sexta-feira, 24 de julho de 2020

UM TEXTO E TODO UM SITE PROSCRITO

Estamos postando novamente este texto que foi publicado no site tribunaclassista.org.br posteriormente proscrito pela ditadura do capital.

Guilherme Giordano

Em 2016 ocorreu em Porto Alegre um Seminário em defesa da Saúde, Previdência e Trabalho convocado pelo SINDISPREVRS e o agrupamento Alicerce que atua no PSOL.

A mesa da manhã limitou-se a uma discussão técnica sobre os três setores que foram mencionados como tema do seminário e algumas generalidades sobre as vantagens do regime democrático burguês desde que golpes como o que acabou de acontecer sob as barbas do conjunto da esquerda brasileira não fugissem do script dos chamados golpes parlamentares acontecidos em Honduras e no Paraguai, quando todo mundo sabe que sem a anuência das Forças Armadas, um Congresso Nacional infestado de picaretas não votaria o golpe de estado, que foi um golpe militar.

Destacaram-se nessa mesa, a companheira Marilinda Fernandes e a professora Sara da Ufrj.

Na mesa que ocorreu na parte da tarde, composta por Plínio de Arruda Sampaio Jr. e Álvaro Bianchi, evidenciou-se por um caráter mais político.

Plínio defendeu a necessidade histórica da Revolução brasileira, mesmo que de maneira ufanista, pois segundo ele, as burguesias norte-americanas e francesas possuem motivos para comemorar suas revoluções, enquanto que no Brasil a própria burguesia tratou de aborta-la. Portanto, estaríamos diante da necessidade histórica de preenchimento de uma lacuna, a revolução democrática burguesa. Só não se disse a qual classe social estaria reservada esta tarefa. Uma limitada perspectiva nacionalista pequeno-burguesa.

O professor Álvaro Bianchi respondendo à saudação realizada pelo representante do Tribuna Classista sacou da cartola grosserias típicas da intelectualha acadêmica (segundo Chico Buarque: mistura de intelectual com canalha) do tipo: quem achar que o proletariado industrial é o protagonista histórico da revolução procure outro país, porque o proletariado brasileiro não possui nenhum papel a cumprir. E de quebra deu o exemplo das manifestações de junho de 2013. Vociferou contra a concepção leninista de partido advogando que o próprio movimento vai dar conta do programa, numa clara apologia do   movimentismo apartidário.

Como se não bastasse, o Seminário que se pronunciou contra o projeto  de cunho fascistoide da escola sem partido foi obrigado a ouvir desse suprassumo da arrogância em pó uma provocação direitista em forma de anedota de tremendo mau gosto para aqueles que bem ou mal buscam justamente o caminho da militância partidária: segundo ele, os estudantes ao ocuparem uma escola em SP, ao avistarem a aproximação dos partidos de esquerda que vinham no sentido de apoia-los,  correram pra dentro da escola e deixaram os militantes partidários do lado de fora, reservando-lhes o papel de guias de trânsito. "Bem feito para esses militantes!" Bradou o catedrático do alto da sua nojenta boçalidade.

Segundo ele, é isso que deve ser reservado para aqueles que buscam a independência de classe através de uma organização política: serem guias de trânsito do movimento, literalmente. O PSTU deve agradecer por este tipo ter se retirado do partido há bastante tempo. Fez um favor, nesse sentido.