segunda-feira, 30 de novembro de 2020

BOLETIM DOS SERVIDORES UNIDOS DO ALEGRETE nº 2

 

NÃO AOS 14%!!


O grupo Servidores Unidos do Alegrete, formou-se a partir da necessidade de mobilização diante do envio para a Câmara Municipal do projeto 036/2020 que aumentava a alíquota do RPPS de 11 para 14%. Tendo em vista a enorme distorção e a disparidade de salários entre os servidores da Prefeitura, onde muitos ganham muito abaixo dos salários dos mesmos cargos no mercado de trabalho; instalou-se um processo de mobilização da categoria frente aos poderes Legislativo e Executivo para a derrubada desse projeto e não à implementação do aumento da alíquota para 14%.

 Esse grupo formou uma Comissão que foi atrás da legislação vigente e da Emenda 103 que ocasionou a reforma da previdência que prejudica milhares de trabalhadores com suas regras novas e prazos mais longos ainda para a aposentadoria, e que acabou também incluindo os servidores federais, estaduais e municipais, o que resultou nas modificações que foram feitas nas três esferas do estado, ao longo desse ano.

Porém, no âmbito do Estado do Rio Grande do Sul foi aprovado um escalonamento que começou dos 7,5% proporcional aos salários dos servidores. Diante desse quadro, a Comissão procurou os poderes Legislativo e Executivo e expôs os principais motivos pelos quais os servidores estavam contra os 14%, principalmente em razão do salário que muitos cargos ainda recebem, sem nenhum aumento real há muito tempo e com a previsão de congelamento até dezembro de 2021, como prevê o Projeto de Lei 145/2020,  de todos os rendimentos e benefícios dos servidores em todas as esferas.

Houve várias reuniões com os vereadores e com o Prefeito onde também expusemos a inércia da atual diretoria do Sindicato dos Municipários de Alegrete que deveria estar liderando essa luta contra os 14%, mas há quinze anos com o mesmo presidente que não procura diálogo, nem dá nenhuma satisfação para os servidores, muito menos procura encabeçar as principais demandas do categoria, além de se perpetuar no poder não abrindo espaço para uma nova direção que possa seguir no comando do Sindicato, recuperando o Sindicato para as pautas emergenciais dos servidores, nos marcos de uma situação que cada vez mais precisa-se de um movimento contra todos os retrocessos que já estão em vigor e os que ainda estão por vir, como a reforma administrativa, que certamente virá com força total aniquilando os direitos já adquiridos com tanta luta pelos servidores.

Também foi exposto diversas formas de escalonamento que mesmo com o déficit atuarial, a Emenda 103 permite. Depois de muita pressão nas sessões online foi derrotado o projeto original 036, sendo vinculada uma emenda substitutiva com escalonamento que começa por 11% para os servidores que ganham menos, nestes marcos constituindo-se numa vitória parcial da categoria.

Porém, o projeto foi vetado pelo Prefeito e a Câmara derrubou o veto, mas o Prefeito recorreu ao Tribunal de Contas que deu um parecer contra a emenda substitutiva em razão de alguns cálculos e decretou que continuasse os 11% até que seja elaborado um novo projeto e entrar em votação na Câmara.

Agora, logo após a sua reeleição, o Prefeito Marcio Amaral já mandou um novo projeto a ser votado em regime de urgência na Câmara de Vereadores. Neste projeto, a alíquota passa novamente para 14% para todos os servidores. Continuaremos a nossa luta contra esse projeto e reafirmando que os servidores possuem em vários cargos, como cozinheira, serventes, atendentes, garis, salários muito abaixo para garantir a sua sobrevivência física, ainda mais num período que estamos vivendo, numa pandemia e com os salários congelados e sem qualquer beneficio ou aumento real previsível.

Convocamos novamente os servidores a dizer NÃO para esse projeto que claramente irá prejudicar as condições de vida dos servidores, arrochando ainda mais, principalmente os que ganham menos.

Vamos voltar a pressionar os vereadores, nas sessões online e botar a boca no trombone em todos os meios que forem necessários, principalmente a mobilização de rua com passeatas, panfletos, cartazes, atos públicos, greve, mostrando o porquê eles devem votar NÃO AOS 14%. A luta não está perdida e mesmo sem o apoio do Sindicato estamos firmes e fortes e dispostos a lutas realmente pelas demandas dos servidores que tanto carece de lideranças e de mobilizações, mesmo não estando por enquanto à frente do Sindicato que deveria nos representar e NÃO nos representa, não vamos arredar um passo atrás na busca pelos nossos direitos e que eles não sejam retirados.

Por um dia de paralisação contra os 14% rumo à greve por tempo indeterminado.

NÃO AOS 14%

A LUTA CONTINUA!!

 

domingo, 29 de novembro de 2020

DECLARAÇÃO POLÍTICA DO AGRUPAMENTO TRIBUNA CLASSISTA FRENTE AO 2º TURNO DAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS





PELA INDEPENDÊNCIA POLÍTICA DOS TRABALHADORES FRENTE A TODAS AS VARIANTES POLÍTICAS BURGUESAS E PRÓ-IMPERIALISTAS NO 2º TURNO DAS ELEIÇÕES 


Nos marcos de uma pandemia que recrudesceu, com 176 mil mortes, 501 mortes/dia, 34 mil contaminados/dia e uma taxa de desemprego que atinge, segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do IBGE, 14,6% por conta de alta de 1,3% no terceiro trimestre,  ocorrerá o 2º turno das eleições municipais em 57 cidades do país, sendo que em 18 capitais. 

Todos os partidos que compõem o regime político, da extrema direita, passando pela centro-direita até aqueles que se dizem oposição da centro-esquerda e esquerda (esses funcionam como uma válvula de escape do regime), fizeram campanha explicando a importância do voto, num país que em 2016 mais de 54 milhões de votos obtidos pela candidatura vitoriosa foram totalmente desconsiderados e isso não foi nem de longe um óbice impeditivo para que ocorresse um golpe de estado.

No entanto, com toda a propaganda e a tentativa de impor o retorno à chamada normalidade da vida pelo governo genocida de Bolsonaro com a complacência e colaboração da "oposição" através das eleições, uma média de mais de 30% do eleitorado absteve-se, votou em branco ou nulo, o que corresponde a mais de 45 milhões de eleitores, de um total de quase 150 milhões.

