quinta-feira, 17 de junho de 2021

Fora Bolsonaro/Mourão e o regime corrupto e anti-operário!

 Artigo extraído do site do Partido Obrero da Argentina




Em 19 de junho, o Brasil se mobiliza

Por Rafael Santos

 No próximo sábado, 19 de junho, será realizado no Brasil um dia nacional de luta contra o governo Jair Bolsonaro e suas políticas anti-operárias e anti-populares de saúde e sociais. Ocorrerá em cerca de 300 das cidades mais importantes do Brasil. Também será acompanhado de atos públicos e eventos em frente às embaixadas brasileiras ao redor do mundo. Na Argentina, a Frente de Esquerda e Unidade convocou um ato público em frente à Embaixada do Brasil às 13h30 do próximo sábado.

 

 

 O Brasil está prestes a atingir o trágico recorde de meio milhão de mortes pela pandemia de Covid. Vários analistas mostraram que isso não era inevitável: o número de fatalidades poderia ter sido significativamente menor. Todo o sistema de saúde está em colapso. Não faltam apenas vacinas para imunizar a população, mas também instrumentos e medicamentos para lidar com ela (oxigênio, respiradores, terapias intensivas, etc.).

 E a atitude de Bolsonaro e de seu regime é afirmar que não é tão ruim: que os governadores "inflaram" as estatísticas de mortalidade. Em vez de mobilizar o país para o enfrentamento da pandemia, opõe-se às medidas de quarentena e ao uso de máscaras. Ele diz que é uma "gripezinha" e aconselha remédios caseiros para tratá-la.

 Do ponto de vista social, no final do ano passado havia suspendido os subsídios aos desempregados que não possuem nenhum tipo renda garantida. Ele teve que restabelecê-los, por valores menores, devido à forte pressão social. Só agora esse subsídio aumentaria para 250 reais por família.

 O Senado é cúmplice deste crime contra a humanidade. Ele formou uma comissão para investigar se a política do chefe de estado em face da pandemia foi (e está sendo) correta. Enquanto milhares continuam morrendo todos os dias e as pessoas exploradas estão afundando na miséria social. Aqui, rege a máxima que Perón levantou uma vez: se um governo quer que sua política questionada não seja modificada em nenhum assunto, deve formar uma "comissão para investigá-la" e para que o tempo passe e dê em nada.

 Este dia é precedido pelas mobilizações populares que aconteceram em várias cidades no dia 29 de maio. Dezenas de milhares foram às ruas: correntes de esquerda, ativistas sindicais, movimentos feministas e assim por diante.

 As grandes ausentes foram as centrais operárias lideradas pela burocracia sindical (CUT!) e o PT, que boicotou esta jornada de luta. Setores do sindicalismo e do PT que se esforçaram não só para não participar, mas também ativaram o boicote. Lula (o ex-presidente e líder do PT) não abriu a boca, não falou. Porque é contra os trabalhadores pararem, mobilizar e aplicar medidas de ação direta. Sua anunciada “estratégia” é não cair em “provocações” e se concentrar na derrota de Bolsonaro nas eleições de outubro de 2022. Ele se tornou um fator claro na desmobilização das massas.

 O impacto da jornada de luta de 29 de maio foi, basicamente, um produto da esquerda e da juventude e do ativismo sindical que o tomou em suas mãos. E foi uma reação direta à paralisia da CUT e de outras centrais operárias burocráticas. Eles haviam entregue as ruas em 1º de maio para Bolsonaro. Enquanto as centrais faziam um “streaming” de conciliação de classes, trazendo como protagonistas a personagens como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e outros políticos burgueses reacionários, Bolsonaro mobilizou a milhares de simpatizantes direitistas com uma clara linguagem de luta de classes, contra os trabalhadores e a esquerda. O da CUT foi um ato a favor de uma “frente ampla” para as eleições de 2022.

 Foram as maiores mobilizações desde a ascensão do Bolsonaro em 2019. E o que ficou claro - para todos os ativos de vanguarda - é que exigia continuidade. Seguindo a política de contenção e eleitoralismo do PT, as burocracias das centrais sindicais resistiram à convocação de novas medidas de luta. Em suas reuniões intercentrais, "não houve consenso". Mas o temor de que uma nova Jornada Nacional de Lutas se repetisse, não só sem o apoio das centrais, mas denunciando diretamente a passividade colaborativa de suas burocracias, obrigou-as a convocarem para o 19J. Um líder do PT afirmou: “Temos que ser criativos nas formas de luta, mas não podemos nos retirar das manifestações”. Finalmente, a burocracia "concordou" no sábado, dia 19, embora algumas burocracias anunciaram (acrescentando?) suas próprias concentrações na sexta-feira, dia 18.

 Mas esse líder está "errado". Você não precisa ser "criativo": precisa voltar aos "velhos" métodos de luta. É necessário um plano nacional de luta com greves e marchas para uma greve geral. A ação da classe trabalhadora irá explodir o sistema bolsonarista.

 Fora o Bolsonaro, o Mourão e todo o regime anti-operário e corrupto!

 Praticamente "todos" que se mobilizarão neste sábado 19 o farão sob o lema "Fora Bolsonaro!" Mas existem duas maneiras de abordar isso. A de Lula, do PT e das burocracias das centrais sindicais, que propõem "desgastar" Bolsonaro para destituí-lo nas eleições de outubro de 2022, formando uma "frente ampla" com setores das classes dirigentes, com clara trajetória reacionária (uma mudança Gatopardista que deixa de pé a estrutura econômico-social de exploração e entreguismo). E se a situação sair do controle, por em marcha - o que Lula várias vezes declarou que não quer - um impeachment no Congresso para substituí-lo de forma “institucional”.

 A outra é a de grande parte da juventude e do ativismo sindical que não quer esperar um ano e meio, em meio a um massacre sanitário, social e repressivo. Não se trata apenas de derrubar Bolsonaro, mas também de sua continuidade: o vice-presidente, general Hamilton Mourão e o regime corrupto que o apoia. Fora Bolsonaro/Mourão e o regime corrupto! E o objetivo deve ser, não substituir o bolsonarismo por um "novo regime" com políticos burgueses reacionários e anti-operários.

Precisamos de uma frente única de todas as correntes operárias e de esquerda que lutem por um plano de luta nacional com medidas contínuas e crescentes em direção a uma greve geral. Por um subsídio de 600 reais - para quem não tem uma renda salarial formal - pelo período de duração da pandemia. Revogação das reformas trabalhistas e previdenciárias anti-trabalhador. Por um salário mínimo vital. Por um plano de ação centralizador da medicina privada (sanatórios, indústria farmacêutica) pelo Estado, para enfrentar a catástrofe pandêmica: triplicar o orçamento da saúde sob o controle direto dos profissionais e trabalhadores da saúde. Tomar todas as medidas de quarentena necessárias até que o sistema de saúde seja colocado em operação.

 A juventude e o ativismo operário podem "usar" o dia nacional de luta do 19J para fazer avançar a organização independente dos trabalhadores e explorados. Assembléias, coordenações, plenárias, preparando o terreno para um grande congresso operário nacional que organize a resistência e promova um plano nacional de luta.