quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

FELIZ 2022? CANDIDATURAS E ELEIÇÕES X MOBILIZAÇÃO POPULAR

 

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GUILHERME GIORDANO

O ano de 2021 encerrou em uma situação de calmaria para todas as alas da burguesia, não por acaso, embora se saiba que isto só acontece, aparentemente. As tímidas mobilizações pelo Fora Bolsonaro, contidas pelas principais organizações de massa do país, antes que pudessem ganhar força com alguma veleidade classista, arrefece-las até conduzi-las a um ponto morto exigia uma tarefa daqueles que representam e dão sustentação ao conjunto do regime político.

Assim, as candidaturas à presidência da república foram acionadas e antecipadas faltando um ano das eleições e foram ocupando o centro da situação política, na mesma proporção que os manifestantes eram dissimuladamente convidados a se retirarem de cena e retornarem de volta pra casa.

Em meio a uma crise mundial e humanitária sem precedentes do capitalismo que atinge governos e regimes políticos inteiros, frente aos estertores do governo ultradireitista de Bolsonaro e seus pares, o eixo de sustentação do regime político tende a se deslocar cada vez mais para a política de frente popular do PT e da CUT, em uma aliança sem limites à direita, agora sem o disfarce do progressismo emedebista de Temer e seus acólitos, com Geraldo Alckmin, até pouco tempo um dos principais dirigentes do direitista PSDB, que promoveu nos governos municipais e estaduais de São Paulo, os piores crimes contra a classe trabalhadora.    

Entra em campo uma força tarefa de todas as alas da burguesia, principalmente da frente ampla em torno da candidatura de Lula, como um esforço concentrado e uma medida de precaução para tentar evitar que aconteça no Brasil o mesmo que aconteceu em vários países da América Latina e do mundo: uma rebelião popular que coloque em xeque as bases do conjunto do regime político.

As eleições e as candidaturas, portanto, estimuladas e lançadas com uma ligeira antecipação não são suficientes para resolver as contradições da crise capitalista. Se estão exercendo momentaneamente com uma relativa eficácia a função de contenção da ação direta das massas, por outro lado, são mais um combustível na crise, despertando um sentimento de incerteza política, combinado com a recessiva política dos juros em alta e a inflação galopante que já furou a barreira dos dois dígitos.

O ano mal iniciou e os trabalhadores dos serviços públicos federais iniciam uma mobilização por enquanto localizada na Receita Federal e no Banco Central, mas que tende a se alastrar e se estender para todos os servidores por conta da luta por reajuste de salários, que foram anunciados e aprovados no orçamento federal apenas para a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal, na tentativa desesperada de Bolsonaro manter sua base de apoio, além da greve dos metroviários de MG que tem previsão para durar até o dia 17/01, contra a privatização da CBTU, contra todas as medidas repressivas por parte do goveno Romeu Zema do Partido Novo e do judiciário. A luta é agora nas ruas, nos locais de trabalho, estudo e moradias da classe trabalhadora.