sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

LEIA O JORNAL TRIBUNA CLASSISTA Nº 33



Vide link: 

https://drive.google.com/file/d/1sH4J91bwRrx0EDcuhcY0p3ZGXiuBRJa4/view?usp=share_link 

França: a ruptura do Novo Partido Anticapitalista - NPA

Artigo extraído e traduzido do link: https://prensaobrera.com/internacionales/francia-la-ruptura-del-npa




O V Congresso do Novo Partido Anticapitalista (NPA), que foi o modelo dos "partidos amplos", concretizou a tão anunciada cisão da organização em duas metades, durante o primeiro dia de congresso na última sexta-feira. O motivo central da cisão é a vontade do setor liderado pelo NPA, maioria histórica do Secretariado Unificado (SU), de dissolver a organização dentro da frente “institucional” de centro-esquerda encabeçada por Jean-Luc Mélenchon, o Nupes; e a rejeição de um setor da esquerda do partido, liderado por L'etincelle (La Chispa) e Anticapitalismo y Revolución (AyR), a essa perspectiva aberta de colaboração de classes.

 A responsabilidade do Secretariado Unificado

O trabalho conjunto da antiga maioria do NPA com Mélenchon não é novo. Deve remontar, pelo menos, às candidaturas comuns às eleições na cidade de Bordéus em 2021, onde o principal porta-voz público do NPA, Philippe Poutou, foi eleito vereador e formou um bloco no complexo com os representantes de Mélenchon . Na ocasião, a integração de uma lista comum foi imposta pela direção nacional do NPA, apesar de a maioria dos militantes regionais ter votado contra.

 O acordo da liderança do NPA com Mélenchon foi replicado em todas as instâncias eleitorais. Primeiro, nos municípios da Nova Aquitânia, agregando um setor dissidente do Partido Socialista. Depois, na convocação para votar nas listas de Mélenchon em todas as eleições regionais onde o NPA não compareceu. Por fim, nas eleições presidenciais, retirando apenas no último minuto a proposta de integrar-se a Mélenchon, embora convocando a votar no Nupes nas legislaturas imediatamente posteriores.

 A política da maioria histórica do SU de convergência com Mélenchon não é, a rigor, uma virada, mas um passo lógico em sua linha de colaboração de classe. A autodissolução da antiga Liga Comunista Revolucionária (LCR, seção francesa do Secretariado Unificado) para dar lugar ao NPA, em 2009, foi precedida pela eliminação da estratégia da revolução operária, inclusive do programa!

O lançamento original do NPA respondeu à vontade da direção da SU francesa de enterrar definitivamente a construção do partido revolucionário para constituir uma assembleia “ampla”, com vista às manobras eleitorais. A LCR veio, embora aprofundando a sua adaptação ao regime, de uma “ascensão” eleitoral. Mas o experimento logo mostrou seus limites. A esquerda “tradicional” francesa (PC e PS entre outros), conseguiu uma inesperada recomposição nos cálculos da SU, que trouxe o NPA de volta a números eleitorais muito reduzidos.

 O colapso eleitoral do NPA repercutiu em um revés militante. Dos dez mil membros iniciais, reduziu-se para quatro mil, cifra que não parou de cair até chegar a dois mil neste último Congresso. A desmoralização face aos falsos atalhos eleitorais juntou-se a um setor de direita que, tirando todas as conclusões, saiu do NPA para abraçar a integração sem mediação no regime.

 O apoio do USec a variantes de fronteiras de classes difusas em todas as latitudes (Podemos na Espanha, Syriza na Grécia, PSOL no Brasil, Chavismo) teve sua correlação na França com a adaptação do NPA ao regime da Quinta República Francesa. O NPA, embora com oposição interna, convocou o ex-presidente François Hollande e o atual Emmanuel Macron a votar, invocando “o mal menor” entre as variantes burguesas reacionárias.

O SU prestou um serviço inestimável à burguesia ao bloquear, com seu tom eleitoralista, a construção de soluções revolucionárias. O que, por sua vez, contribuiu para o surgimento de revezamentos institucionais – como o que atualmente se cristaliza no Nupes. Não surpreende, portanto, que tenha sido o USec quem tomou a iniciativa de quebrar o NPA e entrar na manobra de Mélenchon, mesmo que isso o tenha levado a acabar com sua fachada democrática (partido "amplo") para preservar suas aspirações eleitorais . Estamos diante de uma força que há décadas abandonou o campo da revolução.

A proposta da "Plataforma C" (A Chispa e AeR)

 As forças atuantes no NPA que se dizem revolucionárias (A Chispa e AeR) estavam do outro lado da ruptura, opondo-se a um acordo com Mélenchon.

 Após o Congresso, esses grupos apresentaram um documento anunciando que assumirão a responsabilidade de continuar com o NPA, apesar da saída da maioria histórica do Secretariado Unificado. Sua Plataforma para o Congresso (denominada "C") também havia sido apoiada por pequenos núcleos ou grupos de esquerda.

