segunda-feira, 24 de maio de 2021

LIVRO-REPORTAGEM DE JORNALISTA CATARINENSE É UMA CONTUNDENTE DENÚNCIA DOS 43 ESTUDANTES DESAPARECIDOS DE AYOTZINAPA NO MÉXICO, EM 2014



Carmanim Elisalde

 Publicado pela Editora Insular de Florianópolis/SC, em 2018, o livro da jornalista Luara Wandelli Loth é uma contundente denúncia do desaparecimento de 43 estudantes do município de Ayotzinapa, no Estado de Guerrero, no México, em setembro de 2014, comparável à Noite dos Lápis, em proporções 6 vezes maiores em número de pessoas, episódio que foi conhecido na Argentina, em setembro de 1976, quando 7 estudantes que lutavam pelo Passe-livre no transporte coletivo foram sequestrados e desaparecidos, apenas um tendo sobrevivido.

Os estudantes da Escola Normal Rural Raúl Isidro Burgos se dirigiam de ônibus à cidade do México, capital, para participaram de uma tradicional marcha que ocorre em memória ao massacre estudantil ocorrido em 02/10/1968, em um Ato público, na Praça Tlatelolco, às vésperas das Olímpiadas, e foram emboscados por policiais municipais da cidade de Iguala, que os teriam entregues a sicários do infame e famigerado Cartel dos Guerreros Unidos (uma espécie de Esquadrão de Morte).

Luara, corajosamente, durante três meses viveu e sofreu a vida das famílias de desaparecidos que ficaram conhecidas como "buscadores de covas clandestinas" atrás dos corpos de seus filhos que provavelmente foram enterrados na região, pois este massacre não foi uma excessão, há pelo menos segundo dados pesquisados pela autora centenas de desaparecidos, resultado da fusão do narcotráfico com o estado capitalista, um estado narco-policial, que se fundiu com a acumulação quase primitiva do capital   (plantação de amapola para produção de heroína voltada principalmente para o mercado de drogas norte-americano) e que praticamente naturalizou o assassinato e desaparecimento de pessoas.

Luara, na condição de jornalista, num país em que ser jornalista é quase que sinônimo da obtenção de um Atestado de óbito, pois o México é reconhecidamente o país que mais mata jornalistas no mundo, como cita o autor do Prefácio do livro, Waldir José Rampinelli, de um jornalista estrangeiro, "É MAIS fácil cobrir as guerras do Iraque e da Síria, que as da República Mexicana", viveu na condição de "Periodismo bajo riesgo" e nos brindou com "esta leitura obrigatória", para ajudar a entender uma parte de uma região de um país latinoamericano historicamente sufocado, vilipendiado e explorado pelo seu algoz, desgraçadamente seu vizinho mais próximo ao norte, o imperialismo norte-americano.