O resultado das eleições no 1º turno sem dúvida nenhuma expressa uma fragorosa derrota do governo Bolsonaro e do bolsonarismo, que já havia dado mostra do enorme receio de testar sua popularidade visando as eleições presidenciais de 2022. A iniciativa da tentativa de obter o registro do Aliança pelo Brasil no TSE foi tão somente uma manobra que anteviu o seu fracasso. 

O Aliança pelo Brasil foi um mecanismo descartável para tentar dissimular e pulverizar o total descontentamento da população expresso limitadamente numa urna com a conduta de um presidente e de um governo que estimulou o contágio e as mortes consequentes por conta da pandemia, fazendo campanha aberta contra o isolamento social, contra a quarentena, contra a proteção dos EPIs e EPCs, contra os testes massivos, contra a vacinação, enfim de um governo que contribuiu para que o país seja hoje um dos campeões em contágios e mortes pela pandemia.

O PT não elegeu nenhum prefeito nas capitais e nas 100 maiores cidades no 1º turno, e concorrerá no 2º turno apenas em Recife e Vitória, confirmando sua passagem de protagonismo eleitoral para uma situação de mero coadjuvante, como é o caso de Porto Alegre, cidade em que governou durante 16 anos seguidos, o que já havíamos previsto.

A política de frente popular é uma mercadoria descartável, que a burguesia e o imperialismo utilizam eventualmente num momento de profunda deterioração política dos seus partidos, num momento em que perde totalmente a hegemonia do regime político e precisa emergencialmente acalmar o ânimo das massas. Nesse momento está de molho, porque pode ainda ter que vir a ser uma tábua de salvação não obstante as margens de manobra estarem se tornando cada vez mais precárias no curso da crise mundial. 

Na inexistência de um partido operário revolucionário, a conciliação de classes pode ser o método mais eficaz para a manutenção do regime político da burguesia, como já experimentamos nos oito anos de mandato de Lula na presidência e na primeira gestão de Dilma Roussef.

O PSDB, embora tenha a chance de manter a prefeitura de São Paulo através da candidatura de Bruno Covas, junto com o MDB foram os partidos que perderam o maior número de prefeituras. O golpismo desses dois partidos está jogando-os do palco para a plateia.

O chamado Centrão, composto pelo DEM, PP  e PSD foi vitorioso no 1º turno, invocado e saudado pela burguesia como a volta da "política tradicional". Sinais de que passa a ser definitivamente o eixo gravitacional do regime político na requalização das forças políticas. Papel esse que já havia sendo cumprido no interior do Congresso Nacional sob o comando de Rodrigo Maia (DEM). 

O voto no Centrão precisa ser descasado do governo Bolsonaro, embora saibamos que todos os crimes desse governo passaram pelo mesmo dentro do Congresso Nacional. O alardeado giro à "direita" não durou dois anos de mandato da "usina de crises políticas", segundo seus próprios aliados, que se converteu o governo Bolsonaro, mesmo antes de tomar posse.

É nas mãos do Centrão, por outro lado, que passará o eixo político do governo Bolsonaro no próximo período. A pretexto do déficit fiscal, a Reforma Administrativa que atingirá os servidores atuais das três esferas do estado: federais, estaduais e municipais, inclusive com possibilidade de demissão em massa, foi a grande ausente dos debates nessas eleições, omitida pela direita e pela esquerda (no interior dessa já há precedentes, como a Reforma da Previdência que foi defendida pelos governadores do PT e PC do B).

A eleição no RJ é a que melhor ilustra o caso do PSOL. Depois de ter lançado um ex-comandante da PM candidato a vice-prefeito naquela capital, a manchete do site UOL do dia 23/11 não deixa margens à tergiversação: "Paes sela apoio de bolsonaristas enquanto comemora votos do PSOL" (https://noticias.uol.com.br/eleicoes/2020/11/23/paes-apoio-bolsonaristas-comemora-apoio-psol-unica-opcao.htm?cmpid=copiaecola0)

Eduardo Paes é candidato pelo DEM, principal partido do Centrão, e já governou a cidade do Rio do Janeiro tendo atacado profundamente os trabalhadores. Em São Paulo, Boulos pode ganhar as eleições com Luiza Erundina de vice-prefeita (Secretária da Administração do governo Itamar que entregou a CSN por moedas podres e que durante o seu governo na prefeitura de São Paulo reprimiu e demitiu os rodoviários que realizaram uma greve histórica, tendo rompido com o PT pela direita, filiando-se no golpista PSB). Boulos já se distanciou daqueles que demonizam  o capital, acalmando os empresários que financiam a sua campanha e tiraram até manifesto publicamente de apoio. O mesmo PSOL das mãos limpas de Luciana Genro, deputada estadual no RS.

O PC do B dispensa comentários. No Maranhão, o governador Flávio Dino apoia o candidato bolsonarista do Republicanos. Em Porto Alegre, Manuela já subiu no palanque com Ana Amélia Lemos, senadora na época do grupo RBS, da FIERGS e da FARSUL. Um partido que cumpriu um papel chave para a transição da Nova República de Sarney, controlando a UNE e as entidades estudantis e organizando bate-paus na CGT de Joaquinzão para dividir o movimento operário e atacar a esquerda que estava construindo a CUT. Sua "central sindical", atualmente, a CTB tem um caráter pró-patronal. 

O PDT de Ciro Gomez disputa com grandes chances de vitória a prefeitura de Fortaleza apoiado pelo governador do PT, Camilo Santana, desde o 1º turno. Este, por sua vez, rifou a candidatura de Luizianne Lins do PT, caracterizando esta candidatura como laranja de apoio à política de Frente Ampla. O lema "todos contra Bolsonaro" se estendeu para o candidato apoiado por Bolsonaro, que esforça-se a todo tempo de omitir esse apoio.

A Coluna do Estadão, do dia 28/11, leva o título de "Direita busca prumo sem 'bigorna' Bolsonaro" referindo-se à reunião de integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL) e do PSL (sigla a qual Bolsonaro utilizou para se eleger em 2018 e uma das mais cogitadas para sua filiação visando as eleições de 2022) que teve como objetivo fazer um balanço das eleições e buscar um consenso fora do bolsonarismo, segundo o jornal. Júnior Bozzela do PSL afirmou nessa reunião: "O bolsonarismo virou uma âncora, está muito desgastado. Estamos planejando agora os próximos passos, temos de nos reinventar. A gente quer criar um movimento alternativo."

