quinta-feira, 21 de maio de 2020

URUGUAI: HÁ 25 ANOS DA MARCHA DO SILÊNCIO

Guilherme Giordano
O jornal The New York Times acaba de divulgar no seu editorial que a demora em aplicar o lockdown nos EUA ceifou a vida de 36 mil pessoas. 

Por ser o principal porta-voz do imperialismo norte-americano é normal que ele não tenha dito que a vida dessas pessoas poderia ser salva não somente pela demora em aplicar as medidas de proteção sanitárias, mas porque grande parte sucumbiu dentro de casa por não terem condições econômicas de pagarem um seguro de saúde para os monopólios privados que tratam a saúde como se fosse uma mera mercadoria.

No Rio de Janeiro, o adolescente  negro João Pedro de apenas 14 anos depois de uma ação policial e de ter desaparecido foi encontrado morto e sua casa recebeu, segundo dirigente comunitário, nada menos que 72 tiros da PF do genocida e fascista Bolsonaro e da polícia civil do governador não menos genocida e fascista Wilson Witzel, bolsonarista arrependido, que comemorou o assassinato de Marielle Franco e até ajudou a arrancar uma placa de rua em sua homenagem e desceu de um helicóptero na Ponte Rio-Niterói depois de um snyper covardemente ter alvejado um outro jovem negro que já havia se rendido, comemorando como se fosse um gol no Maracanã. Antes disso, havia participado em Angra dos Reis a bordo de um helicóptero de metralhamento de um templo de orações.

A matança da população trabalhadora seja no coração do imperialismo, seja num país periférico como o Brasil, é uma política sistemática e deliberada do estado capitalista, a começar pela sede e pela fome.

Nos marcos da pandemia que já ceifou milhares de vida no país e no mundo, os Bolsonaros da vida ( ou melhor, da morte), tanto os convictos como os arrependidos (afinal, até o ex-presidente Collor depois de 30 anos se declara arrependido de ter confiscado os pequenos poupadores) continuam matando os trabalhadores e seus filhos através das balas assassinas do estado capitalista e dos seus milicianos e para-militares, ou como agora através do contágio do COVID-19, em uma larga escala.


Em 20 de maio de 1996, debaixo de garoa, um grupo de pessoas saiu às 19h de uma pequena praça entre a rua Jackson e a avenida Rivera, em Montevidéu, pegou a avenida 18 de Julho, a principal da capital uruguaia, e seguiu até a praça Liberdade. Caminhando lado a lado, sem dizer nada, prestavam suas homenagens e devolviam ao Estado o mesmo que recebiam quando pediam pela verdade sobre os desaparecidos durante a ditadura (1973-1985): o silêncio. (FOLHAPRESS)

Queremos render nossa homenagem aos desaparecidos e mortos pela sangrenta ditadura militar, aos seus familiares, e ao conjunto da classe trabalhadora uruguaia, que há 25 anos da Marcha do Silêncio continua sofrendo e sendo explorada pelos diversos governos capitalistas que se sucederam, inclusive aqueles que ofereceram um verniz de esquerda democratizante para administrar o condomínio falido do estado capitalista, para serem a outra face da ditadura do capital.

Não à impunidade aos assassinatos do estado capitalista de ontem e de hoje no Uruguai e em toda a América Latina!

Pela Unidade Socialista dos trabalhadores da América Latina e do Caribe!