domingo, 2 de outubro de 2022

VOTAR NA CANDIDATURA DE VERA LÚCIA DO PSTU E DO POLO SOCIALISTA E REVOLUCIONÁRIO EM DEFESA DOS PRINCÍPIOS DA INDEPENDÊNCIA DE CLASSE

 


Guilherme Giordano

O último debate dos candidatos a presidente ocorrido e transmitido em cadeia nacional pela Rede Globo de televisão, com a proscrição das candidaturas do PSTU, PCB e UP, revelou toda a decrepitude do conjunto do regime político burguês. 

O que para muitos setores da burguesia e da própria esquerda soou como um show de horrores, ou algo anormal, constituiu-se como uma caixa de ressonância do funcionamento absolutamente normal de um regime político agonizante e dando cada vez mais sinais de um completo esgotamento.

Os representantes genuínos da burguesia, desde o atual presidente Bolsonaro com seu "cabo eleitoral" de batina, passando por Ciro Gomes, um mega empresário do Partido Novo e duas representantes do agronegócio do Estado do MS juntamente com Lula do PT, que é o comandante mor da política de colaboração de classes da frente popular, destilaram durante o debate a crise de um governo e de um regime político que em seu conjunto abriu uma fissura irreversível entre os interesses da classe dominante e suas frações de classe e as amplas massas despossuídas materialmente e politicamente de uma alternativa própria. 

As últimas pesquisas deixam em aberto uma possibilidade de Lula vencer as eleições no primeiro turno, nesse dia 02/10, ou o protelamento dessa virtual vitória no segundo turno, no dia 30/10, o qual, caso ocorra, cumprirá a função de deslocamento da candidatura de Lula ainda mais para a direita, subtraindo proporcionalmente à medida em que esse deslocamento avança os interesses dos trabalhadores na coalização dos partidos que ascenderão ao governo. 

É importante assinalar que a virtual derrota de Bolsonaro e do bolsonarismo nestas eleições irá escancarar toda a fragilidade de um governo com maior número de militares no seu interior do que os governos que brotaram do golpe militar de 1964 e que acabou se entregando ao famigerado orçamento secreto do Centrão no Congresso Nacional como uma das garantias para preservar a sua governabilidade. Após a transição reacionária do regime militar para a Nova República com seu mandato-tampão de Sarney e demais membros dos governos militares em aliança com a oposição consentida aos mesmos liderada por Ulysses Guimarães, uma operação de continuísmo e não de ruptura, ou seja, uma alteração da fachada militar por uma fachada civil, o único presidente que não foi reeleito foi o caçador de marajás da república de Alagoas, Collor de Melo, o qual possuía características parecidas com as de Bolsonaro, sendo a principal o fato de não possuir um partido, senão uma legenda de aluguel das tantas que existem no espectro do sistema partidário brasileiro.

É necessário dizer que frente a essa fragilidade incontestável do governo Bolsonaro revelada principalmente por uma enorme rejeição popular, a outra garantia da preservação da sua governabilidade foi a política desenvolvida pelo PT no parlamento e pela CUT, que apostaram todas as fichas no seu desgaste, ou na sua desidratação, como queiram, canalizando toda a revolta latente das massas que já haviam sido condenadas pela miséria crescente, pelo desemprego, etc. e acabaram finalmente sendo duplamente condenadas pelas milhares de mortes pelo COVID-19, provocadas por uma política deliberada de genocídio. 

O suposto "giro à direita" propagado pela esquerda em 2018, após a eleição de Bolsonaro, foi tão somente uma manobra política, primeiro para escamotear que os 14 anos de governo do PT em aliança com a burguesia e com o imperialismo pavimentaram o caminho para o golpe de estado em 2016 e para a ascensão de Bolsonaro ao governo e justificar uma ampla aliança com setores que foram os principais responsáveis pela condução do próprio golpe. 

A crise capitalista está impelindo as massas no mundo inteiro para uma luta de vida ou de morte contra os governos e regimes capitalistas. A função dos governos frentepopulistas que capitalizaram por ora as rebeliões populares é de tentativa de contenção e estrangulamento dos processos revolucionários que se colocaram em marcha em vários países. A função da candidatura de Lula em aliança com o golpista Geraldo Alckmin e um amplo leque de representantes do grande capital já é da tentativa de desmobilização e contenção de uma tendência latente de revolta entre os estratos mais empobrecidos da população. Esse papel começou a ser cumprido no esvaziamento gradual das mobilizações que ocorreram pelo Fora Bolsonaro, em 2021, que teve seu ponto culminante no dia 07/09 daquele ano, aonde a política de frente popular agiu para intimidar os trabalhadores e a esquerda no sentido de entregar as ruas para Bolsonaro e suas hordas fascistas. Isso repetiu-se e ficou evidente no 07/09 do corrente ano consolidando e consagrando o PT como um partido defensor e de preservação da ordem burguesa e de um regime político em frangalhos. 

O PSOL e sua federação com a golpista Rede abandonou qualquer veleidade de uma política classista ao cristalizar seu oportunismo eleitoral em torno à aliança burguesa e pró-imperialista conformada por Lula e o PT. O mesmo vale para os liquidacionistas do PCO, Trabalho, DS, etc. os quais se dissolveram nas fileiras da frente popular. O mais rídiculo de todos é o PCO, o qual virou o mais abnegado defensor da candidatura de Lula e do PT em aliança com a burguesia. Aliás, arvora-se abertamente de ser o maior e único a defender de fato "Lula presidente", tendo se antecipado com esta política há quatro anos atrás. Ou seja, o "Feliz 2022" do PCO é o mais longevo. Assim tristemente evoluiu da perspectiva de construção de um partido operário revolucionário para uma condição de conselheiro virtual do lulismo, ainda que tenha colecionado uma série de desafetos ao longo do tempo entre seus pares. 

O Agrupamento Tribuna Classista, nesse sentido, faz um chamado aos trabalhadores e à juventude, que estão amargando todo o peso da crise capitalista mundial, a votarem na candidatura da Vera Lúcia do PSTU e do Polo Socialista e Revolucionário, não obstante nossas divergências históricas, na perspectiva da luta para apartar os trabalhadores politicamente e organizativamente da burguesia e dos seus partidos e construir uma frente única que tenha como estratégia política a defesa das nossas necessidades mais prementes, de um governo dos trabalhadores da cidade e do campo e do socialismo.