Wesley
Paulow / USP
No último sábado
dia 22, em São Paulo, ocorreu o primeiro protesto contra a Copa do Mundo, após a
morte do cinegrafista Santiago Andrade, e das intensas tentativas por parte da mídia burguesa de
criminalizar os movimentos sociais.
O ato foi
convocado para a Praça da República no final da tarde de sábado. O horário, o
dia da semana e o lugar chamado não foram exatamente um estimulo a quem queria
protestar.
O ato foi esvaziado,
não reunindo mais que 1500 pessoas, a maioria dos quais militantes de esquerda,
trabalhadores e principalmente uma parcela significativa da juventude, que
participaram do protesto, como o autor dessas linhas.
Houve grande
diferença de perspectiva entre as palavras de ordem que os manifestantes
gritavam: uma parte deles gritava “não vai ter Copa”, e outros,
de forma mais consciente,lançavam gritos de “Copa pra quem?”.
O aparato
policial era praticamente o dobro daquele de manifestantes: cerca três mil
policiais ocupavam o centro de São Paulo, seguindo pela rua Augusta e a
Consolação até a avenida Paulista. Além disso, estava presente para auxiliar na
repressão a “Tropa do Braço”, policiais lutadores de jiujitsu que não fizeram
nada de inovador, repetiram mais do mesmo: bater, bater e bater.
De qualquer
forma, não poderia ter faltado o que já é de praxe:
bombas, balas de borracha e cassetetes. Arbitrariamente,
sem início de tumulto algum, a polícia foi isolando grupos no protesto,
alegando que eles começariam a correr e a quebrar tudo.
Daí então foram iniciadas as prisões e as detenções, a PM alcançou seu maior
número em uma única manifestação neste ano: 260 presos. Entre os que
compõe a lista estão alguns repórteres e até um professor da USP.
Esses números
tendem à ser iguais ou maiores no futuro, caso a tentativa
de criminalizar as manifestações de rua por parte do governo e do Congresso, com o Projeto de Lei Antiterrorismo for aprovado, já que o conceito de
terrorismo empregado no Projeto de lei é muito amplo e daria
vazão para a detenção de qualquer pessoa
que simplesmente estiver participando de um protesto, o que na
prática, a partir dessa manifestação, já está ocorrendo.
O próximo ato contra a Copa já está marcado para o dia 13 de março,
a concentração está marcada para as 18h no Largo da Batata, em Pinheiros, zona
oeste da capital. Não se pode recuar e deixar as coisas
como estão, é preciso lutar para mostrar que não se pode entregar
o país de bandeja para a FIFA e os interesses da
burguesia nacional e estrangeira. É preciso lutar, independente do
fato de se iremos ganhar, ou não, as próximas batalhas, devemos lutar, e é isso que
faremos!