segunda-feira, 19 de abril de 2021

HÁ 25 ANOS DO MASSACRE DOS SEM-TERRAS EM ELDORADO DE CARAJÁS, NO PARÁ, A LUTA PRA VARRER COM O LATIFÚNDIO ESTÁ NA ORDEM DO DIA



 Carmanim Elisalde

Há 25 anos, exatamente no dia 17/04 de 1996, em Eldorado dos Carajás, no Pará, o governador Almir Gabriel do PSDB ordenou através da Secretaria de Segurança Pública o massacre de 19 companheiros sem-terras executado pela Polícia Militar daquele Estado do norte do país.

Após a reversão de um parecer do INCRA - Instituto Agrário de Colonização e Reforma Agrária, favorável à desapropriação da terra para o programa de reforma agrária para 3.500 famílias de sem-terras que ocupavam a Fazenda Macaxeira, através de um laudo atestando que a propriedade era produtiva, 1500 sem -terras saíram em marcha pela rodovia BR-155 em direção à capital do Estado, Belém, para demonstrarem sua insatisfação e repudiarem a decisão do governo federal de FHC e do governador Almir Gabriel, ambos do PSDB.

Na famigerada curva do S, os sem-terras foram surpreendidos e sitiados por 155 policiais militares que abriram fogo contra os trabalhadores indefesos e seus familiares.

Dos 155 policiais envolvidos na ação, somente os dois comandantes da tropa de assassinos acabaram sendo condenados, em 2012, sendo que o infame coronel Pantoja, que cumpria pena de prisão de 228 anos, em regime domiciliar, faleceu em 2020.

O Ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, na época, Arthur Virgílio, declarou admitindo que foi uma chacina que o governador Almir Gabriel do seu partido "não deu ordem nenhuma e foi surprendido como todos." (Jornal O Estadão, 18/04/2021)

Já o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso escreveu em seu Diários da Presidência que "Foi o pior dia desde que cheguei ao governo. O massacre me preocupou. (...) Almir me deu explicações, coitado. Ele é todo de esquerda, e sua polícia é que foi matar dessa maneira selvagem." (Idem)

O presidente genocida, Jair Bolsonaro, em 2018, na condição de pré-candidato presidencial foi ao local pra defender os policiais militares autores da chacina, já demonstrando o seu caráter de miliciano e fascista. 

Não é de se surpreender portanto que além de ser o principal responsável por quase 400 mil vidas que foram ceifadas pelo COVID-19, oficialmente, sob o governo Bolsonaro tenha crescido vertiginosamente a violência no campo contra os sem-terras, contra os índios, e contra os quilombolas.

A memória dos companheiros sem-terras que tombaram na chacina de Eldorado dos Carajás deve ser lembrada sempre, e nunca esquecida, como um marco na luta para acabar com o latifúndio, que sob a cobertura do chamado agronegócio promove no campo uma acumulação do capital baseada na exportação de grãos, de commodities agrícolas, através de uma enorme desvalorização da força de trabalho, assentada no exército de milhões de desempregados.

A auto-defesa dos sem-terras é o ponto principal para enfrentar os exércitos de jagunços armados dos fazendeiros que agem impunemente assassinando trabalhadores indefesos que lutam tão somente para ganhar o pão de cada dia plantando num pedaço de terra. 

- Pela punição de todos os policiais militares envolvidos na chacina.
- O estado capitalista é o principal responsável por este e por todos os massacres promovidos contra os sem-terras, contra os índios e contra os quilombolas.
- Reforma Agrária sob o controle dos trabalhadores pobres do campo.