terça-feira, 19 de maio de 2020

O CASO FREIXO


Roberto Rutigliano - TRIBUNA CLASSISTA RIO DE JANEIRO

Freixo desistiu de ser candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro argumentando que quer lutar numa frente ampla. Ele também fala que a esquerda precisa maturidade. Temos que constatar aqui que cada vez que a palavra "maturidade" sai da boca de uma liderança de esquerda ela serve como recurso para abandonar princípios básicos com os quais se constrói uma força classista e se aproximar a grupos representantes de outros interesses políticos.

Esta atitude está ligada a um movimento que está ocorrendo no Brasil . A Folha publicou : "Enquanto isso, em São Paulo e no Rio, a intransigência do parisiense Ciro Gomes, a relutância de Lula em reconhecer o colapso da hegemonia petista, e as micro querelas do PSOL inviabilizaram a frente ampla. Transformado pela pandemia, o Consórcio do Nordeste está criando as condições para a emergência de uma geringonça nos moldes da portuguesa. Basta olhar para a parceria produtiva entre Rui Costa e ACM Neto e para as conversas exploratórias entre Flávio Dino e Luciano Huck. Assombrado pelas suas derrotas recentes, o campo progressista demora a se transformar. Mas nada de desespero: a formação de uma aliança transversal que incorpore o melhor do petismo está muito mais avançada do que o marasmo atual deixa transparecer.”

Como vemos a burguesia está querendo a volta de uma frente de unidade nacional que reúna a ultra direita de Luciano Huck e ACM Neto junto com lideranças chamadas "progressistas".

No Rio, esta linha de raciocínio se materializa numa aproximação  aos evangélicos e na unidade de grupos que coloquem na mesma mesa a  Paes,,  Benedita e setores do PSOL ligados à marqueteira política Paula Lavigne. Neste embrulho surge um novo candidato com o intuito de colocar na prateleira um novo modelo político que agrade a gregos e troianos:  o pastor Henrique Vieira . Esta figura pode sepultar a expectativa de transformar o PSOL em um partido de esquerda socialista e o caricaturar como uma ferramenta da pequena burguesia da zona sul carioca adornado para ser oferecido como um partido de uma esquerda palatável.

Entendemos que a independência política da esquerda está em jogo. A ideia de uma frente ampla assim como a candidatura de um pastor "progressista". que consiga atrair setores da direita e da esquerda no seu curral eleitoral é apenas possível domesticando os princípios históricos classistas que deveriam nortear a toda organização que luta contra o capitalismo.  Esperemos que os grupos internos do PSOL rompam com estas novas diretrizes e comecem a trabalhar na construção de uma frente de esquerda verdadeira.