domingo, 2 de maio de 2021

Rafael Santos, dirigente histórico do Partido Obrero da Argentina, falou como um dos convidados internacionais no Ato Classista dos trabalhadores do 1º de maio

 



Bom Dia companheiros. Meu nome é Rafael Santos, do Partido Obrero da Argentina. Agradeço o convite feito pelos companheiros da Política Revolucionaria, Tribuna Classista, Gazeta e outras organizações para intervir neste dia 1º de maio. Aproveito também para convidá-los ao ato que será realizado esta tarde pelo Partido Obrero e pela Frente de Esquerda e os Trabalhadores da Argentina.

Duas pragas percorrem o mundo: o coronavírus, a fome e o desemprego. Ambos são produtos diretos da crise capitalista mundial. No Brasil e em grande parte do mundo existem duas consignas - Pão e Vacinas - de luta direta para indicar o que devemos enfrentar. São reivindicações que vão diretamente contra o Capital e seus governos.

Só a classe trabalhadora pode dar uma solução progressista, isto é, uma solução revolucionária para a crise do capitalismo.

Na Argentina, o governo paga 100 bilhões de pesos por mês pelos juros dos detentores de títulos e dos bancos que especulam com a dívida pública interna (sem contar com a dívida externa).

Enquanto que para fazer frente às despesas da pandemia, investe apenas 15 bilhões por mês. A pandemia se tornou uma nova fonte de enriquecimento para grupos capitalistas, como laboratórios e clínicas privadas. Especulam com o fornecimento e venda de vacinas, com a falta de oxigênio, com sanatórios privados. E vemos isso tanto com governos de direita como Bolsonaro no Brasil, ou nacionalistas burgueses como Alberto Fernández na Argentina. Eles defendem os interesses especulativos dos capitalistas, eles defendem os comerciantes de saúde. A saúde pública se tornou uma mercadoria. Está jogando com a vida de milhões de trabalhadores em todo o mundo.

O 1º de maio é um dia internacional de luta dos trabalhadores contra o capital. Mas para enfrentar os capitalistas é necessário lutar pela independência política e organizativa da classe trabalhadora. Você não pode enfrentar uma luta consistente sem ter essa independência.

E hoje, a Central Única do Brasil, a CUT e outras centrais, fazem um ato para o dia 1º de maio do qual participam políticos capitalistas, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, etc. É um ato de conciliação de classes. E a conciliação de classes significa renunciar à luta pelos interesses da classe trabalhadora e dos explorados. Significa a subordinação da classe trabalhadora aos partidos patronais.

Nós, por outro lado, defendemos o desenvolvimento consciente da luta de classes. Reivindicamos o classismo. E não pode haver desenvolvimento do classismo sem a independência política e organizativa dos trabalhadores.

Os povos lutam e se levantam contra a opressão imperialista e os ataques fundomonetaristas. Toda a América Latina é atravessada por essa tendência. No Peru, em novembro passado, mobilizações de massa derrubaram o governo Merino, na Bolívia, no Haiti, etc. E, em particular, no Chile, onde ontem ocorreu uma greve geral com manifestações e piquetes.

Como socialistas e internacionalistas, devemos promover um reagrupamento, um polo de luta de classes contra a opressão e planos para descarregar a crise capitalista nas massas. Para isso temos que unir forças na luta, temos que defender uma Frente Única. Na Argentina, demos um passo importante ao formarmos a Frente de Esquerda e dos Trabalhadores. Mas isso está colocado para toda a América Latina. A burguesia tem duas alternativas políticas. De um lado, o Grupo de Lima, com Bolsonaro e os governos de direita. De outro, o Encontro de Puebla com governos e partidos de centro-esquerda e/ou nacionalistas burgueses. Ambos, com métodos diferentes, veiculam o descarregamento da crise sobre as massas trabalhadoras. É dever dos militantes e dos partidos que se dizem revolucionários constituir um polo de reagrupamento de classes, um reagrupamento pela independência de classe, uma frente continental única para enfrentar na luta e politicamente as alternativas burguesas. Por isso, defendemos a convocação conjunta de uma Conferência Latino-americana de esquerda e do movimento operário militante. E os convidamos a se juntar a esta campanha para enfrentar o inimigo comum dos povos explorados do continente: o FMI, o imperialismo e as burguesias que defendem a ordem burguesa contra as mobilizações independentes da classe trabalhadora.

Viva o 1º de maio! Viva a luta da classe trabalhadora mundial! Pela independência política dos trabalhadores! Por partidos revolucionários da classe operária! Por governos operários! Pela Unidade Socialista da América Latina!

Vamos organizar uma frente única de luta continental: Por uma Conferência Latino-americana de Esquerda e o movimento operário combativo!