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https://drive.google.com/file/d/1_N8rO0zS5khJJd3xKPjx0TU3-kxeWJ9Y/view?usp=sharing
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Nos últimos anos a mulher vem tendo cada vez espaço na sociedade, vem se consolidando em seu papel, em diversas áreas. Na profissão, nos estudos, na política, na cultura. É cada vez mais nítida a participação das mulheres, consolidando cada vez mais seus lugares na sociedade. Porém, ainda há uma grande lacuna onde mulheres não conseguem garantir um espaço, por mais que até estejam inseridas em algum ramo profissional, acadêmico ou cultural, há sempre um “porém”, uma justificativa, mas em diversas situações, as mulheres não são chamadas, não são consideradas parte integrante de algum setor da sociedade. Mesmo que subentendido, nas entrelinhas, mas as mulheres sofrem uma espécie de boicote por vários motivos, mas o principal ainda é por serem mulheres.
Mulheres ainda enfrentam muita dificuldade quando vão apresentar um projeto, ou quando vão procurar emprego. Há diversos obstáculos que as mulheres ainda não conseguiram derrubar em mais de séculos de lutas pela sua emancipação e espaço na sociedade. Diante dessa realidade, se faz cada vez mais necessário a criação de espaços e de oportunidades para que as mulheres possam mostrar o que realmente têm a falar, mostrar e praticar seus conhecimentos e projetos. Mulheres de diversos segmentos da sociedade, classes sociais, etnias, cor e opção sexual.
Esse é um projeto que busca a visibilidade feminina, mostrar o que a mulher pensa, fala, faz. Mostrar a sua realidade e como ela busca transformar suas ideias em ações concretas. Proporcionar às mulheres uma vitrine que ela possa se ver como uma mulher atuante e importante na sociedade. Colocar em pauta diversos assuntos e segmentos e as mulheres que participam dos mesmos. Na cultura, na política, na ciência, nos bairros, nas comunidades, nos pequenos negócios. Pontuar todas as ideias, projetos e ações realizadas por mulheres. Suas ascensões, decepções, anseios e reflexões sobre inúmeros assuntos.
Realizar eventos, feiras de mostra de trabalhos, rodas de conversa. Diante do cenário atual de pandemia, a ideia é de realizar eventos online, do tipo lives. Mas começar uma rede de contatos entre as mulheres, promover páginas, Blogs, fazer uma espécie de varal virtual de trabalhos, textos, ideias, músicas de mulheres. Expor seus trabalhos e posteriormente, realizar eventos ao ar livre ou em lugares fechados.
O que é o “dia da mulher”? Ele é necessário? Não seria uma concessão às mulheres da classe burguesa, às feministas, às sufragistas? Isso não prejudica a unidade do movimento trabalhador?
Essas questões ainda são ouvidas na Rússia, mas não mais no exterior. A própria vida deu a elas uma resposta clara e eloquente.
O “dia da mulher” é um elo da longa e sólida corrente do movimento de mulheres trabalhadoras. Ele está crescendo, o exército organizado das trabalhadoras aumenta a cada ano. Há vinte anos, as trabalhadoras se uniam em pequenos grupos nos sindicatos e eram apenas manchas claras e solitárias nas fileiras dos partidos dos trabalhadores… Agora, na Inglaterra, há mais de 292 mil trabalhadoras nos sindicatos; na Alemanha, há aproximadamente 200 mil no movimento sindical e 150 mil no partido trabalhista; na Áustria, 47 mil nos sindicatos e quase 20 mil no partido. Na Itália, Hungria, Dinamarca, Suécia, Noruega e Suíça, as mulheres da classe trabalhadora estão se organizando por toda parte. O exército de mulheres socialistas chega a quase 1 milhão. Isso é que é força! E os poderes do mundo devem contar com elas quando se trata do aumento do custo de vida, da segurança da maternidade, do trabalho infantil, das leis que protegem a mão de obra feminina.
Houve uma época em que os trabalhadores acreditavam que tinham de carregar sozinhos em seus ombros o peso da luta contra o capital, que tinham de vencer o “velho mundo” eles mesmos, sem a participação feminina. Mas à medida que a mulher da classe trabalhadora se juntava às fileiras dos vendedores da força de trabalho, pressionada pela necessidade, pelo desemprego do marido ou do pai, aprofundava-se a consciência trabalhadora de que deixar a mulher para trás, nas fileiras dos “inconscientes”, significa prejudicar sua causa, estagná-la. Quanto mais consciente for o lutador, mais certa será a vitória. E qual é a consciência da mulher que fica no fogão, que não tem direitos na sociedade, no governo, na família? Ela não tem seu próprio “pensamento”! Faz tudo como manda o pai ou marido…
Não, o atraso e a falta de direitos da mulher são desfavoráveis, o embrutecimento e a indiferença em relação a ela são diretamente prejudiciais à classe trabalhadora. Mas como atrair a trabalhadora para o movimento, como despertá-la?
