%), tomate (37,24%), carne bovina (32,69%), frango inteiro (22,73%), feijão preto (18,46%), ovos (13,5%) e alface (9,74%). Paralelamente, o Brasil tem 14,8 milhões de desempregados.

 O mergulho do país e dos Estados na crise econômica, por diversos fatores internos e externos, impulsionado ainda mais pela política de austeridade fiscal introduzida pelo capital. Foram fechados milhares de postos de trabalho formal durante longos anos, e na pandemia esse quadro agravou-se muito mais, entre 2020 e 2021. Com isso a desigualdade de renda do trabalho no Brasil aumentou assustadoramente. Com isso a fome e a pobreza estão reinando em nosso país. Vivemos em um Brasil de fome; enquanto uma parcela da população faz ‘home office’, uma outra parcela passa fome em casa.

 Nosso pais é um celeiro, devido à nossa produção agrícola; mesmo assim, o povo passa fome; o problema é desse governo genocida de Bolsonaro, que trabalha na ótica do capital, e há exploração em todas as áreas imagináveis. Essa realidade criada, não de agora, é devido ao sistema de exploração capitalista.

 É por isso que nós defendemos o fim de sistema capitalista, rumo ao socialismo. Por um governo dos trabalhadores do campo e da cidade.

Saiu em atraso o jornal Tribuna Classista nº 23. Leia e prestigie a imprensa operária independente

 



QUAL O RUMO?



 Vide link: https://www.youtube.com/watch?v=RD1NhBdu6ds&t=2182s

GUILHERME GIORDANO


Ocorreu no dia 28/09 um debate promovido pela TV A COMUNA, sob a coordenação do companheiro Nelson Vilela e moderado pelo companheiro Carlos Mandacaru, sobre os primeiros Mil dias do governo Bolsonaro.

Participaram do debate na condição de convidados, um representante do Agrupamento Tribuna Classista e o companheiro Jean Menezes.

Houve no geral uma concordância entre todos acerca do caráter de classe do governo Bolsonaro, um governo que é resultado do golpe de estado de 2016, que promoveu uma política de resgate do grande capital, em especial dos bancos, tendo aliás como Ministro da Economia, Paulo Guedes, um banqueiro diretamente ligado ao sistema financeiro.

Foi destacado o período que antecedeu o golpe de estado de 2016, 14 anos de governos de colaboração de classes que tiveram à frente o PT, partido que traçou como estratégia política governar para a burguesia, em nome da "democratização do estado". Nesse caso, a abstração da democracia, enquanto valor universal, é o truque necessário pra encobrir a política de um colaboracionismo sem limites à direita.

Bolsonaro, uma marionete do imperialismo e de setores da burguesia nacional, promoveu 1000 dias de um governo que antes da pandemia já havia aprovado no Congresso Nacional uma nova reforma trabalhista e previdenciária, a privatização da Eletrobrás e dos Correios, etc., nos marcos de uma crise mundial do capitalismo iniciada em 2007/2008 por conta da crise imobiliária norte-americano, a qual, além de não ter sido superada, agravou-se com o advento da pandemia

A partir do advento da pandemia, Bolsonaro apostou toda as fichas na política de que a "economia não podia parar", no tratamento precoce com medicamentos que não comprovaram nenhum efeito eficaz na cura do COVID19, na famigerada "imunidade de rebanho", que teria sido supostamente planejada na existência de um Gabinete paralelo.

Foi também ressaltado o caráter de continuísmo do regime militar, da Nova República de Sarney, e da sua tendência de esgotamento agora, e a característica importante do governo Bolsonaro, de acabar com a dissimulação da dominação de classe, da burguesia sobre o proletariado, o qual este regime democratizante teve como principal função.

Conclusões práticas da luta foram tiradas no final do debate, como a necessidade da esquerda revolucionária se delimitar da centro-esquerda expressa politicamente pelo PT, PSOL, PC do B e os outros partidos que giram sob órbita da política frentepopulista da Frenta Ampla. 