Nestas condições, frente a uma morte anunciada por seus próprios pares, enquanto Bolsonaro e o bolsonarismo caminham para o abismo, setores da própria burguesia estão se encarregando de enterra-lo, está em marcha a formação da Frente Ampla para 2022, em torno de Lula ou de Ciro Gomez. A própria palavra-de-ordem Fora Bolsonaro para setores da esquerda converteu-se em um inofensivo Feliz 2022! Para outros, um punhado de sábios professores, que vivem dando lições aos operários e às operárias, converteram uma operação fraudulenta que está em curso com o apoio e cobertura da esquerda e centro-esquerda em uma perspectiva "classista". Estes sábios de gabinetes confundem propositadamente doutrina com princípios. Truque de uma pequena-burguesia escolástica e parlamentar que não sofre as consequências sociais das mais nefastas desse regime político que é a própria fraude dos interesses das massas pauperizadas e exploradas. 

É preciso organizar a luta dos trabalhadores de maneira independente da burguesia e seu regime político com os métodos classistas que lhe são próprios e não podemos aceitar o adiamento dessa luta para daqui a dois anos nas urnas. Votamos criticamente no PSTU no 1º turno e nossa posição nesse 2º turno é pela defesa da independência de classe dos trabalhadores frente a todas as alternativas burguesas e pró-imperialistas, seja de direita, ou da centro-esquerda, expressa nas candidaturas do PSOL, PT, PDT e PC do B, na perspectiva da luta por um governo dos trabalhadores da cidade e do campo.

" (...) Dá-se com a doutrina de Marx, neste momento, aquilo que, muitas vezes, através da História, tem acontecido com as doutrinas dos pensadores revolucionários e dos dirigentes do movimento libertador das classes oprimidas. Os grandes revolucionários foram sempre perseguidos durante a vida; a sua doutrina foi sempre alvo do ódio mais feroz, das mais furiosas campanhas de mentiras e difamação por parte das classes dominantes. Mas, depois da sua morte, tenta-se convertê-los em ídolos inofensivos, canonizá-los por assim dizer, cercar o seu nome de uma auréola de glória, para 'consolo' das classes oprimidas e para o seu ludíbrio, enquanto se castra a substância do seu ensinamento revolucionário, embotando-lhe o gume, aviltando-o. A burguesia e os oportunistas do movimento operário se unem presentemente para infligir ao marxismo um tal 'tratamento'. Esquece-se, esbate-se, desvirtua-se o lado revolucionário, a essência revolucionária da doutrina, a sua alma revolucionária. Exalta-se e coloca-se em primeiro plano o que é ou parece aceitável para a burguesia.(...)Essa observação critica do parlamentarismo, feita em 1871, deve à hegemonia do social-patriotismo e do oportunismo a sua inclusão entre as 'páginas esquecidas' do marxismo. Ministros e parlamentares de profissão, renegados do proletariado e socialistas 'de negócios' contemporâneos deixaram aos anarquistas o monopólio da crítica do parlamentarismo e classificaram de 'anarquista' toda crítica do parlamentarismo! (...)  O meio de sair do parlamentarismo não é, certamente, anular as instituições representativas e a elegibilidade, mas sim transformar esses moinhos de palavras que são as assembleias representativas em assembleias capazes de 'trabalhar' verdadeiramente. A Comuna devia ser uma assembleia, 'não parlamentar, mas trabalhadora', ao mesmo tempo legislativa e executiva. Uma assembleia 'não parlamentar, mas trabalhadora', escutem bem, seus 'totós' parlamentares da social-democracia moderna! Reparem em qualquer país de parlamentarismo, desde a América à Suíça, desde a França à Noruega, etc.: a verdadeira tarefa 'governamental' é feita por detrás dos bastidores, e são os ministérios, as secretarias, os estados-maiores que a fazem. Nos parlamentos, só se faz tagarelar, com o único intuito de enganar a 'plebe'. " (Lênin, O Estado e a Revolução, 1917)

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

DECLARAÇÕES DE JOGADORES E TREINADORES DE FUTEBOL EM HOMENAGEM A DIEGO MARADONA


 

"No campo, um Deus; na vida, um ser humano". Paulo Roberto Falcão

"Não importa o que você tenha feito da sua vida, importa o que você fez por nós." Pepe Guardiola

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

HASTA LA VICTORIA SIEMPRE, DIEGO ARMANDO MARADONA FRANCO


 Carmanim Elizalde


Nossa homenagem a Maradona, por ter sido um dos Charles Chaplin do futebol da genialidade de Pelé e Garrincha.


Obrigado por ter derrotado no campo o imperialismo inglês, deixando um exemplo que não somente podemos expulsa-lo das Malvinas, devemos expulsa-lo de toda a América Latina, junto com o imperialismo ianque.

Sim, Dieguito, o imperialismo pode ser derrotado, não só no campo.

Hasta la victoria! Siempre

DECLARAÇÃO POLÍTICA DO AGRUPAMENTO TRIBUNA CLASSISTA FRENTE AO ASSASSINATO DE JOÃO ALBERTO, NEGRO E OPERÁRIO APOSENTADO

João Alberto, negro assassinado em Porto Alegre

                                             George Floyd, negro assassinado nos EUA


Elton Brum, sem-terra negro assassinado em São Gabriel, RS 

      Vera Lúcia, negra ameaçada de assassinato em Joinville, SC

"Não há capitalismo sem racismo" Malcom X, 1964

A MAIOR POPULAÇÃO NEGRA DO MUNDO DEPOIS DA NIGÉRIA NÃO PODE PERMITIR QUE MAIS ESTA BARBÁRIE DO CAPITALISMO FIQUE IMPUNE

 TODAS AS TARAS DO ESTADO BURGUÊS ESTÃO SENDO DESTILADAS CONTRA O NEGRO, A MULHER, O LGBT, O ÍNDIO E A JUVENTUDE

 POR UMA AMPLA MOBILIZAÇÃO DE TODA A CLASSE TRABALHADORA PRA VARRER COM TODA A FORMA DE OPRESSÃO E VIOLÊNCIA CONTRA O NEGRO, A MULHER, O LGBT, O ÍNDIO E A JUVENTUDE

