sexta-feira, 7 de janeiro de 2022
quarta-feira, 5 de janeiro de 2022
APOIO INCONDICIONAL À GREVE DOS METROVIÁRIOS DE MINAS GERAIS
Guilherme Giordano
Os metroviários de MG entraram em greve no dia 23/12, atingindo 100% de paralisação da frota neste dia e no dia 24/12, em Belo Horizonte e em Contagem, embora o TRT já tivesse determinado que o movimento ficasse condicionado à escala mínima, nos horários de pico entre 5:30 às 10:00 horas e entre 16:30 às 20:00 horas, desde o início da greve.
"Os trabalhadores estão em greve desde 23 de dezembro de 2021, pedindo a suspensão dos efeitos da Resolução 206/2021, expedida pelo Conselho do Programa de Parceiras e Investimentos da Presidência da República, que determinou a cisão da CBTU e a transferência dos empregados da matriz de Belo Horizonte, no contexto da privatização da empresa. Representantes da CBTU e da Advocacia-Geral da União se comprometeram a dar uma resposta, o mais breve possível, sobre a reivindicação da categoria." (https://diariodotransporte.com.br/2021/12/28/metroviarios-de-bh-decidem-manter-greve-ate-17-de-janeiro-de-2022-mas-acordo-pode-acabar-com-paralisacao-antes/)
No dia 28/12, a categoria decidiu em assembleia que irá permanecer em greve até o dia 17/01, caso não ocorra uma resposta satisfatória da empresa e do governo Romeu Zema do Partido Novo.
O grau de combatividade no seio da categoria foi demonstrado em várias iniciativas de não acatar as decisões judiciais, em que estão previstas multas pesadíssimas diárias na ordem de R$ 30 mil.
O judiciário, por sua vez, demonstra sua total parcialidade em favor dos patrões, dos governos capitalistas, das privatizações, etc., como consequencia lógica de ser parte de um estado capitalista baseado na propriedade privada dos meios de produção, jogando por terra mais uma vez a ideia de um estado neutro, tão aventada pela esquerda que pretende administra-lo.
- PELO CUMPRIMENTO DE TODAS AS REIVINDICAÇÕES DA CATEGORIA!
- NÃO À PRIVATIZAÇÃO DA CBTU E À REMOÇÃO DOS TRABALHADORES!
- FORA ROMEU ZEMA E SUA NOVA SIGLA DE ALUGUEL!
- FORA BOLSONARO/MOURÃO E TODO O REGIME POLÍTICO BURGUÊS!
- POR UM GOVERNO DOS TRABALHADORES!
FELIZ 2022? CANDIDATURAS E ELEIÇÕES X MOBILIZAÇÃO POPULAR
X
O ano de
2021 encerrou em uma situação de calmaria para todas as alas da burguesia, não
por acaso, embora se saiba que isto só acontece, aparentemente. As tímidas mobilizações
pelo Fora Bolsonaro, contidas pelas principais organizações de massa do país,
antes que pudessem ganhar força com alguma veleidade classista, arrefece-las
até conduzi-las a um ponto morto exigia uma tarefa daqueles que representam e
dão sustentação ao conjunto do regime político.
Assim, as candidaturas
à presidência da república foram acionadas e antecipadas faltando um ano das
eleições e foram ocupando o centro da situação política, na mesma proporção que
os manifestantes eram dissimuladamente convidados a se retirarem de cena e
retornarem de volta pra casa.
Em meio a
uma crise mundial e humanitária sem precedentes do capitalismo que atinge
governos e regimes políticos inteiros, frente aos estertores do governo ultradireitista
de Bolsonaro e seus pares, o eixo de sustentação do regime político tende a se
deslocar cada vez mais para a política de frente popular do PT e da CUT, em uma
aliança sem limites à direita, agora sem o disfarce do progressismo emedebista
de Temer e seus acólitos, com Geraldo Alckmin, até pouco tempo um dos principais
dirigentes do direitista PSDB, que promoveu nos governos municipais e estaduais
de São Paulo, os piores crimes contra a classe trabalhadora.
Entra em
campo uma força tarefa de todas as alas da burguesia, principalmente da frente ampla
em torno da candidatura de Lula, como um esforço concentrado e uma medida de
precaução para tentar evitar que aconteça no Brasil o mesmo que aconteceu em
vários países da América Latina e do mundo: uma rebelião popular que coloque em
xeque as bases do conjunto do regime político.
