sábado, 12 de junho de 2021

Por uma ampla mobilização das massas no 19J rumo à organização da Greve Geral pra colocar abaixo o governo Bolsonaro/Mourão



Por um Congresso de Bases dos trabalhadores para aprovação de um Plano de Lutas que centralize as mobilizações que estão em curso em defesa das nossas vidas contra o genocídio deliberado e pelas nossas necessidades mais prementes

Por um governo dos trabalhadores da cidade e do campo

O 29M foi de longe a maior mobilização realizada pelos trabalhadores e a juventude contra o governo Bolsonaro desde a mobilização das mulheres pelo Ele Não em pleno curso da campanha eleitoral em 2018.

É preciso ganhar as ruas no 19J de maneira a multiplicar e ampliar as mobilizações dando forma e conteúdo para a enorme insatisfação e revolta latente da maioria da população que somos nós, trabalhadores, que estamos sendo obrigados a comer o pão que o diabo amassou e sacrificar a nossa própria vida por conta de um governo que promove um genocídio deliberado de quase meio milhão de pessoas no país, apoiado num regime político que diminui cada vez mais sua margem de manobra perante as amplas massas pauperizadas. A chacina do Jacarezinho há menos de um mês atrás se soma agora ao assassinato da jovem negra grávida de 24 anos, Kethelen Romeu, pela Polícia Militar do Estado do RJ. Pra população negra, pauperizada e favelada não somente no RJ, a presença do estado significa o terror do caveirão, da tropa de choque, das balas assassinas das polícias civis e militares, etc.

É num quadro em que pelo menos 10 Estados da federação já voltam a atingir quase 100% da capacidade de lotação das UTIs e no caso do Mato do Grosso do Sul, que já ultrapassou de longe esta marca, neste momento, em que a média móvel dos mortos pela pandemia do COVID19 estacionou em 2 mil pessoas por dia, e com a ameaça da terceira onda provocada por uma nova cepa combinada com o  fungo negro, que categorias operárias como os Garis da cidade de São Paulo começam a irromper no centro da situação política e mostrar o caminho com uma poderosa greve de 24 horas de 17 mil trabalhadores da limpeza urbana que deixou 18 toneladas de lixo sem coleta na maior capital da América Latina, com uma profunda mobilização com a palavra-de-ordem “Sem vacinas, sem coletas!” Outras categorias já vêm produzindo mobilizações como os trabalhadores da educação que promoveram com mobilizações de rua greves sanitárias contra o retorno às aulas presenciais por todo o país.

É no curso de uma tendência de uma onda de rebeliões como já aconteceu no Paraguai, Equador, Bolívia, Chile, Colômbia e a eleição no Peru, cuja polarização política ganhou as ruas do país, com a vitória do candidato Pedro Castilhos, do Peru Livre, que representa uma esquerda conciliacionista, contra a candidata ultra-direitista, Keiko Fujimori, que as massas desesperadas, assoladas pela fome, pela falta de vacinas e medidas de uma mínima proteção em defesa das suas vidas, saem gradativamente e com ritmos diferentes a ganhar as ruas de todo o continente latino-americano.

No centro do imperialismo norte-americano, as massas produziram uma mobilização multitudinária, o qual o assassinato de Georg Floyd foi tão somente a ponta do iceberg. Por ora estão contidas pela substituição do fascista Trump pelo governo Democrata de Joe Biden, o qual está sendo obrigado a fazer uma série de concessões pra não perder os dedos. Para a reunião do G7 que está ocorrendo anunciou um pacote de 500 milhões de doses de vacinas do excedente produzido nos EUA, numa clara posição defensiva do imperialismo frente ao aumento da crise humanitária e social provocada pela pandemia no mundo inteiro, principalmente nos países periféricos.

O tão proclamado “giro à direita” com a eleição de Bolsonaro no Brasil, em 2018, caiu por terra. O que não se explica é que a esquerda frentepopulista e nacionalista burguesa, representada pelo PT, foi num vetor tão à direita nos seus 16 anos de governo, a ponto de Lula ter dado um discurso em pleno curso do golpe de estado em 2016, na Avenida Paulista, afirmando e reconhecendo que “não entendia porque queriam derrubar a presidenta Dilma, se no seu governo os banqueiros ganharam muito mais que nos governos anteriores do PSDB, de Fernando Henrique Cardoso”, que as massas não discerniram mais a política da esquerda colaboracionista com um fascista, que se apresentou como um candidato anti-sistema, na efêmera onda dos outsiders na política, com o agravante de que, mesmo assim, foi preciso cassar a candidatura de Lula e boa parte dos seus eleitores migraram para a candidatura de Bolsonaro.