O ESTADO CAPITALISTA, O MONOPÓLIO IMPERIALISTA CARREFOUR E A EMPRESA DE SEGURANÇA VECTOR SÃO OS RESPONSÁVEIS PELO ASSASSINATO BRUTAL E COVARDE DE JOÃO ALBERTO, O GEORGE FLOYD BRASILEIRO

POR UMA COMISSÃO INDEPENDENTE DAS ORGANIZAÇÕES DO MOVIMENTO NEGRO NO PAÍS PARA INVESTIGAR E APURAR OS RESPONSÁVEIS


Às vésperas do Dia da Consciência Negra, o 20 de novembro, que foi escolhido por ser o dia da morte de Zumbi dos Palmares, para João Alberto Silveira Freitas de 40 anos de idade e sua esposa, Milena Borges Alves, de 43 anos, que são pais de quatro filhos, moradores da Vila do IAPI aonde nasceu Elis Regina, bairro operário, de trabalhadores (as) e aposentados (as) era tão somente mais um dia de compras no supermercado Carrefour, vizinho ao Passo D'Areia, do histórico Estádio do Zequinha, o E.C. São José, clube o qual João Alberto era torcedor, na zona norte de Porto Alegre, capital do Estado do Rio Grande do Sul.

Beto, como era conhecido, e sua mulher não tinham a mínima ideia que de dentro de um supermercado, monopólio imperialista, emergeria das trevas uma espécie de Freikorps tupiniquim, o germe do nazismo alemão, na forma de dois seguranças brancos terceirizados bem preparados, Giovane Gaspar da Silva, policial militar temporário e Magno Braz Borges, e uma agente de fiscalização, Adriana Alves Dutra. Os três assassinos estão em prisão preventiva.

Dois assassinos covardes e uma cúmplice fiscal, sob a proteção de mais oito seguranças, promoveram uma das cenas mais animalescas registradas numa câmera de celular, em um estacionamento de supermercado, nos dias de hoje, seres exemplares desse maravilhoso processo civilizatório. Enquanto os oito seguranças bloqueavam as pessoas que tentavam se aproximar para impedir as agressões, a fiscal monitorava os dois assassinos desferirem cerca de doze socos de UFC todos na cabeça de Beto, para logo depois o imobilizarem e o matarem asfixiado. Um crime premeditado, porque um dos assassinos gritava que havia avisado Beto. 

Paulo Paquetá, vizinho de Beto, declarou que as agressões duraram sete minutos e a imobilização foi feita com o joelho no pescoço como foi com George Floyd. Milena foi empurrada e agredida pelos seguranças ao tentar intervir. Beto morreu gritando: "Milena, me ajuda".

Motoboys tiveram seus celulares arrancados pelos seguranças, que lhe impediram de registrar o assassinato. Seguranças já famigerados no bairro, por usarem da truculência como método tradicional e sistemático, o que não evitou que o CEO global do Carrefour, um francês de nome Alexandre Bompard, destilasse todo o seu cinismo colonialista sem par, declarando que a empresa não compactuava com racismo e violência, sugerindo ao Carrefour Brasil, que faça revisão completa "do treinamento dos colaboradores e de terceiros sobre segurança, respeito à diversidade e valores de respeito e repúdio à intolerância". (Jornal O Estadão, 21/11/2020)

O Grupo Vector, que tem um PM e um Policial civil como sócios, declarou cinicamente "não tolerar violência" e "faz treinamento que zela pelo respeito à diversidade". O gangsterismo norte-americano fez escola no país nestas empresas de segurança privadas. A Universidade Zumbi dos Palmares propôs "domesticar" esses cães de guerra. O Comando da BM, briosa, como a chamam seus puxa-sacos, comunicou que um dos assassinos, o policial militar temporário será retirado da corporação, como se isso fosse suficiente para livrar a cara de uma instituição carcomida pelo seu histórico de assassinatos de negros e pobres no Estado gaúcho.

O pai de Beto, sr. João Batista Rodrigues Freitas de 65 anos de idade, ao pedir justiça para o filho morto, declarou "Eu não sei o que leva a pessoa a agir desta forma. Para mim, este crime teve um grau de racismo. Não é possível uma pessoa ter tanta fúria de outra pessoa."

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, do PRTB, outra sigla de aluguel, afirmou que não existe racismo no Brasil, e o presidente Jair Bolsonaro, sem partido, disse ser daltônico, em relação ao assassinato, num país em que 75,7% das vítimas de homicídios são pretas e pardas, segundo o Atlas da Violência 2020. Na escalada da violência racista contra os negros pobres da periferia, essas declarações que partem do Palácio do Planalto são uma confissão de um regime político que não tem pudor, e tende a utilizar cada vez mais da violência e opressão dos explorados com requintes de crueldade, porque só sobreviverá através do canibalismo social.

O governador do Estado do RS, Eduardo Leite, e o prefeito da capital, Nelson Marchezan Jr. fizeram pronunciamentos dando continuidade ao festival do cinismo branco colonialista e burguês.

O movimento "Blacks lives matter" norte-americano propôs um Boicote internacional ao Carrefour, a ONU emitiu uma declaração como se através de um decreto pudesse ser resolvido uma questão de escravidão indissoluvelmente ligada à luta de classes; enfim, a repercussão tem um alcance mundial, assim como o assassinato de George Floyd, e o medo de uma reação violenta das massas percorre o mundo inteiro, e a burguesia e o imperialismo caminham para acionar bombeiros por todos os lados, começando a se desfazer de incendiários do tipo de Trump, nos EUA  e Bolsonaro, no Brasil. Pra violentar as massas do que vem por aí, precisa de gente com fala mansa, dissimulada. É hora de trocar a camisa do fascismo pela pose democrata.

No curso daquela semana, escolhida como a  Semana da Consciência Negra já haviam acontecido dois "episódios" que tiveram repercussão nacional envolvendo racismo, a saber: o candidato a prefeito de Porto Alegre, Valter Nagelstein do PSD, uma das tantas siglas de aluguel existentes no sistema eleitoral, atacou a bancada negra eleita para a Câmara de Vereadores como desqualificada, e em Joinville, Estado de Santa Catarina, Ana Lúcia Martins do PT, professora aposentada, primeira vereadora negra eleita na cidade, está sofrendo ameaças de morte reiteradamente, mesmo após a polícia ter identificado o primeiro suspeito.

