sábado, 22 de fevereiro de 2014

PRISÕES E REPRESSÃO POLICIAL NA MANIFESTAÇÃO CONTRA A COPA EM SÃO PAULO

                                                                         
                                  

Wesley Paulow / USP


No último sábado dia 22, em São Paulo, ocorreu o primeiro protesto contra a Copa do Mundo, após a morte do cinegrafista Santiago Andrade, e das intensas tentativas por parte da mídia burguesa de criminalizar os movimentos sociais.
O ato foi convocado para a Praça da República no final da tarde de sábado. O horário, o dia da semana e o lugar chamado não foram exatamente um estimulo a quem queria protestar.
O ato foi esvaziado, não reunindo mais que 1500 pessoas, a maioria dos quais militantes de esquerda, trabalhadores e principalmente uma parcela significativa da juventude, que participaram do protesto, como o autor dessas linhas.
Houve grande diferença de perspectiva entre as palavras de ordem que os manifestantes gritavam: uma parte deles gritava “não vai ter Copa”, e outros, de forma mais consciente,lançavam gritos de “Copa pra quem?”.
O aparato policial era praticamente o dobro daquele de manifestantes: cerca três mil policiais ocupavam o centro de São Paulo, seguindo pela rua Augusta e a Consolação até a avenida Paulista. Além disso, estava presente para auxiliar na repressão a “Tropa do Braço”, policiais lutadores de jiu­jitsu que não fizeram nada de inovador, repetiram mais do mesmo: bater, bater e bater.
De qualquer forma, não poderia ter faltado o que já é de praxe: bombas, balas de borracha e cassetetes. Arbitrariamente, sem início de tumulto algum, a polícia foi isolando grupos no protesto, alegando  que eles começariam a correr e a quebrar tudo. Daí então foram iniciadas as prisões e as detenções, a PM alcançou seu maior número em uma única manifestação neste ano: 260 presos. Entre os que compõe a lista estão alguns repórteres e até um professor da USP.
Esses números tendem à ser iguais ou maiores no futuro, caso a tentativa de criminalizar as manifestações de rua por parte do governo e do Congresso, com o Projeto de Lei Antiterrorismo for aprovado, já que o conceito de terrorismo empregado no Projeto de lei é muito amplo e daria vazão para a  detenção de qualquer pessoa que simplesmente estiver participando de um protesto, o que na prática, a partir dessa manifestação, já está ocorrendo.
O próximo ato contra a Copa já está marcado para o dia 13 de março, a concentração está marcada para as 18h no Largo da Batata, em Pinheiros, zona oeste da capital. Não se pode recuar e deixar as coisas como estão, é preciso lutar para mostrar que não se pode entregar o país de bandeja para a FIFA e os interesses da burguesia nacional e estrangeira. É preciso lutar, independente do fato de se iremos ganhar, ou não, as próximas batalhas, devemos lutar, e é isso que faremos!