As eleições
e as candidaturas, portanto, estimuladas e lançadas com uma ligeira antecipação
não são suficientes para resolver as contradições da crise capitalista. Se estão
exercendo momentaneamente com uma relativa eficácia a função de contenção da
ação direta das massas, por outro lado, são mais um combustível na crise, despertando
um sentimento de incerteza política, combinado com a recessiva política dos
juros em alta e a inflação galopante que já furou a barreira dos dois dígitos.
O ano mal
iniciou e os trabalhadores dos serviços públicos federais iniciam uma
mobilização por enquanto localizada na Receita Federal e no Banco Central, mas
que tende a se alastrar e se estender para todos os servidores por conta da
luta por reajuste de salários, que foram anunciados e aprovados no orçamento federal apenas para a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal, na tentativa
desesperada de Bolsonaro manter sua base de apoio, além da greve dos metroviários de MG que tem previsão para durar até o dia 17/01, contra a privatização da CBTU, contra todas as medidas repressivas por parte do goveno Romeu Zema do Partido Novo e do judiciário. A luta é agora nas ruas, nos
locais de trabalho, estudo e moradias da classe trabalhadora.
Declaração internacional pela absolvição de César Arakaki e Daniel Ruiz
Extraído e traduzido do link: https://prensaobrera.com/internacionales/pronunciamiento-internacional-por-la-absolucion-de-cesar-arakaki-y-daniel-ruiz/
Militantes condenados na Argentina por se
mobilizarem contra uma reforma reacionária da previdência.
Numa
segunda-feira, 8 de novembro de 2021, uma decisão do juiz Ariel Ríos condenou os
camaradas César Arakaki e Daniel Ruiz (membros do Partido Obrero e do PSTU,
respectivamente) a três anos e quatro meses de prisão efetiva, e três anos de
prisão efetiva, em cada caso, no âmbito da causa que lhes foi aberta pela
participação na massiva manifestação de 18 de dezembro de 2017, em frente ao
Congresso Nacional, contra a reforma previdenciária que foi aprovada naquele
dia na Câmara dos Deputados. Manifestação fortemente reprimida com dezenas de
feridos graves (olhos perdidos, etc.) e detidos.
A medida
em questão, promovida pelo governo de Mauricio Macri (PRO-Cambiemos) e aprovada
com o apoio de parlamentares do Partido Justicialista, modificou o cálculo dos
salários em detrimento dos aposentados. Foi parte de uma bateria de medidas
contra a classe trabalhadora, que incluiu também uma reforma trabalhista para
flexibilizar ainda mais as condições de trabalho, e que finalmente teve que ser
arquivada, justamente por conta daquela gigantesca mobilização de dezembro que
reuniu centenas de milhares de pessoas.
A
decisão judicial é um claro ataque de todo o regime ao direito de manifestação e tem como
objetivo punir todos os que lutam. Isso ficou claro por um tweet de Patricia
Bullrich, ex-ministra da Segurança na época e atual chefe do PRO, partido de
Macri, que disse: “Espero que esta condenação seja exemplar. Manifestações sem razão
apenas estagnam o país ”.
O juiz
seguiu exatamente todo o roteiro da promotoria, que os acusou de suposta
“intimidação pública”, “ataque contra autoridade” e “lesões por agressão”. A
crueldade judicial é tão clara que a condenação ocorreu apesar do fato de que a
denúncia do policial Brian Escobar, ferido durante a repressão aos
manifestantes, abandonou o julgamento porque a defesa de Arakaki e Ruiz
conseguiu verificar que seus ferimentos não haviam sido causado pelos companheiros.
Essa
vergonhosa decisão será objeto de recurso e vamos redobrar a campanha nacional
e internacional pela absolvição. Solicitamos a assinatura desta declaração e o
envio de petições às embaixadas.
Pela absolvição de César Arakaki e Daniel Ruiz!
Pela liberdade e desprocessamento de prisioneiros por lutarem!
Pelo direito de manifestação!
terça-feira, 7 de dezembro de 2021
Catar 2022, uma Copa do Mundo manchada por mortes de trabalhadores e corrupção
Extraído e traduzido do site do Partido Obrero da Argentina
A menos de um ano da copa, do comércio e da superexploração.