 Nas assembleias preparatórias, que elegeriam delegados ao Congresso do NPA, a “Plataforma C” obteve 45,55% dos votos, e é muito possível que alguns setores que não a apoiaram acabem aderindo de qualquer maneira – principalmente na juventude. Os pontos fortes da Plataforma C advêm do pouco crescimento, o que contrasta com as dificuldades do SU. A sua inserção em ramos chave, como correios e transportes, e a sua presença em inúmeros distritos colocam o desafio de construir uma nova organização de âmbito nacional.

 Seu documento inicial se pronuncia pela "necessidade e possibilidade de construir um partido revolucionário, porque o rechaço dos patrões e, em última análise, à tomada do poder deles não se fará por meio de eleições". Tanto La Chispa quanto AyR rejeitaram oportunamente as várias convergências com Mélenchon, contrariando as resoluções da maioria da direção do NPA.

 A construção de um partido revolucionário no coração da Europa implica a necessidade de formular conclusões substantivas sobre a ruptura do NPA. O desvio eleitoralista do SU não se reduz a uma série de episódios. O acordo com Mélenchon é o corolário de uma estratégia deliberadamente não revolucionária. E, consequentemente, de um método não revolucionário de estruturação militante.

 O documento da Plataforma C afirma que “o NPA sempre se concebeu como um pólo de reagrupamento dos revolucionários, rumo a um partido revolucionário de trabalhadores e trabalhadoras”. Mas o NPA nunca foi além de um acordo de tendências com sua própria disciplina interna, onde conviviam perspectivas políticas divergentes. Na ausência de uma estratégia revolucionária homogênea que lançasse o partido na luta de classes como um só punho, o que prevaleceu foi o confinamento do NPA a um selo eleitoral. Sob o guarda-chuva comum, a maioria histórica do SU sempre imprimiu sua orientação e suas figuras públicas. Mesmo quando ele estava circunstancialmente em minoria.

 A reivindicação do NPA como “polo” para agrupar os revolucionários, deixando a construção do partido para um futuro difuso, corre o risco de reeditar - em outra escala - à mesma política que levou o NPA aos seus compromissos de classe, ou seja , abrem o jogo para pressões oportunistas para substituir a luta pela independência política dos trabalhadores.

A importância de uma delimitação revolucionária com o SU e restante da esquerda, e de um balanço minucioso do NPA, não contradiz a importância de utilizar todos os acordos táticos para alcançar a mais ampla unidade de ação, sobretudo face ao ativismo que ainda hoje coloca expectativas no NPA.

 Esta é a política promovida pelo Partido Obrero na Frente de Esquerda Unidade, na Frente de Luta Piqueteira ou no Plenário do Sindicalismo Combativo. Encorajamos qualquer passo real no movimento de luta, e o fazemos sem sacrificar nosso programa ou nossa estratégia. No quadro da frente única, desenvolvemos um debate franco com as correntes que a compõem, procurando esclarecer e definir as diferenças que nos separam.

 Ao abordar o plano internacional, a Plataforma C afirma que “por responsabilidade internacionalista, [chamamos] para lutar contra a fragmentação da extrema esquerda e do movimento revolucionário em escala global”. Acreditamos que aqui também é necessária uma delimitação com a esquerda.

 A grande maioria das forças que afirmam fazer parte da Quarta Internacional fazem parte ou apoiam as frentes de colaboração de classes em todos os países. No Brasil, o PSOL, com candidatos burgueses, desde sua origem. Na Alemanha, o Die Linke. Na Itália, o ex-prefeito de Nápoles Luigi De Magistris. Na Espanha, dissolveu-se em forças nacionalistas. A rejeição da frente com a burguesia é válida para a França... e para todas as latitudes. Caso contrário, a Plataforma C pode acabar reproduzindo em sua estratégia internacional exatamente o que criticou na maioria histórica da Secretaria Unificada no desmembramento do NPA.

 Nossa proposta

Em oposição à construção de formações eleitorais, voltadas para a obtenção de cargos parlamentares, propomos a constituição de partidos de combate da classe trabalhadora. É lá que se forjam os quadros, organizadores e tribunos socialistas. A etapa que está abrindo a guerra, acompanhada de crises e rebeliões, põe em evidência a questão do poder e clama pela construção de partidos revolucionários fundados na luta estratégica pelo governo operário e pelo socialismo.

 A dissolução política – mesmo entre forças que se dizem revolucionárias - em “partidos amplos”, sem uma estratégia comum, mina a estruturação política independente dos trabalhadores. É o terreno ideal para que a pressão da burguesia se infiltre e o oportunismo prospere, tanto no nível “nacional” quanto na luta por uma liderança mundial dos trabalhadores.

 Em uma ruptura, mais do que nunca, é necessário que as diferenças sejam resolvidas e discutidas abertamente, até suas últimas consequências. Os camaradas da Plataforma C, que propõem “a necessidade e a possibilidade de construir um partido revolucionário”, têm o desafio de priorizar a estratégia leninista e enfrentar as tendências que lutam para distorcer um genuíno reagrupamento.

