quinta-feira, 19 de novembro de 2020

O QUE AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS JÁ REVELARAM E CONFIRMARAM?

 AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS REVELAM O CONTEÚDO DA "DEMOCRACIA RACIAL"

CARMANIM ELIZALDE



"Basta a gente ver a composição da Câmara, cinco vereadores do PSOL. Muitos deles, jovens, negros. (...) Sem nenhuma tradição política, sem nenhuma experiência, sem nenhum trabalho e com pouquíssima qualificação formal". Candidato a prefeito de Porto Alegre,Valter Nagelstein (PSD)

Estas declarações do candidato a prefeito de Porto Alegre, Valter Nagelstein do PSD, em áudio, explicando o fracasso de um direitista arrivista nas eleições municipais em curso para o seu "público cativo" não são um episódio isolado, um exagero, nem uma exceção.

Junto com este "episódio", são incontáveis as manifestações das mais diversas maneiras: agressões, assassinatos, declarações, etc. que revelam o verdadeiro conteúdo do mito da "democracia racial". Na ocasião em que foi aprovada a política de cotas para negros na UFRGS, por exemplo, no outro dia os muros da universidade amanheceram com pixaçhões e palavras de ordem do tipo "FORA NEGROS DA UFRGS". E o candidato em questão faz referência à presença do negro na universidade, em seu áudio de cunho nazista, o que representa ser um incômodo para ele.

Essa declaração que partiu de um arrivista de plantão, desses ratos que saíram do esgoto para ocupar os gabinetes do parlamento ou do executivo, trás à luz do dia que o atual regime político burguês em estado de total putrefação é tão somente a superestrutura que se ergue em cima do modo de produção capitalista, da propriedade privada dos meios de produção, que no caso de um país periférico e atrasado como o Brasil combina as mais avançadas tecnologias industriais que contribuem para diminuir drasticamente o valor da força de trabalho, o "tempo de trabalho socialmente necessário", que é a parte da jornada de trabalho que o capitalista paga para que o trabalhador possa voltar no outro dia para continuar a relação de exploração e superexploração constituindo a escravidão assalariada com relações escravagistas da época do Brasil colonial, em que os escravos eram obrigados a trabalhar até morrer.

Valter Nagelstein é um desses playboys arrivistas que saiu das fileiras do progressista PDT, passou pelo PPS, PMDB e agora está no partido do Kassab, PSD, membro do centrão no Congresso Nacional, cria da oligarquia rural, do latifúndio que domina os grotões do interior do Rio Grande do Sul e tem um piquete permanente nos acampamentos em Porto Alegre que comemoram a Semana Farroupilha, o dia do gaúcho, 20/09, que reproduz as relações entre os estancieiros, seus capatazes e prendas, alegremente, etilicamente, ao som da gaita em galpões iluminados por candieiros. Relações de escravagismo no campo que perduram até os dias de hoje. 

Nossa total solidariedade à bancada negra eleita para a Câmara de Vereadores de Porto Alegre, que assumirá em janeiro de 2021, contra o ataque racista que vigora nos nossos dias, de uma classe dominante branca sequelada, caduca, atrasada, que precisa sair da frente, ser retirada, porque representa um entulho que precisa ser removido, que impede que a maioria negra explorada possa viver na sua plenitude, livres de todo o mal, sem violência, sem opressão.

A luta da maioria negra não pode ser dissociada da luta geral da classe trabalhadora, mesmo porque o negro é maioria do proletariado brasileiro, da luta pela emancipação política e social desse regime capitalista putrefato, da luta por um governo da maioria explorada, um governo dos trabalhadores.