terça-feira, 2 de março de 2021

EDIÇÃO EXTRA DO JORNAL TRIBUNA CLASSISTA



Baseado no critério marxista da necessidade vital das mais amplas massas que estão comendo o pão que o diabo amassou por todo o continente latinoamericano e nos EUA, e não no critério "dos ganhos das particularidades organizativas", que geralmente coloca a carreta na frente dos bois, estamos publicando esta edição extra do jornal TRIBUNA CLASSISTA que consiste num chamado do Partido Obrero da Argentina pela realização da Segunda Conferência Latinoamericana e dos EUA.

A estratégia política de uma proposta de atividade dessa monta, no nosso entendimento, não pode ser outra que a defesa da Unidade Socialista dos trabalhadores de todo o continente americano, na luta por governos de trabalhadores.

O Brasil se encontra nesse momento no olho do furacão da crise mundial do capitalismo que se agravou com a crise sanitária provocada pela pandemia e se converteu em uma crise humanitária com mais de 250 mil vidas perdidas em função do Covid-19, só perdendo para os EUA, no ranking mundial do número de mortes, que já passou da casa do meio milhão de mortos.

O colapso do sistema hospitalar se expressa no número de pacientes atacados gravemente pelo Covid-19 que aumentam em uma escala geométrica e o número de leitos disponíveis de UTI totalmente desproporcional frente a essa necessidade emergencial e vital. 

O governo Bolsonaro agiu desde o início da crise da pandemia deliberadamente para provocar esta catástrofe humanitária que está atingindo a maioria das famílias dos trabalhadores, totalmente vulneráveis assolados pela miséria crescente, seja por conta de um poder aquisitivo cada vez menor provocado pelo arrocho salarial, seja pelo desemprego que atinge números recordes, seja pelas péssimas condições de moradia, ou pela falta de moradia, falta do básico para a manutenção de um núcleo familiar, como alimentos, vestuário, transporte, etc., falta de saneamento básico, enfim, em uma condição cada vez mais desumana de vida.  

São milhões de seres humanos no país que não possuem outra perspectiva a não ser aquela retratada na obra de João Cabral de Mello Neto, Morte e Vida Severina, à espera de uma "morte morrida", ou de uma "morte matada", na emboscada de um regime político que empurra a maioria dos trabalhadores para uma situação de barbárie.

Por outro lado, a atual crise com os governadores estaduais, os quais 19 assinaram manifesto contestando dados apresentados por Bolsonaro, entre eles até então bolsonaristas de carteirinha como Ronaldo Caiado de Goiás e Ratinho Jr. do Paraná, e outros que já desembarcaram muito antes e mais recentemente do navio bolsonarista, como João Dória de São Paulo e Eduardo Leite do Rio Grande do Sul, respectivamente, expressa uma burguesia totalmente fracionada, por conta de uma crise capitalista mundial que comprimiu o butim do estado, e como o lema da burguesia é "negócios são negócios", a luta de foice no escuro entre os de cima está se dando em torno do que consiste nesse momento uma questão de vida ou morte para a maioria da população trabalhadora, que é um programa de vacinação em massa da população, respiradores para os pacientes que estão sofrendo em estado grave, EPIs e EPCs para os profissionais de saúde que amargam duplamente as consequências da pandemia, leitos de UTIs, cumprimento dos protocolos sanitários para proteção dos trabalhadores que trabalham nos serviços essenciais (conceito esse relativizado por quem financia o governo de plantão). 

Ao invés de procurar debelar as consequências cada vez mais letais provocadas por novas cepas do coronavírus, o que se vê no cenário nacional é o aumento de denúncias de corrupção por todos os cantos, que permeiam toda a malha do regime político, começando pelos que estão frequentando esporadicamente o Palácio do Planalto, passando pelo parlamento, judiciário, governadores, prefeitos, enfim, uma verdadeira farra com os recursos dos trabalhadores, enquanto estes não possuem direito a uma ambulância para transportar seus familiares atingidos pela peste maldita, direito a um leito de UTI hospitalar, enfim ao mínimo elementar para se defenderem de qualquer enfermidade que os atinja.

As "iniciativas" tomadas por aqueles que falam em nome dos trabalhadores são zero x zero, e quando são tomadas minimamente são para defender o auxílio emergencial de R$ 600,00 que segundo os mesmos "vai ajudar a fomentar a economia e diminuir a pobreza a miséria no País"; um plano nacional de vacinação para todos que a partir do SUS seja "integrado e articulado com todas as esferas públicas ... e o setor privado"; e um plano de "mais empregos" com a "retomada imediata de obras paradas", ou seja, um programa que qualquer bolsonarista assinaria embaixo para uma mobilização nacional convocada para o dia 04 de março. 

É necessário levantar um programa que contemple as necessidades reais dos trabalhadores em relação a esses pontos, como a defesa de um auxílio emergencial equivalente ao salário mínimo calculado pelo DIEESE, um Plano Nacional de vacinação em massa centralizado por um Comitê Nacional dos trabalhadores da saúde e demais membros da classe trabalhadora, que defenda a quebra das patentes contra os monopólios fabricantes de vacinas, a nacionalização da indústria farmacêutica sem indenização sob controle dos trabalhadores, a estatização de todo o sistema de saúde sob controle dos trabalhadores, nem uma verba pública para os capitalistas que tratam a saúde como mercadoria, fora os "setores privados" da campanha de vacinação que já especulam a compra de vacinas independentemente, no mercado mundial, por um Comitê Nacional de Contingência independente dos trabalhadores para fazer frente ao colapso bolsonarista e por uma Campanha pela redução da jornada de trabalho sem redução dos salários para repartir entre todos os trabalhadores as horas de trabalho, escala móvel e aumento geral dos salários frente à disparada das tarifas públicas e dos alimentos de primeira necessidade, prorrogação e ampliação do programa nacional de seguro-desemprego até que os trabalhadores desempregados consigam uma vaga de trabalho. 

Não há saída nos marcos do capitalismo e do regime em decomposição, é necessário em todas as tendências de mobilização dos trabalhadores levantar um programa que contemple as suas necessidades mais prementes na perspectiva da luta por um governo dos trabalhadores, e é justamente isso que está ausente na convocação feita por todas as centrais sindicais para o dia 04/03. 

Em nome do Conselho Editorial do jornal Tribuna Classista


Vide link:

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