Em oposição ao caráter de estrangulamento das mobilizações que se colocaram em curso, em converter a palavra de ordem de Fora Bolsonaro numa inofensiva defesa de adiar tudo para as eleições de 2022, ou apostar no impeachment no interior do Congresso Nacional dominado pelo Centrão, que coloca em marcha, além de outros, um profundo ataque às condições dos servidores públicos das três esferas do estado através da PEC 32, que pretende acabar com a estabilidade dos servidores entre outros crimes de maior ou igual tamanho foi feita a defesa de que na mobilização do dia 02/10, as massas devem ganhar as ruas pra colocar pra fora todo esse governo de bandidos e o carcomido regime político burguês, a começar pela luta pra construir um Congresso de bases dos trabalhadores e da juventude pra aprovar um plano imediato de ação e de luta e defender um governo dos trabalhadores da cidade e do campo.

O rumo a ser tomado, concordaram todos no debate, é a defesa da independência política dos trabalhadores através de uma frente única das organizações operárias e dos camponeses pobres, pra lutar por um governo próprio, um governo da classe operária, rumo ao socialismo.   

sexta-feira, 10 de setembro de 2021

TODO APOIO À GREVE DOS TRABALHADORES DA CARRIS CONTRA A PRIVATIZAÇÃO E AS DEMISSÕES EM MASSA

 



Fábio Pereira

Procuramos independência

Em um recorte do que estamos vivenciando hoje, nós nos encontramos em uma crise mundial do capitalismo onde os abutres do poder do sistema nefasto ainda agem com suas ações maquiavélicas para continuarem a explorar e fazer a sustentação de um sistema que está putrefato e cambaleante andando como um zumbi atacando e oprimindo os trabalhadores e ainda sustentando regimes de escravidão pelo mundo afora. 

A nossa luta segue, ela é diária e contínua contra todas as mazelas deste sistema que em meio à própria crise que se apresenta temos mais um agravador da situação porque estamos vivenciando o segundo ano consecutivo de uma pandemia mundial. O número de mortos em nosso país já está atingindo a marca de 585.000 mil vítimas atingidas pelo vírus. Somados a tudo isso temos muitos ataques às vidas dos trabalhadores quando nos apresentam as alternativas de combater a pandemia como o “fique em Casa”, onde a nossa luta deve ser para salvar as vidas das pessoas aumentando cada vez mais a nossa campanha de vacinação. 

No entanto, o discurso do governo vai noutro sentido falando em abertura de tudo dizendo "ou você morre do vírus ou morre de fome e de miséria", ficando desempregado; a recessão e a crise econômica que vem com disparada nos preços das mercadorias, com um efeito cascata violento onde correm todos na direção de atacar a classe trabalhadora.Com a gasolina no RS chegando aos 7 reais, o gás de cozinha-bujão a 100 reais, o filé a 85 reais o kilo, a passagem de ônibus na capital chegando aos 5 reais, a lotação 7 reais, o leite a 5 reais o litro, a luz aumento de 50% em cima da bandeira vermelha.

As privatizações realizadas pelo governo da CEEE (Companhia Estadual de Energia Elétrica), a ação de governos anteriores com a Caixa Econômica Estadual,o Banco Sul-Brasileiro, a CRT (Companhia Riograndense de Telecomunicações) tiveram como consequências as disparadas de taxas no consumo de energia; mas, as coisas não pararam por aqui, o governo Leite privatizou a CORSAN que responde pela nossa água e o cenário de ataques aos trabalhadores não para porque o prefeito da capital, Sebastião Mello, quer a privatização da CARRIS, a maior empresa de transporte público e aprovou também com esta situação a extinção da profissão de cobradores do transporte coletivo. 

Os trabalhadores da CARRIS em sua assembléia aprovaram greve da categoria para fazerem o enfrentamento com o governo municipal pela garantia do emprego dos trabalhadores da empresa e vemos somados a tudo isso que o número de desempregados aumenta todos os dias hoje atingindo a casa dos 14 milhões. 