Assinalamos que estas duas manifestações racistas, uma envolvendo ameaça de assassinato, não eram episódios isolados, mas constituíam-se como uma expressão política e social dos interesses de classe da burguesia contra os trabalhadores, de todo um regime político que está assentado nas sequelas da violência estatal e paraestatal dos tempos do escravagismo colonial, com seus capitães do mato dos dias de hoje, convertidos em polícias militares e civis, milicianos, exércitos de jagunços armados até os dentes dos latifundiários, seguranças privados, etc. 

Uma atualização macabra dos assassinatos de Amarildo, Marielle e centenas de tantos outros. No RS, há mais de 10 anos, o sem-terra negro, Elton Brum, foi covardemente assassinado por um policial armado com um tiro de espingarda, calibre 12, pelas costas, na brutal desocupação da Fazenda Southall, um latifúndio improdutivo que equivalia em extensão de terras a vários municípios, em São Gabriel. 

A violência contra o negro está encravada num tecido social que foi forjada no seu germe. O tráfico dos navios negreiros e a escravidão da força de trabalho do negro foram uma fusão de violência e superexploração sem par na história. O estado capitalista que foi se forjando desde o período colonial, passando pelo império até chegar à república burguesa, se ergueu sobre o modo de produção capitalista, à fórceps, sendo sinônimo de violência contra os índios, negros, etc. 

Senão como foi que num determinado estágio de desenvolvimento da humanidade, alguns vendo no excedente de produção por conta do desenvolvimento das forças produtivas, uma oportunidade histórica de se apropriar desse excedente como propriedade privada, necessitavam da violência de um grupo armado, do estado, para a passagem daquele primeiro momento histórico de propriedade privada do excedente para propriedade privada dos próprios meios de produção.

As declarações dos representantes do regime político burguês de um sistema capitalista em completa putrefação, da direita que utiliza do método sistemático de tentar fazer passar que as vítimas são os culpados, ou que foi tão somente um ato de despreparo dos verdugos, aplicação de um excesso de força, ou de força desproporcional, e que fez eco inclusive em setores que se reivindicam de esquerda e democráticos, quando que essa monstruosidade é modus operandi, o método sistemático, longe de ser uma anormalidade,  senão o funcionamento normal de todo o regime político contra as massas trabalhadoras, contra os negros, contra as mulheres, contra os lgbts, contra os índios, contra os camponeses pobres, contra os moradores de rua, enfim, contra a revolta popular que já está em curso.

O assassinato de João Alberto, negro, operário converteu-se na negação de toda essa podridão que estamos vivendo sob o jugo do capitalismo e na faísca que ascendeu um rastilho de pólvora com mobilizações que não param de crescer pedindo justiça, afirmando que "as vidas negras importam" (embora no Estado considerado o mais racista da federação, onde o que menos importa é a vida da maioria negra, expulsa para os morros e bairros da periferia), que passou a dominar os espaços, desde a Avenida Paulista até os estádios de futebol, com manifestações que atingem massivamente a consciência de todos os explorados e oprimidos pelo regime político e social e vão cada vez mais ganhando as ruas, em todas as regiões do país.

- O estado capitalista é o principal responsável por mais este crime contra o negro, num país em que morre a cada 23 minutos um jovem negro da periferia pelas balas assassinas das milícias paramilitares e das polícias, polícias essas que o jornalista Caco Barcellos apelidou de "pena de morte ambulante".

- Os monopólios capitalistas devem ser expropriados e no caso do Carrefour nacionalizado sob controle dos trabalhadores;

- Dissolução e desmantelamento de todo o aparato repressivo do estado burguês, das milícias urbanas e rurais bolsonaristas e dos grupos paramilitares estatais e privados;

Os últimos acontecimentos mostram que além desses pontos, está colocado na ordem do dia um programa de autodefesa dos trabalhadores da cidade e do campo, pontos esses indissoluvelmente ligados a um programa de transição de defesa da luta por um governo próprio dos trabalhadores da cidade e do campo, aqui, no Chile, na Guatemala, em todo o continente latino-americano. 

Pela Unidade Socialista dos trabalhadores da América Latina   


  



quinta-feira, 19 de novembro de 2020

FORA O NAZISMO E O FASCISMO COVARDE DE JOINVILLE - SC! POR UMA AMPLA MOBILIZAÇÃO PRA VARRER COM ESSA ESCÓRIA NO PAÍS AFORA

 EM DEFESA DA PRIMEIRA VEREADORA NEGRA ELEITA EM JOINVILLE, ESTADO DE SANTA CATARINA, CONTRA AS AMEAÇAS COVARDES DE PORCOS NEONAZISTAS

CARMANIM ELIZALDE

Ana Lúcia Martins (PT), vereadora negra eleita 

 

Uma escória de neonazistas da juventude hitlerista de Joinville enviou mensagens com ameaças de morte à primeira vereadora negra eleita nesse que é o maior município do Estado de Santa Catarina, Ana Lúcia Martins do PT, professora aposentada.


Ameaças do tipo: "Agora só falta a gente matar ela e entrar o suplente que é branco" só podem ser combatidas através de uma ampla mobilização de todos os trabalhadores do país, a qual o negro é ampla maioria.

As gigantescas mobilizações desencadeadas pela morte de George Floyd, nos EUA, é o exemplo a ser seguido.

Esses porcos nazistas precisam ser esmagados nas ruas e já passou da hora dos explorados deixarem de ser contidos pelo pacifismo dos cemitérios e discutir imediatamente num amplo Congresso da Classe Trabalhadora entre outros pontos vitais, principalmente da necessidade de tomar nas suas mãos a saída da crise humanitária que assola o mundo inteiro provocada pela pandemia, a necessidade da auto-defesa na cidade e no campo, sem perder de vista a luta por nossos interesses mais imediatos e históricos, que só pode ser expressa na luta por um governo próprio dos trabalhadores da cidade e do campo e pelo socialismo, bem mais pra lá do regime parlamentar da burguesia.

O QUE AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS JÁ REVELARAM E CONFIRMARAM?

 AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS REVELAM O CONTEÚDO DA "DEMOCRACIA RACIAL"

CARMANIM ELIZALDE



"Basta a gente ver a composição da Câmara, cinco vereadores do PSOL. Muitos deles, jovens, negros. (...) Sem nenhuma tradição política, sem nenhuma experiência, sem nenhum trabalho e com pouquíssima qualificação formal". Candidato a prefeito de Porto Alegre,Valter Nagelstein (PSD)

Estas declarações do candidato a prefeito de Porto Alegre, Valter Nagelstein do PSD, em áudio, explicando o fracasso de um direitista arrivista nas eleições municipais em curso para o seu "público cativo" não são um episódio isolado, um exagero, nem uma exceção.

