domingo, 25 de abril de 2021

SELEÇÃO BRASILEIRA DE 1982 - Nos tempos do futebol-arte

 

BRASIL 1982 – COPA DA ESPANHA- (Em pé da esquerda para a direita)-VALDIR PERES, LEANDRO, OSCAR, FALCÃO, LUISINHO e  JÚNIOR.

(Agachados da esquerda             para a direita)-NOCAUTE JACK-Massagista, SÓCRATES, TONINHO CEREZO, SERGINHO, ZICO e ÉDER.


Fabio Pereira

Esta SELEÇÃO BRASILEIRA de Futebol foi escolhida pela crônica esportiva mundial como uma das 50 maiores equipes de futebol de todos os tempos na história do futebol mundial. Nós não ganhamos esta Copa, mas ganhamos o mundo. No dia 05 de julho de 2022, esta equipe irá completar 40 anos de sua participação e de sua brilhante campanha na XII COPA DO MUNDO DE FUTEBOL NA ESPANHA EM 1982.

 A euforia do Povo Brasileiro acompanhava com muita alegria, satisfação e certeza de                                            que esta seleção faria uma brilhante Copa e iria trazer para nós, amantes do Futebol o tão sonhado título de “TETRACAMPEÃO” de Futebol conquistado naquela Copa da Espanha. Mas, infelizmente, quis o destino que isso não acontecesse.

 A maior equipe de craques reunidas depois daquela grande seleção de 1970 que trouxe o TRI para nós de PELÉ, RIVELLINO, GÉRSON, CLODOALDO, JAIRZINHO, TOSTÃO, CARLOS ALBERTO e muitos outros craques treinados por ZAGALLO deram para nós no MÉXICO, a taça JULES RIMET em definitivo, porque vencemos 3 Copas. Depois desta seleção de PELÉ e cia., nossa melhor seleção foi a de 1982.Terminamos a primeira fase da Copa da Espanha como primeiro do grupo dando um show de bola e jogando um espetacular FUTEBOL-ARTE sobre o comando do grande técnico TELÊ SANTANA. Nós ainda tínhamos trabalhando ao lado de TELÊ o competente Preparador  Físico GILBERTO TIM que realizou trabalhos brilhantes por todos os clubes que passou e na seleção também. O Técnico GUARDIOLA do MANCHESTER CITY da INGLATERRA hoje e que treinou o BARCELONA DA ESPANHA e o BAYER DE MUNIQUE DA ALEMANHA fala com muita satisfação, admiração e amor por nossa seleção de 1982. Ele disse que se uma equipe de futebol até hoje é lembrada pelo que  fez é porque este é como um livro ou um filme que de tão maravilhosa escrita, criação e produção ser lembrado até hoje é porque então tudo isso é magnífico.

 Esta foi a nossa campanha na COPA DO MUNDO DA ESPANHA a XII COPA:

 Classificação: lugar

 Campanha: 5 jogos, 4 vitórias, 1 derrota, 15 gols a favor e 6 gols contra.

 Jogos: Brasil 2 X 1 URSS, Brasil 4 X 1 Escócia, Brasil 4 X 0 Nova Zelândia, Brasil 3 X 1 Argentina e Brasil 2 X 3 Itália.

 FALCÃO, destaque do Brasil naquela Copa, considerado pela FIFA o melhor jogador da competição, recebeu o troféu BOLA DE PRATA.

 ZICO foi o terceiro artilheiro da competição, recebendo o troféu Chuteira de bronze.

 “EM 2022, O FUTEBOL MUNDIAL VAI COMEMORAR OS 40 ANOS DESTA BRILHANTE SELEÇÃO BRASILEIRA COM SEU FUTEBOL-ARTE E A GENIALIDADE DE SEU TREINADOR TELÊ SANTANA.”



 CARTA ABERTA Á SELEÇÃO DE 82, HOMENAGEADA NO BOLA DE PRATA EM 2017, NOS SEUS 35 ANOS DE HISTÓRIA. NA VOZ DO ATOR DAN STULBACH


A belíssima seleção de 82. Em pé, da esquerda para a direita: Telê Santana, Valdir Peres, Oscar, Edinho, Luisinho, Toninho Cerezo, Júnior, Renato Murcho, Sócrates, Leandro, Juninho e Carlos. Agachados: Edevaldo, Zico, Paulo Isidoro, Batista, Serginho Chulapa, Paulo Sérgio, Dirceu, Éder Aleixo, Careca e Pedrinho.


NOSSOS CAMPEÕES

“Saudosismo, nostalgia, apego ao passado, acho que não. O que aconteceu 35 anos  ficou como uma tatuagem na alma e no coração de milhões de Brasileiros ou melhor, de milhões de seres humanos por todo o mundo.

Sim, VALDIR, LEANDRO, OSCAR, LUISINHO E JÚNIOR, CEREZO, FALCÃO, SÓCRATES E ZICO,ÉDER E SERGINHO. Estes são nomes que serão lembrados para sempre assim como : Mozart, Mails, Drummond,  Neruda, Becker, Sartre, Picasso, Caravaggio, Kurosawa, Chaplin, John, Paul, George e Ringo.Porque eles, como todos os outros que eu citei aqui marcaram o mundo pela arte, na essência mais pura, e nesse caso o importante não é  ter, é ser.

Esses caras que jogaram a Copa de 82 transformaram em arte algo que era um simples jogo,11 contra 11; com eles o futebol 11 contra 11 parecia outra coisa, uma  tela, uma sinfonia, poesia, poesia pura.

