segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

2014 – GREVES E LUTAS DE RUAS ASSOMBRAM O CONJUNTO DO REGIME POLÍTICO




A situação política e econômica do país está ligada à continuidade da crise mundial do capitalismo, que agora golpeia fortemente os chamados “mercados emergentes”. Depois do retrocesso no quinquênio posterior a 2008, os índices de atividade econômica de 2007 estão muito longe de serem alcançados. O crescimento do PIB no Brasil, assim como nos EUA, situa-se na casa dos 2%, e na Europa, em pífios 0,8%.
O saldo da balança comercial brasileira despencou quase que 90% em relação a 2012, e é o pior resultado desde 2000, ano marcado por um déficit (exportação inferior à importação) de US$ 731 milhões. O ínfimo saldo positivo atingido em 2013 de apenas US$ 2,561 bilhões é graças a uma manobra contábil chamada de “exportação ficta”, porque se deve à venda de plataformas de petróleo para a própria Petrobrás. Mesmo com o corte brutal de gastos nas áreas essenciais para a vida dos trabalhadores como na saúde e educação, o superávit primário para abater a dívida pública foi o pior nos últimos 15 anos, 1,9% do PIB, quando em 1998 teve 0,33%, às vésperas do colapso do Plano Real. 
O terceiro principal destino das exportações brasileiras, a Argentina, acaba de promover uma maxi desvalorização do peso em uma política de ajuste contra os trabalhadores exigida pelo imperialismo, o FMI e o Clube de Paris, interessados com que as reservas sigam caindo para assegurar o pagamento da dívida externa usurária e parasitária.
Nestes marcos, as mobilizações da juventude e dos trabalhadores contra o aumento das tarifas de transportes e contra a Copa começam gradativamente a ocupar o cenário político nacional, palco das gigantescas manifestações que ocorreram em junho / julho de 2013, as quais iniciaram pelos mesmos motivos.
Mal iniciou o ano de 2014 e as greves de categorias como dos rodoviários e dos servidores municipais da saúde de Porto Alegre, e dos correios nacionais ocupam as manchetes midiáticas e obrigam os governos a acenderem o sinal de alerta, como no caso dos rodoviários da capital gaúcha que sofreram todo o tipo de ameaça como de intervenção do Ministério da Justiça através da assassina Força de Segurança Nacional, substituição dos motoristas pelo aparato da Brigada Militar, imposição de multas diárias ao sindicato, com a greve considerada abusiva pela justiça, etc. medidas que só não foram levadas adiante, porque o temor do governo Dilma, que monitora a greve, era de lançar um bumerangue com o mesmo efeito da repressão promovida em São Paulo pelos governos do PT e PSDB, Haddad e Alckmin, no ano passado, ou seja, de uma nova explosão multitudinária das massas.
Oito mil operários no porto de Rio Grande cruzaram os braços e exigem melhores condições de trabalho, negando-se a se exporem às altas temperaturas insuportáveis dos últimos dias. Os servidores públicos federais, que promoveram as maiores greves, nos últimos 10 anos, já desencadearam a sua campanha salarial, com um indicativo de greve a partir do mês de abril apontado no calendário de lutas. A incapacidade histórica da burguesia nacional manifesta-se em dois setores estratégicos e vitais para a população que são a água e a energia elétrica, com desabastecimento e contínuos apagões que se espalham por todo o país.
A temperatura começa a subir mais depressa do que os governos e os patrões imaginavam, porque os trabalhadores e a juventude revigorados depois de um período breve de calmaria, já dão demonstrações que não estão dispostos a permitir que enquanto a farra das empreiteiras, dos banqueiros, dos latifundiários, dos monopólios privados dos transportes coletivos, dos grandes industriais intensifica-se com o dinheiro público, através principalmente do BNDES, fazendo com que os salários sejam aviltados pelo avanço da inflação, as demissões passem a rondar de maneira mais intensa os postos de trabalho, como no caso da GM no final do ano passado, e os serviços públicos, como na área de saúde e educação sejam completamente sucateados para beneficiar os privatizadores. A luta de classes promete ganhar novamente as ruas em 2014, nos marcos de uma bancarrota capitalista que assola, tanto os mais remotos rincões, como os pontos centrais do planeta.