Junto com este "episódio", são incontáveis as manifestações das mais diversas maneiras: agressões, assassinatos, declarações, etc. que revelam o verdadeiro conteúdo do mito da "democracia racial". Na ocasião em que foi aprovada a política de cotas para negros na UFRGS, por exemplo, no outro dia os muros da universidade amanheceram com pixaçhões e palavras de ordem do tipo "FORA NEGROS DA UFRGS". E o candidato em questão faz referência à presença do negro na universidade, em seu áudio de cunho nazista, o que representa ser um incômodo para ele.

Essa declaração que partiu de um arrivista de plantão, desses ratos que saíram do esgoto para ocupar os gabinetes do parlamento ou do executivo, trás à luz do dia que o atual regime político burguês em estado de total putrefação é tão somente a superestrutura que se ergue em cima do modo de produção capitalista, da propriedade privada dos meios de produção, que no caso de um país periférico e atrasado como o Brasil combina as mais avançadas tecnologias industriais que contribuem para diminuir drasticamente o valor da força de trabalho, o "tempo de trabalho socialmente necessário", que é a parte da jornada de trabalho que o capitalista paga para que o trabalhador possa voltar no outro dia para continuar a relação de exploração e superexploração constituindo a escravidão assalariada com relações escravagistas da época do Brasil colonial, em que os escravos eram obrigados a trabalhar até morrer.

Valter Nagelstein é um desses playboys arrivistas que saiu das fileiras do progressista PDT, passou pelo PPS, PMDB e agora está no partido do Kassab, PSD, membro do centrão no Congresso Nacional, cria da oligarquia rural, do latifúndio que domina os grotões do interior do Rio Grande do Sul e tem um piquete permanente nos acampamentos em Porto Alegre que comemoram a Semana Farroupilha, o dia do gaúcho, 20/09, que reproduz as relações entre os estancieiros, seus capatazes e prendas, alegremente, etilicamente, ao som da gaita em galpões iluminados por candieiros. Relações de escravagismo no campo que perduram até os dias de hoje. 

Nossa total solidariedade à bancada negra eleita para a Câmara de Vereadores de Porto Alegre, que assumirá em janeiro de 2021, contra o ataque racista que vigora nos nossos dias, de uma classe dominante branca sequelada, caduca, atrasada, que precisa sair da frente, ser retirada, porque representa um entulho que precisa ser removido, que impede que a maioria negra explorada possa viver na sua plenitude, livres de todo o mal, sem violência, sem opressão.

A luta da maioria negra não pode ser dissociada da luta geral da classe trabalhadora, mesmo porque o negro é maioria do proletariado brasileiro, da luta pela emancipação política e social desse regime capitalista putrefato, da luta por um governo da maioria explorada, um governo dos trabalhadores.

sábado, 14 de novembro de 2020

Todo apoio aos atos do Partido Obrero da Argentina na Praça de Maio, nas províncias e nas principais cidades, pelo poder político dos trabalhadores

 


Às vésperas de fechamento do primeiro ano do seu mandato, o governo de Alberto Fernández e Cristina Kirchner, que substituiu o direitista Maurício Macri, mostra que o kirchnerismo é tão somente uma alternativa desastrosa e uma manobra de tentativa de conter a crise do regime político burguês e suas consequências sociais criminosas para a classe trabalhadora que dá sinais de esgotamento nos marcos de uma crise mundial do capitalismo.

A única arma que resta portanto para o governo "nac & pop" de centro-esquerda é entregar o país nas mãos do FMI e das mais diversas bandas capitalistas e intensificar a repressão contra os trabalhadores que saem à luta por trabalho, salários, terra, moradia, enfim pelas suas necessidades mais urgentes.

A repressão e atentados fascistoides desencadeada por setores ligados ao kirchnerismo contra os militantes e as sedes do PO são o resultado da presença militante do PO encravada na ocupação do assentamento de Guernica que terminou em um massacre por parte das forças de repressão do governo com a detenção de inúmeros ativistas do partido.

Por isso, o Agrupamento Tribuna Classista se incorpora a esta luta desde o Brasil, na perspectiva de que a tendência da crise em curso na Argentina e em todos os países da América Latina, em que os trabalhadores se levantam e são impelidos para a luta, como neste momento no Peru, contra o golpe de estado, sem nenhuma tergiversação política, é a de que se abra uma crise de poder político, uma crise revolucionária, em que os de cima, sejam de direita ou de esquerda, não conseguem mais governar como governavam antes e os de baixo não aceitam mais ser governados como foram governados antes.

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

MARIANO FERREYRA, MILITANTE DO PO ARGENTINO, HÁ 10 ANOS DO SEU ASSASSINATO RENDEMOS NOSSA HOMENAGEM


Carmanim Elizalde

Há dez anos, no dia 20/10 de 2010, um tiro no peito tombava o jovem Mariano Ferreyra, com 23 anos,  militante do Partido Obrero da Argentina e feria gravemente a companheira Elsa Rodrigues, militante do Polo Obrero, bem como de outros companheiros que participavam de uma iniciativa política na defesa dos trabalhadores ferroviários terceirizados que haviam sido demitidos, tiros desferidos por bate-paus da burocracia sindical da União Ferroviária, a mando do já falecido José Pedraza e seus capangas.


Sob o governo de Cristina Kirchner, 117 trabalhadores ferroviários foram demitidos da Ferrocarril Roca e a luta impulsionada por Mariano Ferreyra e a militância do Partido Obrero era contra as demissões e pela efetivação dos trabalhadores terceirizados (o que no nosso país hermano se chama de "pase a planta permanente").

Este assassinato comoveu o país inteiro e estendeu sua repercussão por todo continente latino-americano e o mundo, expresso numa infinidade de atos, declarações de solidariedade e indignação de militantes, partidos e agrupamentos políticos da esquerda mundial.

Nosso agrupamento político reivindica a memória de Mariano Ferreyra e a vigência de sua luta em defesa dos trabalhadores terceirizados contra as demissões e pela efetivação desses trabalhadores e denuncia que os responsáveis pelo seu assassinato, a burocracia sindical, os órgãos de repressão do estado capitalista e os interesses dos capitalistas estão entrelaçados na busca da superexploração do homem pelo homem.