A pouco menos de um ano, no dia 21 de novembro, a bola rolará na partida de abertura da Copa do Mundo do Catar. Alguns meios de comunicação já fixaram lá seus correspondentes, que começam a percorrer os estádios. As eliminatórias estão chegando ao fim e definem as 32 seleções que disputarão o título, das quais mais de uma dezena já estão classificadas, incluindo a Argentina.
Para realizar a competição, a coroa do Catar assumiu a construção de oito estádios, seis dos quais já concluídos. Em sete deles, haverá um sistema de refrigeração para estacionar a temperatura em 22 graus e salvar os torcedores do clima sufocante do emirado. Todas as instalações estão localizadas na cidade de Doha e seus arredores e são conectadas por metrô; por isso os organizadores comemoram que será possível assistir a mais de uma partida por dia. Para animar a estada de um milhão e meio de turistas que são esperados, o governo vai permitir o consumo de álcool em determinadas áreas, apesar da proibição imposta por motivos religiosos aos indígenas. Essa massa de turistas levanta uma das maiores questões da copa: onde eles vão ficar? Eles equivalem à metade da população local. As autoridades desconfiam da construção de uma infinidade de hotéis que depois ficam vazios (na África do Sul até estádios caros foram abandonados, depois da Copa do Mundo de 2010, por falta de manutenção). “Zonas amadoras” são avaliadas no deserto e hotéis flutuantes no porto. Já existem contratos firmados com empresas de cruzeiros para o evento. Toda a organização tem implicações faraônicas e excêntricas.
Mas nenhum desses preparativos foi capaz de dissipar as suspeitas e escândalos que cercam a Copa do Mundo. Em recente entrevista coletiva, Nasser Al-Khater, o CEO da copa, tentou refutar as denúncias sobre a superexploração e mortes por acidentes de trabalho de trabalhadores na construção dos estádios, restringindo esse número a apenas três casos.
No entanto, existem várias organizações que indicam que existem mais de 6.500 trabalhadores mortos . O árduo trabalho de migrantes de outros países asiáticos, trabalhando entre 16 e 18 horas por dia, sete dias por semana, sob temperaturas de até 50 graus (para os trabalhadores o sistema de refrigeração não vale), levou a este triste número .
No Catar, há 2 milhões de trabalhadores migrantes que representam 95% da força de trabalho. 40% trabalham no setor da construção. Domina um sistema chamado “Kafala”, o que exige que os trabalhadores semiqualificados entrem no país através de um patrocinador, geralmente a associação patronal. Isso cria uma situação de extrema dependência que obriga os funcionários a aceitar condições infernais de trabalho. Além disso, vivem superlotados e sem condições adequadas de higiene.
Essa exploração colossal está no centro dos negócios da Copa do Mundo de 2022 e é devidamente ignorada pelos patrocinadores internacionais.
Disputas
Suspeitas de corrupção também pairam sobre a Copa do Mundo. A imprensa europeia afirma que Mohammed bin Hamman, chefe da federação de futebol do Catar, pagou cerca de quatro milhões de dólares em subornos a 30 membros da FIFA para escolher o país do Oriente Médio como sede.
Em 2013, por sua vez, a imprensa francesa denunciou um pacto secreto entre o emir do Catar, Tamin bin Hamad al-Thani, com o presidente da Uefa, o astro Michel Platini, e o então presidente francês Nicolás Sarkozy, no qual pularam no movimento Qatar 2022 em troca - entre outros pontos - pela compra do Paris Saint Germain (o clube cuja camisa Messi, Neymar e Mbappé usam hoje) para salvá-lo da falência. Alguns anos depois, a imprensa australiana noticiou dois pagamentos suntuosos da rede catariana Al Jazeera pelos direitos televisivos das Copas do Mundo de 2018 e 2022, o que poderia ocultar subornos.
Por que essas revelações surgiram? Um dos motivos é que a eleição do Catar prejudicou os Estados Unidos, que também aspiravam ser o organizador. Como o país do Golfo, o país do Stars and Stripes tem pouca tradição e pergaminhos no futebol; mas da mesma forma que ele tem gastado muito dinheiro para se posicionar como um jogador de peso no negócio da bola.
