domingo, 2 de outubro de 2022

BALANÇO PRELIMINAR DO PO ARGENTINO EM RELAÇÃO AO 1º TURNO DAS ELEIÇÕES NO BRASIL

 Artigo extraído e traduzido do link: 

https://prensaobrera.com/internacionales/brasil-hacia-un-ballotage-convulsivo


Lula vence primeiro  turno em eleição apertada

O primeiro turno das eleições presidenciais rendeu uma vitória para Lula da Silva, líder do PT, que obteve pouco mais de 48% dos votos contra pouco mais de 43% do atual presidente, Jair Bolsonaro. Como nenhum deles ultrapassou 50% dos votos, haverá 2º turno. Foi uma eleição altamente polarizada: a terceira colocada, Simone Tebet (MDB), mal ultrapassou os 4%. E Ciro Gomes, do PDT, obteve 3%. O resto dos candidatos colheram números marginais.

 Apesar de sua gestão ter sido marcada pelo crescimento da desigualdade social, da pobreza, do ataque aos protestos sociais e ao movimento de mulheres e da diversidade, e a terrível gestão da pandemia (que deixou centenas de milhares de mortos), o bolsonarismo venceu em vários Estados, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. No geral, fez uma eleição melhor do que as pesquisas previam, algumas das quais deram a Lula como vencedor no primeiro turno. Na reta final, uma série de medidas sociais foram lançadas para tentar se manter na corrida presidencial (menor preço dos combustíveis, aumento dos planos sociais). Ao mesmo tempo, recorreu inúmeras vezes para questionar a corrupção nos mandatos petistas, discurso que Lula não conseguiu desmontar e provavelmente teve eco nas camadas médias.

Os candidatos de Bolsonaro superam os apoiados por Lula em governos-chaves, embora na maioria dos casos essas posições também serão determinadas no 2º turno. Lula compensou a derrota em importantes Estados com uma vitória esmagadora no Nordeste, que é a região mais pobre do país. Assim, capitaliza o descontentamento das franjas populares diante da fome e da pobreza. Lula venceu em alguns bairros populares, dentro daqueles historicamente favoráveis ​​ao PT do ABC paulista, por uma margem estreita, mas não foi suficiente para reverter o resultado no Estado, em que Bolsonaro triunfou.

 Com os resultados do primeiro turno, tudo indica que Lula vai ganhar no 2º turno. Isso, porém, significa um governo que vai ser cercado por um conjunto de Estados nas mãos do bolsonarismo, com o qual vamos presenciar um cenário convulsivo. Esse resultado árduo vai ser um pretexto para Lula justificar que vai se limitar às regras do regime político.

Lula provavelmente fez a campanha mais direitista de todas as que participou. Lula renunciou a uma agenda social como parte de uma adaptação à política de direita. Para conquistar o aval de Washington e das câmaras empresariais, ele nomeou o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, como seu vice-candidato. Prometeu que não reverteria as medidas mais antioperárias do bolsonarismo e do governo golpista anterior de Michel Temer, como a reforma trabalhista. Foi essa constatação que levou o ex-presidente neoliberal Fernando Henrique Cardoso a pedir apoio no primeiro turno. E recebeu o apoio de Henrique Meirelles, que é uma prévia de que provavelmente será seu ministro da Economia. Como um todo, Lula se apresentou à classe capitalista como o candidato capaz de conter as massas diante do agravamento da situação social.

Diante dessa situação, é fundamental a independência política dos trabalhadores da direita e de um futuro governo Lula que atuaria como veículo da política capitalista. Essa independência política é uma questão crucial que vai ser colocada em jogo e discutida nas organizações operárias, que não devem estar vinculadas ao PT, mas sim ser um instrumento de luta dos trabalhadores.