Por isso bradamos: Mariano Ferreyra presente! Até a vitória! Companheiro 

 
 


terça-feira, 3 de novembro de 2020

ABAIXO O GOVERNO DE BOLSONARO/MOURÃO/CENTRÃO E OS GENERAIS


E O CONJUNTO DO REGIME POLÍTICO DE GENOCIDAS 

QUE SEMEIAM A MORTE ATRAVÉS DA PANDEMIA E DA MISÉRIA ABSOLUTA


 Carmanim Elizalde

A pandemia provocada pela COVID-19 já se aproxima de 40 milhões de infectados e mais de 1 milhão de mortes no mundo, segundo dados da OMS, com um recorde mundial de novos contágios,  400 mil/24 horas infectados registrados até o dia 16/10 do corrente ano, sendo que países europeus, como a Alemanha, França e Itália foram assolados com um terço dessa alta, o que obrigou a chanceler alemã Angela Merkel a propor uma nova quarentena, bem como a Itália a anunciar novas medidas restritivas. De acordo com o jornal El País, no Brasil, do início da pandemia até o dia 17/10, o Ministério da Saúde divulgou que já são mais de 150 mil  vítimas fatais e mais de 5 milhões de infectados.

 A crise capitalista mundial agravou-se com a pandemia, e a consequência lógica que se extrai dessa situação excepcional, é que a sobrevivência do capitalismo coloca em risco a vida dos bilhões de seres humanos que habitam o planeta, a começar pela devastação da própria natureza, da qual emergiu a COVID-19 e todas as epidemias passadas.

 Lênin, ao explicar a Lei do Valor de Marx, no Capital, afirma que o capitalismo esconde a exploração da força de trabalho, a exploração do homem pelo homem, sob a envoltura das coisas; aonde se vê uma relação do dinheiro em troca de mercadorias, na aparência, esconde-se uma relação de pessoas em que o capitalista arranca da força de trabalho o lucro, na essência, e estende a acumulação do capital, à exploração da renda da terra, ou seja, um sistema que tem um caráter depredador da força de trabalho e da própria natureza.

 A miséria crescente das massas cada vez mais pauperizadas pelo componente explosivo da pandemia, contrasta com a opulência de um número cada vez mais concentrado de capitalistas, que a pretexto da necessidade da volta à “normalidade” (do predador continuar parasitando às custas das suas presas), colocam em marcha no mundo inteiro um resgate por parte dos estados capitalistas através de inúmeros artifícios.

 A inflação principalmente dos produtos primários corrói o poder aquisitivo dos trabalhadores, combinada com o aumento em massa do desemprego, que já atinge 14% da mão-de-obra economicamente ativa, segundo dados oficiais.

 No Brasil, por exemplo, vinte dos maiores empresários do país, na sua maioria magnatas ligados à FIESP, exigiram do governo notoriamente genocida de Bolsonaro a aplicação de uma medida provisória de redução e suspensão dos salários, com a criação de um benefício emergencial proporcional aos valores do seguro-desemprego, com o pretexto da manutenção do emprego e da renda dos trabalhadores, com acordos diretamente realizados entre empregadores e empregados, sem a participação dos sindicatos. O que passou a vigorar na prática a partir dessa “criativa” relação de vínculo empregatício é a continuidade das demissões logo após o encerramento dos “acordos” (coação dos trabalhadores) e uma economia patronal com o pagamento reduzido dos já miudíssimos salários combinada com uma economia governamental com o pagamento de um benefício ainda menor que os já rebaixadíssimos valores do seguro-desemprego. Os dados oficiais já indicam 14 milhões de trabalhadores desempregados, sem contar o sub-emprego e o desalento daqueles que não possuem mais nenhuma auto-estima de buscar um posto de trabalho (porque não existe).

 O auxílio-emergencial de 600 pratas (um pouco mais da metade do miserável salário-mínimo), que vigorou por uns meses, foi diminuído pela metade pelo governo, e a proposta de Renda Cidadã, do folclórico ministro Paulo Guedes, que seria financiada pelos precatórios (maioria devido pela União aos seus próprios servidores e aos trabalhadores) e parte do dinheiro da educação , derrubou as bolsas de valores (os capitalistas devedores também são credores).

 O processo de desindustrialização no país, que já perpassa duas décadas, aprofundou-se com a pandemia, e a burguesia nacional demonstrou mais uma vez toda a sua incapacidade histórica de dar uma saída minimamente à sua própria crise, porque já passou da hora para evitar o fechamento de fábricas e a destruição de ramos inteiros da indústria inclusive, de inverter a produção de mercadorias supérfluas para a produção em massa de respiradores, máscaras e outros equipamentos de produção individual e coletiva, visando combater de fato e barrar a incidência da pandemia no país. Uma classe social, como vemos, negativa (negacionismo visando o lucro, e não a vida) e totalmente inoperante do ponto de vista dos interesses da maioria das vítimas da pandemia e seus familiares.

 A luta dos trabalhadores no mundo inteiro cada vez mais se aproxima de um caráter insurrecional das massas contra os governos e os regimes capitalistas. Nos EUA, entre fluxos e refluxos, há um estado de deliberação política das massas permanente, depois da rebelião que se colocou em curso, provocada pelo assassinato covarde de Georg Floyd, que foi tão somente a ponta de um iceberg; por enquanto, essa rebelião está canalizada e limitada para uma iminente derrota de Trump, que já foi obrigado a se esconder no seu bunker de guerra na Casa Branca, cercada por manifestantes; na América Latina,  o Chile se encontra na vanguarda da luta dos trabalhadores e da juventude, foi aprovado por 78% da população o plebiscito pela revogação da Constituição pinochetista que já perdura há quase 50 anos depois do golpe de estado (e que vigorou inclusive durante os governos da centro-esquerda de Bachelet), em 1973, seguido pela Bolívia (entre o golpe, marchas e contramarchas, e uma eleição em condições muito precárias para a tentativa de apaziguamento com a colaboração do MAS de Evo Morales), Colômbia, Costa Rica, Uruguai, etc. , e o Brasil, que já assistiu uma incipiente e poderosa mobilização das torcidas organizadas varrendo com meia-dúzia de fascistas das ruas, que invocavam um golpe militar (no quadro de um governo com um número de militares nos seus gabinetes maior que todos os governos militares que brotaram do golpe de 64). A greve dos Correios, que mesmo isolada, pela ação da burocracia sindical que domina a CUT e o PT, durante mais de um mês demonstrou a enorme disposição de luta que existe no seio de toda a classe trabalhadora.