Os ataques seguem de todos os lados e não param porque quando membros do governo se pronunciam dizendo que quem escolheu ser professor é porque não tinha o que fazer na vida e discursos como para que estudar, estudar para ter um diploma, o que importa mais é ganhar dinheiro; ao mesmo tempo também vimos neste mesmo governo retirando as bolsas para investimentos em pesquisas e contribuições para o avanço da sociedade negados diretamente. 

A miséria e a fome voltaram com toda a força a assolar o nosso país e sequer temos feito algo para enfrentarmos condição desumana que também levam crianças e adultos para a morte. Os números chegam aos 120 milhões passando fome ou vivendo abaixo da linha da pobreza. 

Aliás, voltando a falar em educação, aqui no RS temos 43% da nossa categoria de contratados entre professores, funcionários de escolas e especialistas; nossa luta é pela efetivação já destes mesmos educadores no combate à precarização do trabalho porque nós entendemos que a única forma de acabarmos com a precarização do trabalho na educação é a efetivação já de todos os educadores contratados.

Os professores do RS não recebem o piso nacional aprovado em 2008 quando o então ministro da educação era TARSO GENRO que se elegeu como governador dizendo que iria pagar o piso para os professores; seu substituto SARTORI do MDB partido que apoiou a ditadura militar junto com a ARENA na época, disse para os professores irem buscar o piso no TUMELERO. Esse último nome aqui apresentado é uma referência a uma loja de materiais de construção aqui no Estado do RS. 

Nossa política vai em torno além da defesa da efetivação já para os contratados como também uma criação do Piso nacional para os funcionários de escola. De acordo com um cálculo do DIEESE nosso salário mínimo deve atender as nossas necessidades mais prementes como: vestuário, alimentação, transporte, moradia, lazer e no entanto este cálculo não sai do papel e é aplicado para cumprir o que se apresenta até mesmo como um dos artigos da Constituição Federal. 

O capital que nos ataca como uma mazela do mundo não tem nação. Quando tem uma crise eles vão embora fazendo fuga de capitais. Toda vez que a burguesia não resolve a crise, recorre à frente popular e depois ao fascismo. 

A economia brasileira no mercado internacional, a nossa moeda está totalmente deteriorada. Está acontecendo no Brasil a fuga de capitais e a desvalorização da moeda, colocando-nos em uma depressão econômica profunda. 

A burguesia não consegue governar e prepara o caminho para o fascismo; anterior ao método fascista se utilizam da frente popular. Quando a frente popular não serve mais para a burguesia, ela adota o fascismo e foi esse cenário que se construiu em nosso país após a eleição de 2018.

Ainda quando falamos na Constituição ela só vale para a classe dominante, porque quando falamos na classe operária ela nunca foi aplicada.O parlamento e todas as instituições começaram a se esgotar saindo do lulismo, se deslocando à direita se abraçando com o bolsonarismo em um golpe branco igual ao realizado no Paraguai anteriormente. 

Sendo assim, para que fique bem claro aqui: nós denunciamos o golpe de 2016 e também rechaçamos os ataques feitos aos trabalhadores com as reformas da previdência, a reforma trabalhista e agora também estamos fazendo o enfrentamento contra esta reforma administrativa que quer destruir o funcionalismo público. 

Combatemos e continuamos na luta contra os ataques brutais feitos à classe trabalhadora com estas reformas e a nossa luta segue, porque queremos a independência, emancipação e vitória dos trabalhadores. 