Depois de ser rebaixado nas eleições da Copa do Mundo de 2022 na Fifa (por 22 votos a 14), Washington se vingou: em 2015, estourou o “Fifagate”, que destacou um esquema de suborno, lavagem de dinheiro e fraude na gestão de direitos televisivos em várias competições, com mais de 40 arguidos (alguns deles argentinos ). Algumas dessas operações foram realizadas por meio de bancos norte-americanos, o que foi usado como argumento para intervenção do FBI. Em dezembro de 2015, o então presidente da Fifa, Joseph Blatter, teve que renunciar ao cargo. E em 2018, os Estados Unidos conseguiram se atribuir, juntamente com o México e o Canadá, a organização daCopa 2026.
O evento mais importante do futebol mundial é dirigido por grupos da máfia, grupos econômicos poderosos e grandes potências. A organização de torcedores em todo o mundo tem que salvar o esporte mais popular desse roubo.
domingo, 28 de novembro de 2021
Duas pandemias?
Mia Couto
José Eduardo Agualusa
No dia em que a Europa interditou os voos de e para Maputo, Moçambique tinham registrado 5 novos casos de infecção, zero internamentos e zero mortes por COVID 19. Nos restantes países da África Austral, a situação era semelhante. Em contrapartida, a maioria dos países europeus enfrentava uma dramática onda de novas infecções.
Cientistas sul-africanos foram capazes de detectar e sequenciar uma nova variante do SARS Cov 2. No mesmo instante, divulgaram de forma transparente a sua descoberta. Ao invés de um incentivo, o país foi castigado. Junto com a África do Sul, os países vizinhos foram igualmente penalizados. Em vez de se oferecer para trabalhar juntos com os africanos, os governos europeus viraram as costas e fecharam-se sobre os seus próprios assuntos.
Não se fecham fronteiras, fecham-se pessoas. Fecham-se economias, sociedades, caminhos para o progresso. A penalização que agora somos sujeitos vai agravar o terrível empobrecimento que os cidadãos destes países estão sendo sujeitos devido ao isolamento imposto pela pandemia.
Mais uma vez, a ciência ficou refém da política. Uma vez mais, o medo toldou a razão. Uma vez mais, o egoísmo prevaleceu. A falta de solidariedade já estava presente (e aceite com naturalidade) na chocante desigualdade na distribuição das vacinas. Enquanto a Europa discute a quarta e quinta dose, a grande maioria dos africanos não se beneficiou de uma simples dose. Países africanos, como o Botswana, que pagaram pelas vacinas verificaram, com espanto, que essas vacinas foram desviadas para as nações mais ricas.
O continente europeu que se proclama o berço da ciência esqueceu-se dos mais básicos princípios científicos. Sem se ter prova da origem geográfica desta variante e sem nenhuma prova da sua verdadeira gravidade, os governos europeus impuseram restrições imediatas na circulação de pessoas. Os governos fizeram o mais fácil e o menos eficaz: ergueram muros para criar uma falsa ilusão de proteção. Era previsível que novas variantes surgissem dentro e fora dos muros erguidos pela Europa. Só que não há dentro nem fora. Os vírus sofrem mutações sem distinção geográfica. Pode haver dois sentimentos de justiça. Mas não há duas pandemias.
Os países africanos foram uma vez mais discriminados. As implicações econômicas e sociais destas recentes medidas são fáceis de imaginar. Mas a África Austral está longe, demasiado longe. Já não se trata apenas de falta de solidariedade. Trata-se de agir contra a ciência e contra a humanidade.
quarta-feira, 24 de novembro de 2021
Inflação mundial: um salto na crise capitalista
A inflação mundial disparou. Nos Estados Unidos, aumentou, anuamente, para 6,2% em outubro, o pior valor registrado em 30 anos. Mas essa situação se reproduz nos países industrializados. O aumento dos preços da energia e dos alimentos tem estado na vanguarda dessa escalada, dando início a uma grande crise energética e catástrofe alimentar.
A mensagem das autoridades americanas de que a inflação que acompanhou os estágios iniciais da recuperação econômica pós-pandemia seria de natureza transitória não pode mais ser sustentada à luz dos dados de outubro.
O que está causando esse salto na inflação? Segundo a interpretação dominante nos meios oficiais e no mundo financeiro e empresarial, é que existe “excesso de procura”. Durante o coronavírus, os consumidores foram forçados a interromper o consumo tradicional e acumularam economias que não podiam gastar. Mas agora que a economia começa a sair das restrições da Covid, a população acelerou os volumes de gastos e compras. De acordo com esse ponto de vista, a situação se normalizará assim que o abastecimento for acomodado e as cadeias de abastecimento globais interrompidas pela pandemia forem restauradas.