 

 



TODO APOIO À GREVE DOS AERONAUTAS ATÉ A VITÓRIA

 


GUILHERME GIORDANO 

O Sindicato Nacional dos Aeronautas - SNA, representante dos trabalhadores da aviação regular realizaram assembleia no dia 15 de dezembro, após receberem proposta do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias - SNEA em relação à renovação da Convenção Coletiva de Trabalho 2022/2023 e deflagraram uma greve por tempo indeterminado.

Em assembleia on line realizada anteriormente, cerca de 70% da categoria já havia rejeitado a proposta patronal de 6.172 presentes e votantes, segundo o sindicato dos trabalhadores.

"A pauta de reivindicações dos aeronautas tem como pleito a correção das perdas inflacionárias em todos os itens econômicos e aumento real, haja vista o momento econômico positivo das empresas. Além disso, contém a manutenção na íntegra do texto vigente e melhorias nas condições de trabalho, tais como não ser computado no repouso do tripulante o tempo de deslocamento durante o pernoite." (https://www.aeronautas.org.br/cct-regular-proposta-do-snea-e-rejeitada-sna-convoca-aeronautas-para-assembleia-de-deflagracao-de-greve/)

A caracterização do SNA é: "Desde o início das negociações as empresas não se mostraram dispostas a atender às reivindicações da categoria".

Segundo o SNA: "A primeira proposta do Snea, rejeitada com quase 90% dos votos, atrelava o reajuste salarial pelo INPC à pauta de interesse patronal, como a venda voluntária de folga e a utilização dos dias destinados à ensino a distância para programação de voo.Na segunda proposta, também rejeitada pelos aeronautas, as empresas admitem conceder o reajuste pelo INPC em todos os itens econômicos, exceto diárias internacionais, além de assegurarem o serviço de hotelaria quando, na execução de escala, os limites de tempo em solo forem excedidos. Também especificaram regramento para antecipação do Passe Livre e propuseram a utilização de sábados, domingos e feriados para o início do gozo das férias. No entanto, os tripulantes entenderam que esta proposta não atende às expectativas e pouco versa sobre a pauta da categoria." 

No dia 22/12, em tentativa de acordo no Tribunal Superior do Trabalho - TST, o sindicato patronal ofereceu reajuste de 100% do INPC mais aumento real de 1% sobre as diárias nacionais. Os aeronautas rejeitaram a proposta exigindo a reposição total das perdas inflacionárias e aumento real  de 5% dos salários.

Nos aeroportos de Congonhas (São Paulo), Guarulhos (SP), Galeão, Santos Dumont (ambos no Rio), Viracopos (Campinas), Porto Alegre, Fortaleza, Brasília e Confins (Grande Belo Horizonte), os grevistas dirigidos pelo SNA se apresentam para trabalhar, mas não fazem a decolagem.

Dezenas de vôos estão sendo cancelados e começam a ser afetados às vésperas do Natal.

O Agrupamento Tribuna Classista entende que todas as organizações que falam em nome dos trabalhadores deveriam cercar de solidariedade a greve aeronauta e defender sua vitória que corresponderá ao atendimento das reivindicações dos trabalhadores, solidariedade esta que já tem um alcance internacional como é o caso USAPLA (União de Sindicatos e Associações de Pilotos da Latam Airlines), da Unpac (União Panamenha de Aviadores Comerciais), da Alpa (Associação dos Pilotos de Linha Aérea, Internacional), da Apla (Associação de Pilotos de Linhas Aéreas da Argentina). Viva a luta internacional dos trabalhadores! Trabalhadores do mundo inteiro, UNI-VOS!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

ABAIXO A PRIVATIZAÇÃO DA CORSAN NO RS



    GUILHERME GIORDANO
    
    A CORSAN, Companhia Riograndense de Saneamento, fundada em 1966, tendo atualmente o Estado do Rio Grande do Sul como acionista controlador com 99,99% das ações, foi leiloada a troco de banana, na bolsa de valores de São Paulo, a B3, no dia 20/12, conforme denúncia do SINDIÁGUA, Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgoto do Estado do Rio Grande do Sul. 

    Dos 497 municípios gaúchos, a CORSAN está presente em 317 deles "por meio da realização de estudos, projetos, construções, operações, exploração e ampliação dos serviços públicos de abastecimento de água potável e de esgotamento sanitário.", segundo o site sul21,ou seja, cerca de 70% de abrangência.

    Uma empresa com 56 anos de existência foi entregue, segundo o sindicato, num lance mínimo por uma gorjeta equivalente a 1 ano e 4 meses de arrecadação e 4 anos de lucro. Pasmem!

   O grupo AEGEA, que já atua em 9 municípios da região metropolitana, na forma de Parceria Público Privada - PPP, arrematou a empresa pelo valor de R$ R$ 4,151 bilhões, 1,15% acima do lance mínimo estipulado pelo governo: R$ 4,1 bilhões, quando que o valor patrimonial da empresa foi avaliado em torno de R$ 120 bilhões. Ou seja, a empresa toda foi arrematada por uma valor correspondente a 3,5% do seu valor real.