“O professor público deve ser colocado, entre nós, em uma tal condição em que ele nunca esteve, não está, nem nunca poderá estar na sociedade burguesa. Esta é uma verdade que dispensa provas. Devemos caminhar sistematicamente para essa condição, com um trabalho insistente e incansável, tanto no diz respeito à elevação de seu moral, quanto a sua preparação multilateral para o cumprimento de seu nobre dom. E o principal, principal e principal: na melhora de sua condição material.” ( LENIN ) 

“Mediante o patriotismo, a burguesia envenena a consciência de classe dos oprimidos e paralisa sua vontade revolucionária, porque patriotismo significa sujeição do proletariado à nação, tal qual igual a burguesia.” ( LEON TROTSKY ) 

“ Hoje já não se trata, como no século XIX, de garantir simplesmente um desenvolvimento econômico mais rápido e sadio; Hoje se trata de salvar a humanidade do suicídio. É precisamente a agudez do problema histórico o que faz tremer os alicerces dos partidos oportunistas. O partido da revolução, pelo contrário, encontra uma reserva inesgotável de forças em sua consciência de ser o produto de uma necessidade histórica inexorável. Proletários do mundo, não há outra saída que unir-se sob o estandarte da IV INTERNACIONAL ! “ ( LEON TROTSKY )


quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Uni-vos, disse Marx!

 


Lina Castilhos


Hoje o dia 07 de setembro amanheceu chuvoso aqui no Alegrete.. foram pancadas e pancadas de chuvas, cada qual com uma intensidade diferente atingindo é claro, o povo pobre que passou a madrugada toda tentando salvar o pouco que tinha. Enquanto chovia nós, a massa trabalhadora que de fato sustenta o país, estavamos (em maioria), tirando o barro que adentrou junto com a água da chuva em nossas casas e também revisando os móveis para ver se não foi “perdido” nada com o estragos causados pelo temporal e, no mesmo momento, o som de businas de caminhões do “agronegotóxico”, tratores de ultima geração e caminhonetas que não pagam uma ferrari, porém, é de uma realidade abstrata a nossa desfilavam ostentação e arrogância sem um pingo de pudor.  Eis os dois lados de uma mesma moeda expostos nesse show de horrores.

Nós,a pequena parcela que compõe a esquerda aqui na nossa cidade,  iríamos para rua também, aliás, aqui no Alegrete, existem duas frentes de esquerda, ambas compostas por professores, estudantes,  servidores públicos, agentes comunitários, líderes sindicais e partidários e outras lideranças que almeijam um Brasil sem miséria, sem exploração, um Brasil de direitos e de justiça que como diria Rosa Luxemburgo, um país que “se movimente para sentir as correntes que o prende” e que assim se desprenda, obviamente. Porém a chuva,  o dia acinzentado fez com que cancelássemos o nosso ato.

A maioria de nós, infelizmente, não pode se dar o luxo de sair na chuva, até porque tem apenas um par de sapato e amanhã, trabalha normalmente, a maioria de nós também, não pode se dar o luxo de adoecer, para não ser despedid@ ou ter salário descontado por causa de atestado médico (é a realidade do funcionário público municipal, por exemplo). Diferente de quem ostenta soberba e arrota ignorância, como estes aceclas que saíram às ruas para  comemorar o cúmulo da insanidade. Com isto eu não estou justificando a nossa ausência nas ruas,  até porque deveríamos ter um segundo plano, terceiro se possível. Dia 12 vem aí, uni-vos! Uni-vos ! Uni-vos!

Enquanto eu escutava as buzinas que traduziam em seus barulhos a intenção de supor que eles estão no poder e, que lógo,continuarão a manobra covarde deste projeto de fascismo que se escancara em esfera nacional, bem como no solo alegretense, eu chorei, refleti e continuarei refletindo sobre..mas eu chorei. Não foi um choro de desespero, tampouco qualquer tipo de vitmimização desta situação a qual fui colocada, mesmo quando meu voto foi para um professor, porém, foi um choro de desolação... não por eles, mas por que suponho uma esquerda consciente de que o nosso lugar requer dialogo constante com as camadas as quais pretendemos uma revolução. Trotsky dizia que expor aos oprimidos a verdade sobre a situação é abrir-lhes o caminho da revolução.