 Nestes marcos, enquanto a esquerda se enquadra no calendário das eleições municipais, como se tudo tivesse retornado de fato à normalidade buscada pela direita, a agenda da burguesia, que tem como testa-de-ferro um presidente envolvido em corrupção com toda a sua família (e agora o bolsonarismo já tem seu dinheiro na cueca), é preparar o caminho para a privatização dos Correios (depois de ter arrancado quase todas as conquistas da Convenção Coletiva da categoria através do TST), privatização da CEF, da Petrobrás, do BB e dos bancos estaduais públicos que ainda restam, como o BANRISUL  e o BRB, e realizar a Reforma Administrativa, que já se encontra em tramitação no Congresso Nacional (por onde está passando os maiores crimes contra a classe trabalhadora), que visa destruir com todas as conquistas históricas dos servidores públicos das três esferas do estado.

 Depois da derrota da greve dos trabalhadores dos Correios, o governo Bolsonaro encaminhou a privatização da estatal, de olho também na entrega da CEF, Eletrobrás, Petrobrás, etc. À luta contra a entrega dessas empresas para aqueles os quais elas foram criadas para financia-los, setores da burguesia nacional parasitária, tem que ser dado um caráter de classe. Contra as privatizações, colocar as estatais sob controle dos trabalhadores.

 O bolsonarismo, com seu poder de aceleração da crise política burguesa (seu governo já foi qualificado como uma “usina de crises”), depois de perder o apoio dos governadores dos principais Estados, como Dória do PSDB em São Paulo e Wilson Witzel do PSC no Rio de Janeiro (sofrendo processo de impeachment), bem como do governador de Santa Catarina, Carlos Moisés do PSL, que também já foi afastado para ser investigado passando por processo de impeachment, encaminhou o registro no TSE do Partido Aliança para o Brasil, sem tempo para registro de candidaturas, pulverizando-se em várias siglas partidárias de centro, direita e extrema-direita, enquanto se rendia ao centrão no Congresso Nacional, sob o comando de Roberto Jeferson do PTB, numa manobra clara para certamente, com receio, evitar testar sua popularidade nas eleições municipais em curso, visando as eleições presidenciais de 2022.

 A manobra do PT não se difere da do bolsonarismo. Com o aprofundamento de uma política voltada para as eleições indissociável da sua estratégia democratizante, o PT abriu mão do seu “protagonismo” eleitoral e se dispôs a ser um mero coadjuvante em inúmeros municípios e algumas capitais importantes como Porto Alegre. Tudo em nome de um Feliz 2022, em uma frente ampla sem limites à direita.

 A chave da situação política para os trabalhadores, que seria a existência de um vigoroso partido proletário revolucionário, está na ordem do dia. Nestes marcos, uma política engabeladora dos trabalhadores recheada de frases com um verniz esquerdizante poderá ser mais eficaz para a burguesia do que o bolsonarismo, como já foram de fato os oito anos de governo Lula.

 O governo de Bolsonaro acaba de revogar o Decreto 10.530, o qual incluía o SUS (Sistema Único de Saúde) no Programa de Parcerias de Investimento (PPI) da Presidência da República, frente à reação adversa dos mais diversos setores da sociedade. Enfrenta agora a pressão no interior do Congresso Nacional em função do veto ao Projeto de Desoneração da folha de pagamento das empresas. Duas lutas de foice no escuro no interior da própria burguesia.

 Os que levantam a palavra-de-ordem FORA BOLSONARO, ao mesmo tempo que “Unir a esquerda” em torno da candidatura de Lula para 2022, já perderam toda e qualquer perspectiva e a mínima veleidade classista, porque descrentes com a luta e o desenvolvimento da consciência de classe dos trabalhadores, como na greve histórica realizada recentemente pelos trabalhadores dos Correios, convertem essa palavra-de-ordem num verniz eleitoreiro (na esteira de um gordo fundo partidário) e adiam toda e qualquer expectativa de luta contra os ataques do governo do presente para um futuro daqui a dois anos, totalmente incerto, que além do mais propõe repetir a fórmula que impôs por 16 anos de governos do PT, oito dos quais com o próprio Lula, uma política de seguidismo em aliança com a burguesia e com o imperialismo. O mesmo PT que nessas eleições municipais em curso, está em aliança com o PSL (sigla que elegeu Bolsonaro) em 145 municípios, segundo as más-línguas.

 O PSOL, nas duas principais capitais do país, tem Luiza Erundina (que rompeu com o PT pela direita) e um ex-comandante da PM (Amarildo, Marielle, e a maioria negra massacrada nas favelas do RJ foram esquecidas?) como candidatos a vice-prefeitos. O governo “de toda a gente” é a fórmula mais surrada e que a gente não esquece, a qual passou a dominar a estratégia política do PT através dos governos “para todos” (todos os capitalistas).

 Não concordamos que a única agenda política da esquerda, que se reivindica revolucionária, sejam as eleições municipais que estão em curso, mas no sentido de abrir um diálogo e uma frente única de luta chamamos o voto crítico nas candidaturas do PSTU, que não obstante nossas profundas divergências teóricas e programáticas, são as que possibilitam desenvolver uma luta por um governo próprio dos trabalhadores, que rompa os limites dos debates paroquiais e abra uma fenda pela luta para por abaixo o governo de coturno e genocida de Bolsonaro/Mourão, apologistas do torturador Brilhante Ustra, e do conjunto do regime político que resulta cada vez mais em consequências sociais e humanitárias das mais nefastas para a classe trabalhadora.

 Prá lá das eleições em curso, é preciso organizar e convocar um Congresso Nacional da classe trabalhadora com delegados eleitos nos seus locais de trabalho e de moradia, e no caso da juventude nos seus locais de estudo, para que seja aprovado um Plano de Lutas e de mobilização contra a Reforma administrativa e todos os ataques desferidos pelo governo Bolsonaro aos trabalhadores, e defenda as necessidades mais prementes dos explorados frente aos exploradores, seus governos e seus regimes políticos.