    O sindicato chegou a fazer um registro em cartório com alguns dias de antecedência do leilão prevendo que seria a AEGEA vencedora do mesmo "por suspeita de favorecimento".

    O presidente do sindicato, Arilson Wünsch, anunciou que existem quatro medidas liminares tramitando judicialmente pedindo a anulação do leilão e a assinatura do contrato prevista para 20 de março de 2023 não poderá ocorrer enquanto estas ações judiciais não forem julgadas. 

     Já houve determinação judicial mandando suspender por 90 dias o processo de privatização e exigência de que o governo do Estado e a CORSAN apresentassem "um estudo sobre o impacto socioeconômico trabalhista, previdenciário e social da privatização nos contratos de trabalho em vigência, assim como no destino dos contratos de trabalho e direitos adquiridos em caso de liquidação da empresa, inclusive em relação à Fundação Corsan." (site do Sul21), depois de acatados os argumentos do sindicato acerca dos prejuízos da privatização para os trabalhadores.
    
    Mas, os limites da luta no terreno judicial para os trabalhadores apareceram logo ali. A Procuradoria Geral do Estado - PGE contra argumentou a entidade sindical representativa dos trabalhadores afirmando que a mudança do controlador da empresa não afetará os contratos de trabalho firmados entre empregador e empregados, uma vez que, segundo a PGE, no próprio edital existe cláusula específica exigindo cumprimento por parte da empresa de acordo coletivo de trabalho, bem como todas obrigações trabalhistas em pleno vigor, valendo o mesmo para as obrigações patronais com o FUNCORSAN, fundo de pensão dos trabalhadores, regulamentadas pelo Plano BD nº 001, o que foi suficiente para o judiciário alterar seu posicionamento e liberar o leilão.
        
         O PT  e a maioria da esquerda no RS apoiaram oficialmente o candidato Eduardo Leite do PSDB no segundo turno das eleições contra o candidato do PL de Bolsonaro, Onix Lorenzoni. Dois direitistas fascistoides! A obrigação elementar de qualquer partido ou pessoa que fale em nome dos trabalhadores era esclarecer que não existia nenhum tipo de polarização política do ponto de vista dos interesses de classe social. Era seis por meia dúzia! 

 



     Sem falar que em 2021, ainda sob o comando de Eduardo Leite, foi dado o pontapé para  o Início do Processo de Desestatização e Oferta de Ações - IPO da CORSAN com o envio do Projeto de Lei 211/2021 para a Assembleia Estadual, a qual o aprovou e tendo sido logo após convertido em Lei Estadual nº 15.708/2021.
      A maioria da esquerda em nome da política de Frente Ampla (frentepopulismo) e do fantasma do fascismo transformou-se em avalista de mais um ataque do governo do PSDB de Eduardo Leite aos interesses dos trabalhadores.Esse é o resultado da famigerada política do MAL MENOR! Sempre quem acaba pagando são as massas trabalhadoras.
    É necessário que os sindicatos de base rompam com a política de subordinação dos interesses históricos dos trabalhadores aos interesses da burguesia e seus partidos políticos e convoquem uma Plenária Aberta dos trabalhadores no RS para aprovar uma deliberação política de derrotar a privatização da CORSAN, para coloca-la sob controle dos trabalhadores e pela revogação das privatizações como a da energia elétrica realizada por esse mesmo governo.  

    - NÃO À PRIVATIZAÇÃO DA CORSAN E REVOGAÇÃO DAS DEMAIS PRIVATIZAÇÕES DAS EMPRESAS ESTATAIS GAÚCHAS: CEEE - Companhia Estadual de Energia Elétrica, etc. 
         - FORA EDUARDO LEITE E O DELEGADO RANOLFO VIEIRA JÚNIOR!
       - POR UM GOVERNO DOS TRABALHADORES DA CIDADE E DO CAMPO






A LUTA DE OPERÁRIOS E OPERÁRIAS DA EDUCAÇÃO NO MUNICÍPIO DE PORTO ALEGRE

 



Eugênio Borges

As funcionárias e os funcionários em serviços gerais na educação do município de Porto Alegre representam a luta dos trabalhadores no decadente  sistema capitalista 

Tanto nas empresas terceirizadas, quanto na infame Cootravipa, o que se vê é a exploração capitalista com todas suas estratégias de opressão.

Em sua grande maioria mulheres, elas há anos são exploradas e aviltadas por um sistema  apodrecido que se utiliza delas para se manter .

A pseudo-cooperativa é mais uma prova de que dentro do sistema capitalista só há exploração dos parasitas sobre a classe trabalhadora.

Não dispondo de sindicato próprio e com quase nenhum apoio do sindicato dos municipários - SIMPA, nota-se uma pequena organização delas. Fizeram abaixo-assinado, conversam com as e os professores sobre a sua situação e contribuíram para as mobilizações do Fora Bolsonaro.