A social-democracia estrangeira não encontrou o caminho correto de forma imediata. As portas das organizações trabalhistas estavam amplamente abertas para as trabalhadoras, mas elas raramente entravam. Por quê?
Porque a classe trabalhadora não entendeu de imediato que a mulher trabalhadora é o membro mais destituído de direitos, o mais desafortunado da classe. Que por séculos ela foi intimidada, acuada, perseguida; que para despertar seu pensamento, para que seu coração bata mais alto e mais alegre é preciso encontrar palavras particulares, compreensíveis para ela enquanto mulher. Os trabalhadores não perceberam imediatamente que, nesse mundo de exploração e de falta de direitos, a mulher é oprimida não só como vendedora da força de trabalho, mas também como mãe e mulher… Mas quando o partido socialista dos trabalhadores entendeu isso, entrou com ousadia em sua dupla defesa: das mulheres como trabalhadoras contratadas e das mulheres como mães.
Em todos os países, os socialistas começaram a exigir a proteção do trabalho feminino, a garantia e a segurança da maternidade e da infância, direitos políticos para as mulheres, a defesa dos interesses delas.
E quanto mais nitidamente o partido dos trabalhadores entendia essa segunda tarefa em relação às trabalhadoras, com mais vontade as mulheres ingressavam nas fileiras do partido, mais claro ficava para elas que ele é seu defensor verdadeiro, que a classe trabalhadora também luta por elas, pelas dolorosas necessidades puramente femininas. As próprias trabalhadoras, organizadas e conscientes, dedicaram-se muito à elucidação dessa tarefa. Agora, o trabalho principal para a chamada de novas integrantes trabalhadoras para o movimento socialista repousa sobre as mulheres. Os partidos de todos os países têm seus comitês, secretarias, bureaus especiais para elas. Tais comitês femininos, de um lado, conduzem as ações entre a massa de mulheres pouco engajadas da classe trabalhadora, despertam a consciência das trabalhadoras, trazem-nas para a organização. De outro lado, examinam as questões e exigências que dizem respeito às mulheres em primeiro lugar: segurança e garantia de direitos da parturiente, regulação legislativa do trabalho da mulher, luta contra a prostituição e a mortalidade infantil, exigência de direitos políticos para as mulheres, melhoria das condições de habitação, luta contra o aumento do custo de vida etc.
Dessa forma, como membros do Partido, as trabalhadoras lutam por questões comuns à classe, mas também traçam e apresentam reivindicações e exigências que, antes de tudo, lhes dizem respeito enquanto mulheres, donas de casa e mães. E o Partido apoia essas demandas e luta por elas… Pois as reivindicações das trabalhadoras são causas de todos os trabalhadores!
No dia da mulher, as trabalhadoras organizadas protestam contra sua falta de direitos.
Mas, dirão alguns, por que há essa separação das trabalhadoras? Por que há um “dia da mulher”, panfletos especiais para as trabalhadoras, reuniões, assembleias de mulheres da classe trabalhadora? Não é uma concessão às feministas e sufragistas?
Só pode pensar assim quem desconhece a diferença radical entre o movimento das socialistas e o das feministas burguesas.
A que aspiram as trabalhadoras? À destruição de todos os privilégios de nascimento ou de riqueza. Para as trabalhadoras, tanto faz quem tem o poder de ser “patrão”: se é homem, se é mulher. Junto com toda sua classe, elas podem tornar mais leve sua situação de trabalhadoras.
As feministas exigem igualdade de direitos sempre e em todos os lugares. As trabalhadoras respondem: exigimos direitos para todos os cidadãos e cidadãs, mas não permitimos esquecer que não somos apenas trabalhadoras e cidadãs, somos mães! E como mães, como mulheres — portadoras do futuro –, reivindicamos um cuidado particular conosco e com nossos filhos, uma defesa específica do governo e da sociedade.
As feministas lutam por direitos políticos. Mas aqui também os caminhos se separam.
Para as mulheres burguesas, os direitos políticos são apenas uma forma possivelmente mais cômoda e sólida de encontrar um lugar em um mundo construído sobre a exploração dos trabalhadores. Para as mulheres trabalhadoras, é um degrau da escada difícil e pedregosa que leva ao desejado reino do trabalho.
O caminho das trabalhadoras e o das sufragistas burguesas já se separaram há muito tempo. Os objetivos que a vida propõe são muito diferentes para umas e outras; os interesses das trabalhadoras e os das patroas, os das empregadas e os das “senhoras” são muito contraditórios… Não há nem pode haver ponto de contato, conciliação, união… Por isso, nem um dia da mulher, nem assembleias especiais de trabalhadoras, nem um jornal exclusivo para elas devem assustar os trabalhadores.