Não quero e não sou ninguém para apontar erros que teriam sidos cometidos se é que foram, eu quero mesmo é ficar com as imagens dos gols que eles fizeram na memória e sempre que puder relembrar e lembrar de novo e mais uma vez e outra, porque aquilo era um sonho não de título de Copa do Mundo, aquilo era um sonho  de um novo BRASIL.

Um BRASIL bonito,um país de rumo certo, um país que deixaria de ser do futuro e                  seria de um presente mais possível que sempre.

Impossível desvencilhar o time de 82 do sonho de um país melhor. Imagino que se                   tivéssemos ganho tudo seria diferente, mas é uma hipótese e na vida real não trabalhamos com isso.

Fica aqui então, em nome de muita gente, mas muita gente mesmo um MUITO OBRIGADO, vocês foram por alguns momentos o sonho possível de que tudo poderia               ser feito com carinho, amor, coração e alma e podem ter certeza muitos moldaram seu caráter e seu caminho na vida olhando pra vocês.

Vocês não ganharam a Copa, azar da Copa.Vocês ganharam um espaço imenso dentro do coração de toda uma geração que cresceu a partir dessa história e tendo esta história para contar pra quem veio depois,VALEU FOI DEMAIS!”







FALCÃO ESCREVEU UMA CARTA SOBRE AQUELA SELEÇÃO DE 82 PARA O JORNAL O LANCE EM ABRIL DE 2020


"O esporte precisa causar emoção. O torcedor tem de se sentar numa poltrona ou numa arquibancada e sentir-se tocado com o que em campo ou em quadra. Por isso, os times devem ter performance e jogar bem.

 Muitas equipes que vencem não emocionam a torcida. Independentemente se ganha  ou não, um time entra para a história quando se torna marcante. Mil novecentos e oitenta e dois é isso: uma Seleção que emocionou.

 A reprise dos jogos da Copa da Espanha está acontecendo no 'SporTV' por esse  motivo: aquele time mexeu com as pessoas. É importante construir um time que ganhe, mas que entre para a história por ter jogado bem. Do contrário, torna-se apenas um dado estatístico.

 Não me lembro de outra Seleção Brasileira que tenha perdido e ainda assim seja tão reverenciada como a de 1982. Penso que foi o destino. Entramos classificados contra a Itália. Eles fizeram um gol no início do jogo e nós empatamos em seguida.

 Ninguém errava naquele time; valorizávamos o coletivo. Quando Cerezo recebeu do      Waldir Peres, a bola passou rápida por mim e acabou mais próxima do Júnior e do Rossi. Era o 2 a 1 da Itália. Não falamos nada; não vimos erro do Cerezo. Aquilo foi uma dividida, e Paolo Rossi teve mais sorte.

Quando empatei, já no segundo tempo, foi uma emoção indescritível. Na pior das hipóteses, o jogo terminaria 2 a 2 e nós estaríamos na semifinal. Meu gol era o da classificação. Tão marcante quanto aquele gol foi nossa vibração.

 Quando o Júnior me deu a bola, dominei e pensei em tocar para o Cerezo, que passava. Três jogadores da Itália foram atrás dele. A jogada se transformou num       drible e eu chutei. Nunca tive aquela força com a canhota. Brinco dizendo que o Brasil chutou comigo aquela bola.

 Ao contrário do que muita gente ainda pensa, tínhamos, sim, poder de marcação. Em                    cinco jogos, marcamos 15 gols e levamos cinco. Estávamos sempre próximos um do                       outro; o time era compacto.

 Nas laterais, contávamos com dois craques que poderiam jogar no meio-campo, tamanha a técnica que possuíam. Quando o time atacava, Oscar e Luizinho ficavam.           Se eu, Zico e Sócrates estivéssemos marcados, Júnior e Leandro avançavam, com muita qualidade. Todos jogavam, tocavam de primeira e apertavam.

 O ambiente também era ótimo, de muita responsabilidade. O time treinava demais. O som do vestiário era a música do Júnior, o 'Voa, Canarinho, voa', que virou sucesso e se transformou no nosso hino.

 Das sete partidas daquela Copa, disputamos cinco; paramos na semi. Ainda assim, o melhor jogador da competição; ganhei a Bola de Prata.

Penso que o justo, mesmo, era a Seleção Brasileira ter ganho a Bola de Ouro. Afinal, há times que marcam mais pelo que fazem do que pelo que conquistam. Assim foi conosco.

 Evidentemente, a derrota foi pesada. A entrevista do dia seguinte foi difícil. Tínhamos uma ótima relação com a imprensa. Lembro que alguns jornalistas choravam.

 Para mim, todo esse reconhecimento mundial, até hoje, é uma grande vitória. Não tenho outra explicação para isso que não seja a emoção que causamos. Se vale mais                          que um título não sei, mas é gratificante sermos lembrados com tanto carinho e respeito mesmo sem termos sido campeões.

Ser lembrado sem ter ganhado. É como ter dirigido um filme há 50 anos e esse mesmo filme ainda hoje comover as pessoas. O diretor deve se sentir feliz com isso.

 A Seleção Brasileira de 1982 levou alegria ao mundo e emoção à torcida. Por isso,                              apesar da derrota, não tenho como ficar triste. Fomos campeões. Campeões do encantamento".

 PAULO ROBERTO FALCÃO