Viva a luta da classe operária!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

Saudamos daqui do Brasil a prosa operária de nosso companheiro Artigas Castelhano

        



Guilherme Giordano


           Artigas Castelhano, como lhe conhecemos no Brasil, ainda quando era militante da Convergência Socialista, morador da cidade operária de Alvorada. Foi através dele que conheci o Umbu, uma das maiores concentrações de negros do Brasil, e vários lutadores do movimento popular.

           Agora, o companheiro que retornou pra sua terra natal junto com seus familiares, Mercedes, no Uruguai, destilou toda a sua verve revolucionária para nos contar e relembrar da vida dos operários e operárias, hermanos e hermanas que militaram num passado recente e deixaram um legado pra luta de classe. 

            Que um camarada operário trotskista uruguaio, daqueles que irá morrer defendendo a IV Internacional e a luta e as ideias de emancipação política e social difundidas por Leon Trótsky, escreva este livro riquíssimo que fala do cotidiano de pessoas que deram a vida para defenderem o socialismo, num país em que a luta do proletariado foi tão intensa contra o regime de exceção e o golpe militar, em 1973, imposto pela burguesia e o imperialismo que chegou a render um livro e um filme do consagrado cineasta franco/grego, Costa-Gavras, que levou o nome de Estado de Sítio, é um motivo a mais para seguirmos lutando em defesa dos princípios quarta-internacionalistas, da revolução mundial do proletariado.

            A escritora brasileira Patrícia Galvão, consagrada como Pagu, na sua militância política revolucionária nos brindou em 1932 com a célebre obra-prima, Parque Industrial, contando a situação das mulheres operárias e a condição humana em que viviam nos bairros operários da ora pujante cidade de São Paulo em pleno processo de industrialização.

            Artigas Castelhano nos brinda com seus relatos operários de um país situado ao sul do continente latino-americano em que o seu proletariado já deu inúmeras demonstrações históricas que não foge de uma peleia contra os patrões e seus governos capitalistas. 

            A compreensão através da sua sabedoria do cotidiano desse proletariado certamente para o autor não é suficiente, pois se trata de um indômito e obstinado lutador pela transformação do mundo.
            
            Gracias por nos brindar com seus relatos operários, Artigas Castelhanos. Que venham outros pra enriquecer o nosso cotidiano.


segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

PERU: rebelião, repressão e crise no golpe

Extraído e traduzido do link:
https://prensaobrera.com/internacionales/peru-rebelion-represion-y-crisis-en-el-golpe





Por César Zelada - Dirigente de la Agrupación Vilcapaza

 Revogação do estado de emergência, libertação de Castillo e dos presos por lutarem

Golpe parlamentar e as botas militares e policiais

 A propaganda de direita condenou Pedro Castillo como um ditador, um Hitler em potencial, apesar de esse mesmo elenco antidemocrático o caracterizar como incompetente e impotente. Castillo não conseguiu sequer um guarda de trânsito para fechar o Congresso. Foi seu próprio chefe do Exército, Walter Córdova, quem promoveu o golpe que o destituiu e levou Dina Boluarte à presidência. Baseia-se no poder coercitivo das forças armadas. e a PNP, mas que tem o ex-general fujimorista e atual presidente do Legislativo, Willians Zapata, e a embaixadora ianque, Lisa Kenna, como coordenadores e líder político do golpe, respectivamente. Kenna era um oficial da CIA (Agência Central de Inteligência).

A embaixada ianque por trás do plano de golpe

 Na política não existem coincidências. Por isso não é por acaso que o decreto do Estado de Emergência foi emitido após a visita da embaixadora ianque a Dina Boluarte, a fim de convocá-la para impor a "ordem" burguesa a sangue e fogo. Antes da vaga (destituição) do professor Chotano (originário da cidade de Chota em Cajamarca), o ministro da Defesa, general de brigada aposentado Gustavo Bobbio, foi nomeado pelo presidente em 5 de dezembro e renunciou em 7 de dezembro. Naquele ínterim esteve com a embaixadora Lisa Kenna. A embaixada ianque desempenhou um papel na liderança política de todo o plano de conspiração do golpe. Isso deve ser incluído no quadro da guerra comercial dos Estados Unidos com a China e da guerra contra a Rússia, uma guerra que exige maior consumo dos minerais que nosso país possui.

 Castillo sempre se esforçou para fazer amizade com o imperialismo ianque (viagem à cúpula de presidentes com o presidente Biden, convocação da OEA para mediar o congresso golpista, etc.) recebendo seu apoio. Mas, apesar de seu caráter rastejante, o agravamento da crise mundial obriga a alinhamentos firmes e posições de força. E Castillo não pode garantir isso devido à sua fraqueza e imprevisibilidade. O dedo do império caiu, apoiando - e armando - o golpe.

