sexta-feira, 19 de junho de 2020

URGE CONVOCAR UM CONGRESSO DE BASES DA CLASSE TRABALHADORA DA CIDADE E DO CAMPO PARA POR ABAIXO O GOVERNO E O REGIME POLÍTICO DOS MILICIANOS



FORA BOLSONARO! POR UM GOVERNO DOS TRABALHADORES

Em novembro de 2018 participamos de uma Conferência Emergencial Latinoamericana realizada em Buenos Aires a convite do Partido Obrero da Argentina, a qual foi convocada para discutir a eleição de Bolsonaro no Brasil, que com suas bravatas de cunho fascistoide fez acender o sinal de alerta na esquerda latino-americana e mundial.

Nosso posicionamento naquele momento, em primeiro lugar, coincidindo com um dirigente trotskista foi de que definitivamente essa eleição colocava uma pá de cal em todas as tentativas de dissimulação da dominação de classe, que foi colocada em marcha após a derrocada dos regimes militares com a transição para os regimes democratizantes.

No Brasil, o enorme ascenso da classe operária no final da década de setenta combinado com as tendências à dissolução do regime militar deu lugar a série de manobras e acordos que foram golpeando por cima as poderosas mobilizações que iniciaram no ABC paulista e se estenderam por todo o país e deram lugar a uma organização política que a sua maioria e aqueles que se constituíram em sua direção trataram de ir cerceando, minando e liquidando com as mínimas veleidades de independência de classe, que foi o Partido dos Trabalhadores.

Desde o acordo da Anistia ampla e irrestrita que livrou da cadeia os torturadores, passando pela fraude da transição democrática do Colégio Eleitoral, desembocando no governo de José Sarney, que de dirigente nacional da ARENA, o partido oficial da ditadura militar, passou a presidente de honra do PMDB, da Nova República, até a ilusão parlamentar de que as multitudinárias mobilizações por Diretas Já, controladas pela oposição burguesa e com a colaboração do lulismo iriam ser vitoriosas no Congresso Nacional com a emenda Dante de Oliveira, que após ser derrotada deu lugar a cinco anos de mandato tampão do governo dos Sarney, Antonio Carlos Magalhães, Marco Maciel, etc.

Como se vê, uma transição burguesa controlada pelo imperialismo que se caracterizou não por uma ruptura revolucionária sob a ação das massas, mas pelo continuísmo do regime militar, de todo o seu aparato repressivo e inclusive com seus representantes no governo. Uma alteração necessária frente às tendências à rebelião das massas de uma fachada militar para uma fachada civil, que encerrou com as tendências à dissolução do regime da Nova República em uma convocação de uma Constituinte sob a tutela e o tacão da burguesia consumada na Constituição Cidadã de Ulisses Guimarães, em 1988, e a derrota da candidatura de Lula em 1989.  

Frente à enorme fragilidade e precariedade de uma transição dos governos de colaboração de classes do PT e da Frente Popular ao golpe de estado de 2016, passando pelo governo Temer e a eleição de Bolsonaro, que aos moldes de Collor, elegeu-se através de uma das tantas siglas de aluguel existentes no sistema eleitoral, o PSL, com uma votação que correspondia a um terço do eleitorado, e por outro lado na demonstração por parte das mulheres, do movimento negro, dos indígenas, do movimento lgbt e da juventude durante o processo eleitoral com o Movimento Ele Não de uma total rejeição à candidatura do fascista, constituindo-se como a única mobilização que se dispôs a um enfrentamento nas ruas, nos marcos de uma crise capitalista mundial que atingia uma década, propusemos uma campanha antes mesmo que o aspirante a Mussolini tomasse posse, pelo Fora Bolsonaro e a luta por um governo dos trabalhadores.

Os últimos acontecimentos, no Brasil, nos marcos de uma pandemia que já atinge oficialmente quase um milhão de infectados do COVID-19 e aproximando-se de cinquenta mil mortes, de uma mobilização revolucionária das massas que ferem de morte o coração do imperialismo norte-americano esparramando-se pelo mundo, de uma incipiente mobilização que começa a ganhar as ruas do país contra as tendências fascistizantes, que são verdadeiras excrescências de um regime político de genocidas do governo Bolsonaro aos governadores e prefeitos que colocam em marcha o fim definitivo da quarentena para a classe trabalhadora e seus filhos, e de uma crise política que é resultado em última instância da total incapacidade histórica da burguesia não somente em debelar a crise da pandemia no país, mas em resolver a crise das suas contradições históricas, que são contradições de todo o sistema de exploração do homem pelo homem.    

Por isso, reafirmamos nosso posicionamento que tivemos naquela Conferência Internacionalista. É necessário colocar em marcha o poderoso proletariado latino-americano que em vários países tende a entrar em sincronia com a ação revolucionária das massas norte-americanas que por onde passam derrubando as estátuas e os símbolos dos seus algozes e dos algozes dos seus antepassados começam a reescrever a História, uma História de luta revolucionária que nem um milhão de mísseis, fuzis e canhões será capaz de deter. 

Frente às tendências de dissolução e autodissolução do regime político dos genocidas é preciso levantar uma palavra de ordem transitória, por uma ASSEMBLEIA CONSTITUINTE LIVRE E SOBERANA, livre da tutela da burguesia e do imperialismo e soberana para atender a vontade e as necessidades mais prementes da classe trabalhadora, que somente poderão ser alcançadas de fato através de um governo dos trabalhadores da cidade e do campo apoiado na mobilização revolucionária das massas.