Nesse sentido, acredito que eu, mulher, negra, servidora pública de uma classe desvalorizada, com o salário defasado, consciente de meus direitos e deveres, mãe, filha, esposa, tenha o dever humano, moral e cidadã de ser resistência a toda e qualquer forma de opressão, pensando de forma coletiva, vislumbrando  um país de direitos e de dignidade para quem movimenta essa máquina gigantesca que é o Brasil. Não podemos mais admitir rivalidade entre as esquerdas, supor que suas necessidades pessoais e ambições eleitorais são superioras às necessidades do povo brasileiro. Não há lugar para soberba em nossa luta proletária.. uni-vos disse Marx,  então que obedeçamos! Mas isso supõe planos de ações, objetivos e um olhar coletivo para além. Não acredito que discordar e propor atos em conjunto, porém com diálogo limitado, nos ajudará em algo. Assim como as forças sindicais, desacreditadas por estarem trocando suas bases por  acordos que eu sou incapaz de compreender o que nos leva a ser barrados em uma burocracia sindical desgastante.

A revolução se dará através do povo, por isso, é fora Bolsonaro e Mourão em defesa do SUS, é fora Bolsonaro e Mourão em defesa de uma revolução verdadeiramente proletária e que, os levantes sejam não somente quando urgem as necessidades, mas principalmente, para que existam junto às comunidades, aos movimentos de base para tentar barrar a opressão e os ataques visando uma verdadeira transformação social. É fora Bolsonaro e Mourão em defesa da agricultura famliar, aos povos indígenas, à educação, à habitação, pelo fim do racismo, machismo,feminicídio, violência doméstica e do genocídio. É fora Bolsonaro e Mourão em defesa da vida e em solidariedade aos mais de 580 mil mortos pela covid.. mortes causadas pelo negacionismo do “presidente”  e pelos $ 2,00 que cada uma dessas vidas custaram. É fora Bolsonaro e Mourão pelo fim desse projeto de alienação popular e pelo levante das massas.Que as esquerdas façam meia culpa e recomece.. dá tempo!

 

#ForaBolsonaroeMourão

#NenhumDireitoàMenos

 

segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Brasil, 7 de setembro: contra o autoritarismo e pelas conquistas dos trabalhadores, às ruas

 Extraído do site do Partido Obrero

 

Não ao eleitoralismo anti-operário

Por Rafael Santos

 

O próximo dia 7 de setembro - aniversário da independência do Brasil - é desenhado como um dia com a possibilidade de confrontos nas ruas.

O presidente Jair Bolsonaro convocou uma manifestação contra o Supremo Tribunal Federal (STF), por processar alguns de seus apoiadores, que se manifestaram publicamente com armas, propondo a impeachment dos juízes (e até do embaixador chinês). É a resposta Bolsonarista à não aprovação do parlamento para tratar sua proposta de modificar o sistema eleitoral, eliminando o voto eletrônico (em vigor há 25 anos) e substituindo-o pelo voto em cédulas de papel. Já naquela ocasião, enquanto o parlamento discutia se tratava do projeto de Bolsonaro, ele organizou uma demonstração de força, desfilando uma divisão de tanques blindados em frente ao Congresso.

O apelo de Bolsonaro foi a voz da ordem para que toda a extrema direita fascista e militar viesse a ameaçar que, se essa rejeição parlamentar não fosse revertida, ela poderia ir tão longe como um auto-golpe militar. Embora a eleição presidencial seja daqui a mais de um ano, Bolsonaro se gava de se tornar um Trump.

Os comandantes policiais e militares afirmaram que compareceriam aos comícios Bolsonaristas. O Coronel Lacerda, encarregado de 7 batalhões da Polícia Militar de São Paulo, anunciou que iria mobilizá-los naquele dia. Por isso, o governador de centro-direita do Estado de São Paulo o demitiu. Lacerda redobrou a aposta, anunciando que organizaria essa mobilização de direita de qualquer maneira.

Bolsonaro tem retrocedido nas pesquisas de intenção de votos da população. Isso alimentou suas performances de histeria política.