A rebelião popular expressa a podridão do regime de exploração capitalista

 Para a propaganda que justificava o golpe de analistas reacionários fujimoristas como Jorge Morelli, haveria um plano insurrecional liderado pela extrema esquerda para desestabilizar o país. Também para o ex-chanceler de Fujimori, Francisco Tudela, “haveria uma ofensiva insurrecional que responderia a um plano das forças subversivas (SL, MRTA), para fechar o Congresso”.

 Um absurdo inigualável. O que estamos observando é uma inspiradora rebelião popular nas províncias do mundo andino-amazônico que enfrenta a coalizão golpista com um genocídio que ceifa a vida de mais de 20 jovens estudantes e trabalhadores nas regiões de Apurímac, Arequipa, Ayacucho , Huancavelica e Junín. Províncias muito pobres onde a desigualdade social é colossal.

 O governo golpista e os poderosos interesses mineiros

O Peru é um dos países mais importantes na produção de zinco, lítio, ouro, prata e cobre, entre outros minerais fundamentais, que são utilizados para a indústria bélica imperialista. A China tem três grandes mineradoras, como Chinalco, Las Bambas e Marcona; o império inglês é representado pela Angloamerican Company (que também é ligada ao JP Morgan); enquanto os interesses da Suíça se expressam na grande empresa Glencore, etc. Isso explica a declaração de apoio ao golpe dos EUA e da União Europeia. O Peru tornou-se um país de disputa diplomática e econômica internacional.

 Todas são empresas que fizeram negócios multimilionários e estão listadas na Bolsa de Valores de Nova York, enquanto o Peru foi caracterizado pela ONU como um "país com o maior índice de insegurança alimentar do continente".

Uma fissura no golpe?

 O CN DD.HH se manifestou contra o massacre repressivo. A renúncia dos ministros da Educação e Cultura do governo golpista denunciando a repressão policial-militar expressa a pressão das revoltas populares. O massacre popular está produzindo comoção nacional. Com diferentes slogans, a grande maioria propõe o fim do governo golpista.

 Os parlamentares, repudiados por 83% da população (IEP), relutam em deixar suas cadeiras e não aprovaram o projeto de lei enviado pela nova presidente Boularte, propondo eleições antecipadas. Ao assumir o cargo, propôs ficar até o final de seu mandato em 2026. Então, diante do desenvolvimento das revoltas populares, anunciou sua intenção de antecipar as eleições, primeiro para 2024 e depois para o final de 2023. Mas o projeto que ela enviou ao Congresso está sendo sabotado pela maioria de direita: apenas 49 parlamentares votaram a favor, 33 contra e 25 se abstiveram. A reforma precisa de 87 votos para depois ser ratificada em uma segunda legislatura ou 66 votos para ser submetida a referendo. A atual legislatura prorrogou seu período de sessões até 31 de janeiro, uma medida para atrasar ainda mais o avanço das eleições. Para o deputado Alejandro Cavero, do direitista Avanza País, "abrir espaço para um novo processo eleitoral para o ano que vem" significa "entregar o país aos que querem uma Constituinte e implantar o projeto chavista".

Em entrevista coletiva no Palácio do Governo, a golpista Dina Boluarte, que falou uma parte em quíchua, disse que "...não é possível que um grupo violento gere tanto horror...há um grupo que diz que Dina deve renunciar, que está resolvido…vamos ficar firmes aqui até que o Congresso avance as eleições, devemos nos preparar firmes para defender a democracia…aos irmãos de Abancay, Huánuco, que estão marchando pela paz…aos congressistas que estão dizendo a Dina para renunciar, você legisla com boas leis para o povo, fiscaliza sim, porque estamos cansados ​​ de corrupção... desde o governo de Dina Boluarte, eu empossei ministros... eu não sou corrupta, nunca roubei um único sol do Estado... Exijo que reconsiderem a votação da eleição antecipada…”(17/12).

 Há uma campanha da direita, através dos meios de comunicação, que afirma que Boularte é incompetente, que não tem conseguido enfrentar o "terrorismo" das mobilizações de massas anti-golpe, que demorou a decretar o Estado de Emergência e autorizando a intervenção militar na repressão, etc.

 Estão preparando uma eventual demissão de Boularte e sua substituição pelo presidente da Unicameral, general reformado "herói" da repressão fujimorista?

 Estará sendo gerado uma "fissura" entre Executivo e Legislativo golpistas? Este último, ao não querer aprovar a Lei das eleições antecipadas, estaria delineando como uma carta de substituição onde a direita assumiria diretamente a presidência e pretende ficar até 2026? Eles também criticam Boluarte porque ele não teria concordado plenamente e seu gabinete não é o que eles esperavam (tem uma composição maior de ministros do Partido Morado e Martín Vizcarra, além de pessoas ligadas a grupos de poder como Graña e Montero, etc. . ).

 Uma eventual ascensão ao poder do repressor Williams Zapata, como representante de um Congresso odiado pela maioria popular, colocaria lenha na fogueira do ódio popular ao regime.