O trabalho destinado às mulheres da classe trabalhadora é apenas uma forma de despertá-las, de incorporá-las às fileiras de quem luta por um futuro melhor… O dia da mulher e todo o esforço meticuloso e lento para promover a autoconsciência de classe nas trabalhadoras não provocam uma cisão, mas uma união da classe operária.
Deixem que, com o sentimento de alegria de servir a uma questão comum às classes e de lutar junto com elas por sua libertação feminina, as trabalhadoras participem do dia da mulher.
‘HERÓIS’ A guerra ainda não acabou, de fato, seu fim nem estava em vista, mas o número de aleijados estava se multiplicando: pessoas sem braço, sem perna, os cegos, os surdos, os mutilados… Eles partiram para o sangrento matadouro mundial jovens, fortes, sadios. Tinham uma vida toda pela frente. Apenas alguns meses, semanas, até mesmo dias depois, eles foram trazidos de volta aos hospitais quase mortos, mutilados…
‘Heróis,’ dizem aqueles que começaram a guerra européia, que mandaram uma pessoa contra a outra, o trabalhador de um país contra seu colega trabalhador de outro. Pelo menos agora eles ganharam um prêmio! Eles poderão andar por aí usando suas medalhas! As pessoas irão respeitá-los!
No entanto, na vida real as coisas são diferentes. O ‘herói’ volta para casa, para o povoado ou cidade onde nasceu, e quando chega, ele não pode acreditar no que vê: no lugar do ‘respeito’ e alegria ele encontra esperando por ele novos sofrimentos e desilusões. Seu povoado foi reduzido à pobreza e à fome. Os homens foram arrastados para a guerra, a criação de animais requisitada… Impostos devem ser pagos, e não há ninguém para fazer o trabalho. As mulheres tem estado extremamente ocupadas. Elas estão extenuadas e famintas, cansadas de chorar. Heróis aleijados perambulam pelo povoado, alguns com uma medalha, alguns com duas. E o único ‘respeito’ que o herói consegue é ouvir sua própria família repreendê-lo como um parasita que come o pão dos outros. E o pão está racionado!
O ‘herói’ que retorna à cidade não se sai melhor do que isso. Ele encontra o ‘respeito’, sua mãe chora de tristeza e alegria: seu querido filho ainda está vivo, seus olhos de mãe envelhecidos o contemplam mais uma vez. Sua esposa sorri… Por um ou dois dias eles irão fazer um estardalhaço por ele. E então…
Desde quando pessoas trabalhadoras tem tempo, o lazer, de cuidar de um inválido? Cada um tem seus próprios negócios, suas próprias preocupações. Além do mais, os tempos estão difíceis. Nenhum dia se passa mas o custo de vida aumenta. Guerra!… As crianças estão doentes; guerra é..
Vide link: https://www.youtube.com/watch?v=Bpm98pCtpOk e
link: https://www.marxists.org/espanol/kollontai/1921/1921-alexandra-kollontai-ensayo-autobiografico.pdf
Por longos séculos, a mulher não teve liberdade e direitos, pois era tratada como um mero apêndice, como a sombra do homem. O marido sustentava a esposa, e em troca ela se curvava ao seu arbítrio, suportando quieta a falta de justiça e a servidão familiar e doméstica. A Revolução de Outubro emancipou a mulher: hoje, as camponesas têm os mesmos direitos que os camponeses, e as operárias, os mesmos que os operários. Em todo lugar, a mulher pode votar, ser membro dos sovietes ou comissária, e até comissária do povo.
A lei equipara a mulher em direitos, mas a realidade ainda não a libertou: as operárias e camponesas continuam subjugadas ao trabalho doméstico, como escravas dentro da própria família.
Os operários devem agora cuidar para que a realidade tire dos ombros delas o fardo da lida com os filhos e alivie às operárias e camponesas o peso dos serviços de casa. A classe operária também está interessada em liberar a mulher nessas esferas. Os operários devem entender que a mulher é tão integrada à família do proletariado quanto eles próprios, pois ela trabalha sob as mesmas condições que o homem. Um terço de todas as riquezas da Terra surge das mãos das mulheres; a Europa e a América contam 70 milhões de operárias. Numa sociedade comunista mulher e homem devem ter direitos iguais! Sem essa igualdade, não há comunismo.
Então, mãos à obra, camaradas trabalhadoras! Iniciem sua emancipação! Construam creches e maternidades, ajudem os sovietes a organizar refeitórios públicos, ajudem o Partido Comunista a edificar uma nova e radiosa realidade. Tomem lugar nas fileiras de todos os que lutam pela libertação dos trabalhadores, pela igualdade, pela liberdade e pela felicidade dos filhos de vocês. Tomem lugar, operárias e camponesas, sob a bandeira vermelha revolucionária do vitorioso comunismo mundial!