quinta-feira, 15 de outubro de 2020

BOLETIM DOS SERVIDORES UNIDOS DE ALEGRETE nº 1

 



Desde 2018 que os servidores municipais vêm de alguma forma se organizando e fazendo grupos e manifestações, primeiramente diante da implantação do regime de oito horas, o qual culminou além de um impacto na renda dos servidores, pois a maioria foi obrigada a buscar outros empregos para complementar o salário, como também teve um grande impacto nas despesas da prefeitura, sendo que houve um considerável aumento nos gastos com luz, água, dentre outras despesas. Foram diversas reuniões, manifestações, na Câmara de Vereadores, na Prefeitura e nas redes sociais. 

Já nesse ano, em março foi para a Câmara o projeto de Lei número 036/2020, que aumentava a alíquota do RPPS, regime de previdência do Município, de 11 para 14% para TODOS os funcionários da Prefeitura. Lembrando que, há muita disparidade nos rendimentos dos servidores, que varia do salário mínimo a mais de três salários mínimos. 

Essa alteração na alíquota estava prevista conforme a reforma da previdência pela Emenda 103, que regulamenta as alíquotas das previdências dos servidores públicos, federais, estaduais e municipais. Tendo em vista esse cenário de disparidade nos salários, com funcionários ganhando muito pouco, foi que o grupo que já havia sido formado em 2018, junto com novos integrantes, começou a se movimentar novamente para uma ação contra os 14% para todos os servidores. Formou-se então, o grupo SERVIDORES UNIDOS DO ALEGRETE.

Devido à pandemia, as sessões da Câmara começaram a serem onlines, e a audiência pública que havia sido marcada em março, cancelada. Em junho, o projeto 036/2020 entrou em votação na Câmara, começou uma corrida para mobilizar o máximo de servidores possível e tentar barrar a votação. 

Formou-se um grupo de estudos para entender a Lei e as possibilidades que poderia haver para evitar os 14% para todos. Foram várias reuniões online, com os vereadores, para achar uma melhor maneira de não prejudicar principalmente os servidores que ganham menos.  

A votação foi em duas etapas e um projeto de Lei complementar que previa um escalonamento de 11 a 16%, de acordo com o básico de cada funcionário, foi apresentado como uma emenda substitutiva. Aprovada então, essa Emenda, já com o projeto 036 modificado, foi para a sanção do Prefeito que vetou o projeto 036. O veto foi para a Câmara que derrubou o veto e o projeto com a emenda substitutiva foi aprovado. 

Uma vitória importantíssima dos servidores municipais que mostraram sua força e união. Mesmo com o sindicato dos Municipários que há tempos deixa muito a desejar e não acompanha as demandas que os servidores mais necessitam, não estando nessa luta, nem sequer comunicando os servidores, que se dependessem do sindicato só saberiam do aumento da alíquota quando chegasse o desconto no contracheque. Um sindicato deve estar presente em TODAS as instâncias junto com os trabalhadores que Ele representa, sendo sócios ou não.

Esse movimento contra os 14% foi o primeiro passo para que mais mobilizações dos servidores aconteçam e em diversos assuntos que interferem diretamente na vida funcional do trabalhador. Também veio mostrar a importância de um sindicato ativo e representativo que realmente participe e conteste as pautas relacionadas ao servidor. Como por exemplo, a questão do Vale-Transporte que, com a mudança de empresa no transporte público, os funcionários ficaram um mês sem os cartões que dão acesso às passagens, através do mesmo. 

A Comissão dos servidores unidos do Alegrete procurou o Prefeito e o Secretario de Governo, através de ofícios e teve reuniões com os mesmos que garantiram que a situação estaria resolvida ate o final desse mês e que os funcionários voltariam a usar o cartão do Vale-Transporte, o que de fato aconteceu, mas sem a pressão necessária esse contexto poderia se estender por mais tempo. 

O sindicato em sua atual Gestão enfrenta diversos problemas e dilemas. Para começar, não se encontra a Carta Sindical do Sindicato o que seria uma espécie de certidão do Sindicato, um registro que valida como sindicato de fato. Não existindo ou não tendo sido renovada essa Carta Sindical, o sindicato não está regular e pode ser uma associação, sem valor sindical. 

Outro grave problema é a falta de comunicação entre a diretoria e os servidores; não há um diálogo, uma relação das atividades que o sindicato realiza ou deveria realizar, como a assembleia de prestação de contas, reuniões, e o processo Eleitoral. Esse que foi totalmente questionável e sem nenhuma publicidade. O edital não foi divulgado em jornais, redes sociais, apenas na sala antiga que o Sindicato ocupava, pois agora está ocupada pela UAMA (União das Associações dos Moradores de Alegrete). Portanto, não oferecendo espaço nem tempo para que uma chapa de oposição à atual direção pudesse ser composta e concorrer à eleição do Sindicato. 

No dia da Eleição, havia apenas uma pessoa na Comissão Eleitoral, essa mesma pessoa que participou de todo o processo, de contagem de votos e resultado SOZINHA. Trata-se também da pessoa que estava inscrita na chapa única que concorria ao Sindicato. Essa pessoa era o atual Presidente que se encontra presidente do sindicato há QUINZE ANOS, pasmem!

Todos os processos eleitorais que aconteceram foram com apenas a sua chapa para concorrer e acabando por se eleger em todos as últimas eleições do sindicato dos municipários de Alegrete. Essa situação, por se prolongar e se repetir, vem desmotivando e desassociando vários servidores ao longo desses 15 anos, por não verem uma mudança, ou por verem irregularidades no processo eleitoral e por não verem principalmente resultados para suas demandas pedidas.

O que deve haver além de todos os trâmites legais que já estão sendo providenciados pela Comissão dos servidores, bem como pelos próprios servidores? Tem que haver PARTICIPAÇÃO massiva dos funcionários não somente nessa questão do Sindicato, bem como em todas as pautas que haverão de serem abordadas, havendo interesse dos funcionários e empenho, como ocorreu no projeto 036 que foi modificado graças à mobilização dos servidores que buscaram alternativas para um escalonamento e obrigou o apoio de maior parte do Legislativo. Somente a união fará com que os servidores conquistem seus direitos e não deixem que percam os direitos já conquistados.