 Por outro lado – como já denunciamos – uma possível eleição antecipada seria não apenas uma resposta à pressão da rebelião popular, mas também uma manobra política para desarmá-la. A saída democrática elementar é derrubar o governo golpista, libertar Castillo e todos os presos políticos e convocar uma Assembléia Constituinte Soberana. O resto são manobras continuístas para que o golpe se estabeleça no poder e busque uma “saída institucional”.

 Uma rebelião popular dinâmica

 Em Pichanaki e Puno eles apenas bloquearam as estradas, mas é fraco em Lima. A mobilização – com altos e baixos – é forte no interior do Peru. Embora seja verdade que, em Lima, a mobilização é fraca, o Estado de Emergência e o disparo de baionetas não podem impedir a mobilização popular. Lima sempre foi um "baluarte" das facções de direita, mas as mobilizações são limitadas. Acabam de invadir sedes sindicais (Confederação Campesina) e partidos de centro-esquerda (Nuevo Perú). A furiosa repressão é um sintoma de que eles temem o contágio de Lima e um surto social.

 Abaixo o Estado de Emergência! Por uma Assembleia Popular Revolucionária que impõe uma Assembleia Constituinte soberana!

 A rebelião popular fortalece a crise política dos de cima. É necessário ampliar as mobilizações populares contra o golpe. Em Lima, em particular, é imprescindível um universitário. É fundamental coordenar uma centralização e votar uma orientação à campanha de protesto pela revogação do Estado de Emergência e pela plena vigência das liberdades democráticas (de reunião, manifestação, etc.). Tire a polícia e o Exército das ruas. Solte Pedro Castillo e todos os detidos por lutar.

 Todas as organizações que se dizem dos trabalhadores e explorados devem se pronunciar publicamente nesse sentido. A federação dos trabalhadores (CGTP), os sindicatos camponeses, as federações estudantis, os movimentos de luta de bairro, etc. devem romper com qualquer política de colaboração com os governos no poder, apoiar e difundir ativamente a rebelião em curso e buscar a coordenação para uma Greve Geral nacional.

 Assembleias em sindicatos, fábricas e bairros para votar resoluções a esse respeito e organizar ações de denúncia e mobilização. Com a perspectiva de lutar por uma Assembleia Popular Nacional Revolucionária que rompa com a estratégia de colaboração de classes e proponha um Plano de Luta pelas reivindicações populares mais urgentes a partir da cessação do Estado de Emergência e respeito às liberdades democráticas e às necessidades sociais dos trabalhadores, aumento de salários ao nível da cesta básica familiar, plano de habitação popular para os sem-teto, nacionalização das alavancas fundamentais da economia (mineração etc.) para colocá-los para trabalhar sob um governo dos trabalhadores explorados e oprimido.

 Somente nessas bases, uma Assembléia Constituinte soberana (sem poderes paralelos) poderia ser uma realidade.

 


quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Brasil: frente ao bloqueio de vias dos bolsonaristas

 Traduzido e publicado do link: 

https://prensaobrera.com/internacionales/brasil-frente-al-corte-de-rutas-de-los-bolsonaristas


Por Rafael Santos

Pusilânime intervenção do lulismo

Desde a meia-noite de domingo, 30 de outubro, após encerrada a apuração dos votos que deu Bolsonaro como perdedor, começaram os bloqueios promovidos pelos seguidores do presidente. Isso foi diretamente encorajado pela negativa de Jair Bolsonaro em reconhecer publicamente sua derrota.

 O silêncio do presidente entrou em contradição com declarações como o atual vice-presidente, o general Hamilton Mourão, saudando Geraldo Alckmin, o vice-presidente eleito e se colocando à sua disposição para a transição. Lula rapidamente recebeu o apoio do presidente norte-americano, Joe Biden, e de vários representantes imperialistas.

 Os bloqueios de estradas estão se espalhando, chegando a cerca de 250.

 O STF ordenou dissipa-los. Mas isso tem sido feito lentamente. O governador de São Paulo apenas na terça-feira ao meio-dia – que “a partir de agora” se propôs a realizar o desbloqueio.

 Minutos atrás, Bolsonaro quebrou o silêncio pela imprensa: ele anunciou indiretamente que a transição será feita, mas não reconheceu explicitamente sua derrota. Ele também pediu que seus seguidores não seguissem os métodos violentos da esquerda.

 Mas assim que sua declaração foi retirada, os piquetes declararam que permaneceriam nas estradas, apelando ao Exército para intervir em seu apoio.

 O que mais se destaca nesse quadro da situação é o comportamento pusilânime de Lula e do PT que espera que a presidência do STF e o imperialismo mundial levem a desfazer essa ação golpista da direita bolsonarista. A CUT, uma burocracia sindical lulista, saúda a “firme decisão do STF contra o motim”, ao invés de mobilizar as organizações de trabalhadores, como começaram a fazer moradores de algumas favelas e alguns setores operários.

 É uma política temerosa de capitulação, que segue o padrão de falta de resistência dos trabalhadores organizados por parte do lulismo durante os 4 anos de Bolsonaro.