Bolsonaro vê sua “popularidade” ser derretida, em locais públicos como no aeroporto de Vitória no Estado do Espírito Santo, em que montou uma provocação contra os passageiros de um avião e foi recebido aos gritos de “FORA BOLSONARO GENOCIDA!”

A CPI da Pandemia que está ocorrendo no Senado Federal revela um cada vez mais acirrado conflito entre as frações de classe da burguesia, com denúncias contra o governo Bolsonaro e seus membros, como o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazzuelo, que seriam motivos suficientes para serem condenados como verdadeiros criminosos de guerra. Um dos convocados a depor nas próximas semanas é o deputado federal Osmar Terra do MDB-RS, ex-ministro do golpista Temer, que está sendo acusado de ter montado um gabinete paralelo logo no início da pandemia do COVID19 no Brasil, e sustentado na “teoria” da “imunidade de rebanho” (num país em que este termo costuma a ser usado para se referir a gado, animais bovinos, ou ovinos agrupados pelo homem) desencadeou uma campanha contra o isolamento social, contra as vacinas, de que há um ano atrás o pico da pandemia já havia passado e comparou o COVID19 ao H1N1 (Globo, 10/06/2021).

A fratura exposta da burguesia em torno ao governo Bolsonaro está determinada na verdade pela crise histórica do capitalismo que se agravou com o advento da pandemia e que no Brasil se manifesta através do aumento da dívida pública, que cada vez mais compromete toda a riqueza nacional expressa pelo Produto Interno Bruto, aproximando-se de 100% desse comprometimento, combinada com o aumento da tendência às pressões inflacionárias, num quadro de quase 15% de desempregados, desindustrialização galopante, 40% de trabalhadores na informalidade, etc.

Esta divisão dos de cima, para um partido operário revolucionário significa uma situação favorável para a tomada do poder pela classe trabalhadora. É quando os trabalhadores agem enquanto classe para si. Para a esquerda colaboracionista significa se colocar a reboque, numa política de seguidismo a um ou outro setor da burguesia em crise. É nesse sentido que o PT e Lula trabalham buscando uma aliança eleitoral para o ano que vem, com Fernando Henrique Cardoso do PSDB e outros políticos de direita, carrascos dos trabalhadores, como atual prefeito da cidade do RJ, Eduardo Paes do DEM. Nesse mesmo sentido, Marcelo Freixo deslocou-se do PSOL para o PSB (um partido burguês que apoiou o golpe de estado em 2016) advogando uma frente popular sem limites à direita, a frente ampla, numa alegre união (alegria no futuro) entre golpistas e golpeados.

Enquanto isto, a PEC da Reforma Administrativa já foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal e já foi criada a Comissão Especial que irá analisa-la, tendo como principal item entre outros crimes o fim da estabilidade dos servidores públicos das três esferas do estado. É preciso organizar a GREVE GERAL de todos os servidores federais, estaduais e municipais para colocar abaixo mais esta infame medida anti-operária.

Como se não bastasse, Bolsonaro intensifica sua campanha criminosa em defesa do uso da cloroquina, da não utilização de máscaras e carrega na tinta contra a “ineficácia” das vacinas, aprovando a realização da Copa América no Brasil, para dar continuidade à sua política em defesa do grande capital da suposta “volta à normalidade”, nos marcos de um anúncio da seleção venezuelana de que já tem 6 atletas contaminados pelo COVID-19. É importante registrar a capitulação dos atletas da seleção brasileira que ensaiaram um movimento contrário à realização do torneio no país, mas foram tragados juntos com a comissão técnica pelo capital, que falou mais forte. Capital esse que não foi suficiente para subornar e corromper a funcionária da CBF que denunciou o presidente Rogério Caboclo de ter lhe oferecido 12 milhões de reais para abafar um crime de assédio moral e sexual contra a mesma.

As centrais sindicais declararam apoio ao 19J demonstrando um limite intransponível, pois deveriam ser elas as primeiras, as protagonistas em organizar, convocar e mobilizar nos locais de trabalho e moradia os trabalhadores.

Por isso e muito mais, é preciso ganhar as ruas no 19J na perspectiva de uma mobilização multitudinária das massas trabalhadoras e da juventude, que não se limite a um mero protesto nos marcos das ilusões eleitorais e parlamentares, mas que se constitua numa ampla organização de luta de todos os setores explorados da população para colocar abaixo o governo Bolsonaro/Mourão e o conjunto do regime político da burguesia, por um programa de defesa das nossas necessidades mais prementes, por um governo dos trabalhadores da cidade e do campo, pelo socialismo. FORA BOLSONARO/MOURÃO! JÁ