Contra esse movimento direitista, a Coordenação pelo "Fora Bolsonaro", que tem promovido diversas mobilizações nos últimos meses, está convocando a organização de contra-manifestações no mesmo dia 7. Partidos de esquerda, centrais sindicais e movimentos sociais aderiram a esse chamado, o que levanta a possibilidade de choques e confrontos de rua entre a extrema direita Bolsonarista e as forças populares colocadas à esquerda.

Isso levou a uma série de pronunciamentos de setores burgueses. A Associação  da Agroindústria, a FIESP (a poderosa Federação Industrial de São Paulo) e outras fizeram ou anunciaram declarações que vão entre o apelo à harmonia entre os três poderes do Estado e o de limitar as ações provocativas de Bolsonaro. Os agroexportadores consideram necessário abrandar os choques políticos e preservar a paz social. Declarações do tipo Trump contra a China são consideradas altamente inconvenientes por ser este o principal destino das exportações brasileiras. A federação dos bancos está dividida, com os conselhos de algumas entidades estatais resistindo a aderir a pronunciamentos críticos ao bolsonarismo.

Delfim Netto, ex-ministro da Economia do golpe de 1964, alertou para as explosões aventureiras de Bolsonaro, afirmando que não se poderia descartar no futuro o abandono do liberal privatizador e atual ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele expressou sua preocupação com o clima de confrontos políticos que está promovendo no Brasil. E se definiu pelo apoio à eventual candidatura do ex-presidente, de centro-esquerda e líder do PT, Lula, que descreveu como um homem moderado capaz de pilotar a difícil situação político-social do Brasil.

Também, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, velho inimigo de Lula, falou em favor de uma terceira alternativa entre Bolsonaro e Lula, mas esclarecendo que, caso não amadurecesse, convocaria para votar no candidato do PT. Setores crescentes da burguesia e do imperialismo vêem o aventureirismo militar de Bolsonaro com apreensão. Não esqueçamos que há alguns meses todo o alto comando militar foi substituído pelo presidente fascista. Na burguesia existe a preocupação de que esta ação, no quadro de uma crise em curso, acabe por dividir as Forças Armadas. Este governo não é uma ditadura direta, mas é um governo cheio de militares (há mais de 7.000 ministérios ocupantes, secretarias e várias funções do Estado).

Conteúdo eleitoral da oposição burguesa-burocrática

Os partidos de centro-esquerda e as burocracias sindicais deram outro conteúdo à palavra-de-ordem "Fora Bolsonaro". Eles colocaram a "defesa da democracia e da Constituição" no centro. Eles são contra a queda de Bolsonaro pela ação das massas. Colocam o slogan “Fora Bolsonaro” no campo da votação nas eleições de outubro de 2022 ou no de um eventual impeachment (julgamento político) no Parlamento. Um Congresso em que não avançaram mais de 50 pedidos de impeachment e onde o presidente fascista obtém uma confortável maioria através da aliança com o "centro", bloco de vários partidos de centro-direita.

Um manifesto assinado por 10 centrais sindicais, lideradas pela CUT, apelou à união de todos os poderes, governadores, prefeitos, parlamentares, trabalhadores e sociedade civil para conter o presidente Jair Bolsonaro e salvar o Brasil. As centrais sindicais denunciam Bolsonaro por “gerar pessoalmente confrontos diários, criando um clima de instabilidade e descrédito do Brasil” e “Urge que os Poderes Legislativo e Judiciário em todos os níveis, governadores e prefeitos, tomem conta de decisões importantes em nome do Estado Democrático de Direito ”.

No entanto, toda a burguesia continua apoiando a continuidade do governo Bolsonaro. Porque realizou importantes "transformações" sociais contra os trabalhadores; nas últimas semanas foi aprovada na Câmara Federal - por ampla maioria - a chamada “minirreforma trabalhista”, que complementa a do governo Michel Temer, "embora tenha sido derrotada posteriormente no Senado Federal" (NR). Atacar, desta vez com tudo, os direitos dos jovens trabalhadores, condenando-os a um sistema permanente de perda de direitos, superexploração e precariedade laboral. Há também a reforma administrativa contra os servidores públicos das três esferas do Estado, que dispensa o concurso para acesso a um emprego na administração pública, o que possibilita a seleção discriminatória por parte do poder político. Também anula o direito à estabilidade no emprego do servidor público. Essas e outras leis anti-trabalhadoras e antipopulares (a privatização dos Correios está para ser votada, as terras das comunidades indígenas ainda estão sendo desapropriadas em favor do agro-negócio e do garimpo, etc.) não só são endossadas, mas votadas com os partidos da burguesia que “defendem a democracia e a constituição”.