 A direita bolsonarista está tentando preparar o terreno para o próximo governo, como os carapintadas fizeram na Argentina sob o governo de Raúl Alfonsín (que obteve importantes concessões: lei da obediência devida e ponto final, etc.).

 A independência política dos trabalhadores frente  ao novo governo é um ponto imperativo e central para a futura luta das massas.



segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Brasil: uma primeira prévia da vitória de Lula no segundo turno eleitoral

Artigo traduzido do link: 

https://prensaobrera.com/internacionales/brasil-un-primer-adelanto-sobre-el-triunfo-de-lula-en-la-segunda-vuelta-electoral


Redação do Prensa Obrera 

Os dados finais (99,99% das urnas apuradas) mostram que Lula da Silva venceu a eleição por 50,90% dos votos contra 49,10% de Bolsonaro, uma diferença de apenas 1,80 ponto. Muito abaixo do que os pesquisadores anunciaram nos dias anteriores.

Mas, enquanto Lula cresceu quase 2 milhões de votos em relação ao primeiro turno, Bolsonaro diminuiu a diferença e aumentou seu voto em cerca de 6 milhões. Além disso, o candidato bolsonarista venceu com 55% dos votos contra o candidato do PT ao governo estratégico de São Paulo.

Há dois fatores centrais a serem considerados. A primeira é a política de desmobilização social e adaptação à direita que Lula insistiu neste mês. Simone Tebet, que havia ficado em terceiro lugar no primeiro turno com 4,16% dos votos, e Ciro Gomes, quarto com 3,04%, não contribuíram com quase nada para a fórmula petista de Lula, à qual deram seu apoio. Serviram apenas para pressionar mais a campanha do PT em direção a uma política de compromisso com a classe capitalista. Os debates foram caracterizados por insultos, mas as demandas da população explorada se destacaram pela ausência, enquanto Lula insistiu em dar sinais tranquilizadores ao establishment nacional e internacional. Sob essa pressão, Lula declarou um grito de guerra contra o direito ao aborto

Isso foi explorado por Bolsonaro para lançar uma série de propostas demagógicas com conteúdo social. Anunciou o aumento do salário mínimo a partir de 1º de janeiro e seu compromisso de que não ficará abaixo da inflação, juntamente com um pacote de medidas (plano habitacional, aumento adicional de subsídios). Enquanto isso, Lula se dedicou a pontificar sobre a luta entre amor e ódio e as virtudes das instituições democráticas.

Nos últimos dias, o apoio do grande capital brasileiro e imperialista a Lula tornou-se mais ativo. The Economist , prestigiada revista imperialista, falou das vantagens de Lula em preservar as instituições do Estado contra o aventureirismo trumpista de Bolsonaro. As potências da OTAN manifestaram seu favoritismo ao líder petista que ofereceria mais garantias em um momento em que a guerra passou a dominar o cenário mundial do que um Bolsonaro, imprevisível no governo.

Mas ao contrário da eleição anterior, em 2018, desta vez não houve mobilização popular contra Bolsonaro, porque foi bloqueada pela política de contenção de Lula de "não cair em provocações". O “Ele Não”, que levou dezenas de milhares de mulheres às ruas em 2018, desta vez não ocorreu e era de se esperar que isso não acontecesse após a condenação do aborto e os acenos de Lula à reação clerical.

O enviado especial do Clarín para acompanhar este processo eleitoral no Brasil caracterizou (29/10) que a situação socio-econômica vai piorar e “Lula ou Bolsonaro terão que escolher para onde irá o bisturi. A operação (de ajuste) é inevitável e também os custos políticos”. Para esse analista, Lula "tem maiores possibilidades de realizar o ajuste devido às raízes que mantém com os setores mais vulneráveis".

É por isso que o grande capital tem dado seu apoio. A maioria da grande burguesia e do imperialismo mundial optaram por uma política de "frente popular" com Lula.

Diante desse cenário, o desafio dos trabalhadores e da esquerda no Brasil é defender a independência da classe trabalhadora do governo Lula-Alckmin, organizar a luta contra o ajuste severo que está por vir e recuperar as conquistas arrebatadas (reforma trabalhista e previdenciária etc.) no período Temer-Bolsonaro. O fato de o PT ser minoria no Congresso, assim como os governos conquistados por Bolsonaro, serão usados ​​como justificativas pelo novo governo para concordar com a direita e estrangular reivindicações e demandas populares. Lula tentará impedir uma intervenção de luta independente com o mesmo refrão que o fascismo está à espreita e não foi eliminado. Mas o esmagamento da reação fascista anda de mãos dadas com a luta triunfante dos trabalhadores por suas reivindicações.

De imediato, a burguesia brasileira usará o resultado eleitoral apertado para ganhar terreno em relação ao líder petista e exigir definições sobre os rumos do novo governo e a composição do gabinete, em primeiro lugar, quem ocupará o ministério estratégico da Economia.