Aqui não há divisão, mas unidade da classe patronal para que a crise seja descarregada sobre as massas trabalhadoras.

O boom das exportações brasileiras (melhores valores das matérias-primas: soja, minério de ferro etc.) não resulta em nada para melhorar as condições de vida dos trabalhadores e dos desempregados. Ao contrário, o governo chantageia para impor seus ataques de rendição: se a privatização dos Correios não for aprovada, não haverá continuidade nos parcos subsídios aos desempregados, diz.

A palavra-de-ordem "Fora Bolsonaro" esvaziou-se de conteúdo para os partidos de centro-esquerda e para as burocracias sindicais. É apenas uma verborragia para conseguir o voto no final de 2022, enquanto as massas permanecem atoladas na miséria. É usado para impedir a organização da luta e a resistência dos trabalhadores e das massas ao governo. A CUT e as centrais sindicais (infelizmente também a esquerdista CSP/Conlutas endossou a declaração) subordinam-se assim à política de contenção da centro-esquerda que usa as provocações da direita bolsonarista para não aprofundar a mobilização antigovernamental para derrubar o governo fascista, mas para travar as lutas mais elementares. Já existem líderes do PT que vieram para limitar o alcance das marchas antibolsonaristas de 7 de setembro, chamando para não cair em "provocações". O próprio Lula anunciou que não participará dessas mobilizações porque, para ele, o eixo continua sendo o eleitoral.

É um eleitoralismo claramente anti-operário

As burocracias das centrais operárias esvaziaram os sindicatos. O objetivo histórico delas é defender o valor da força de trabalho. Eles renunciaram a esta função. Um ataque como o da mini-reforma trabalhista não pode ser imposto sem enfrentar uma greve geral. O mesmo é verdade para a agressão contra os servidores públicos e todas as ofensivas direitistas e antipopulares em andamento. As comunidades indígenas estão se mobilizando há uma semana, ocupando a "Praça dos três Poderes" em Brasília e com cortes em várias vias, contra os projetos de expulsão de suas terras pelo governo e pelos patrões. Além das declarações de intenções, aonde está a ação mobilizadora do movimento operário? Bloqueado pela paralisação e rendição das burocracias sindicais subordinadas ao PT e aos partidos burgueses de oposição.

É essencial enfrentar e derrotar os ataques bolsonaristas aos trabalhadores. É necessário, não marchas conta-gotas, isoladas umas das outras para impedir uma mobilização geral das massas, mas um plano de luta que conduza a uma greve geral. Pela anulação das reformas trabalhista e previdenciária contra os trabalhadores. Contra a privatização dos Correios. Contra a repressão e o autoritarismo bolsonarista. "Fora Bolsonaro".

Para isso devemos começar reagrupando os setores militantes do movimento operário. Em 7 de setembro, é claro, devemos tomar as ruas para enfrentar as mobilizações fascistas de Bolsonaro. Em torno desta iniciativa imediata, é preciso avançar na coordenação dos trabalhadores e dos explorados; convocar assembleias, plenários e preparar as condições para um congresso das bases do movimento operário e das massas exploradas. Um passo nesse sentido seria a denúncia política, por parte da CSP/Conlutas e da Intersindical - organizações que se dizem combativas e antiburocráticas - da orientação da frente popular que caracteriza a CUT, o PT e o PC do B.

Um reagrupamento em um polo de alternativa operária e socialista entre os setores militantes do movimento operário e de esquerda seria um ponto de apoio para isso.