Greve de investimento
Esse otimismo esconde a crise subjacente que prevalece na economia mundial, que decorre de contradições cada vez mais explosivas da ordem social capitalista. A inflação corrente não vem do lado da demanda, mas do lado da oferta. A queda da oferta pode ser observada no fato de que antes da eclosão da Covid, já havia sido registrada uma curva de queda no comércio internacional e na produção, em primeiro lugar industrial. Antes da pandemia, o mundo já estava entrando em recessão. Assistimos a uma greve de investimentos, o que explica a anemia em que se encontra a economia mundial. Isso tem como pano de fundo uma enorme crise de superprodução e superacumulação de capital que foi acompanhada por uma queda na taxa de lucro, que entrou em colapso.
Isso é visto claramente no caso da energia. Estamos perante fortes reduções de investimento, exploração e produção de combustíveis fósseis, o que está a colocar em cheque muitas economias, que chegaram ao extremo de paralisar a sua atividade devido à escassez de combustíveis, a que se soma um aumento brutal dos preços. O declínio da produção é uma reação dos capitalistas ao fato de que as oportunidades de exploração lucrativa estavam se estreitando. Lembremos que os preços dos combustíveis vinham caindo e com a pandemia negativa, o que levou à falência uma série de empresas petrolíferas mais fracas.
As medidas para enfrentar as mudanças climáticas e o aquecimento global atuaram como um fator adicional, já que o aumento de impostos, restrições e sanções às explorações convencionais (entre as quais devemos incluir também a indústria do carvão) colocaram lenha na fogueira. Retração da exploração capitalista, relutante para assumir o custo de uma reconversão de energia. A guerra comercial também tem sua cauda, conforme revelado pelo crescente conflito na Europa pelo fornecimento do gás russo, quando o continente vive uma grave escassez no assunto e os preços disparam, o que contribui para um cenário caótico já agitado. O resultado é que enfrentamos um declínio na energia tradicional sem que exista uma substituição por energias alternativas. Não se vislumbra que isto se reverta em curto prazo com o qual tudo indica que o encarecimento da energia está longe de ser uma questão transitória.
Cadeia de abastecimento em colapso
A quebra da cadeia produtiva global é apontada como outro dos principais motores da inflação. A leitura mais comum é que isso é causado pela Covid. O que novamente reforça a ideia de que é um fenômeno temporário. No entanto, isso esconde mais do que esclarece. A proliferação do vírus nos países que constituem a principal fonte de abastecimento de produtos e insumos, em primeiro lugar os asiáticos, reduziu sua produção. Da mesma forma, o contágio nos principais portos que atinge os trabalhadores desta área (80% do comércio internacional é realizado por meio de transporte marítimo), obrigou à interrupção das cargas nos navios, causando atrasos e aglomerações nos portos de saída das mercadorias que se encontram em seguida, replicadas para as portas de destino.
Mas o que não se diz é que isso está associado à enorme desigualdade no acesso às vacinas. Enquanto nos países industrializados, a imunidade ultrapassa 60%, os percentuais são duas ou três vezes menores nos países emergentes. A distribuição massiva da vacina esbarra no monopólio das patentes nas mãos dos grandes laboratórios e no monopólio das metrópoles capitalistas, que vêm travando uma verdadeira guerra entre si e procuram tirar o máximo dela em detrimento de suas rivais na crise da saúde. O capitalismo não está apenas na origem da pandemia (não estamos enfrentando uma catástrofe natural, mas sim o produto da ação humana à custa da vida e da saúde da população e do habitat e do meio ambiente), mas foi revelado como um obstáculo fundamental para a saída dele. Em um mundo globalizado, é impossível para uma nação isolada se livrar do flagelo do coronavírus. Além disso, é repetidamente exposto a um recrudescimento do mesmo com o surgimento de novas cepas mais perigosas como a variante delta, que agora está acontecendo nos principais países europeus com o que passou a ser chamado de «quarta onda».
Na análise é necessário incorporar que as cadeias de suprimentos funcionam de forma cada vez mais generalizada sob a premissa do “just in time”. Este princípio não se aplica apenas ao mercado interno, mas foi imposto em escala global. Nesse quadro, as redes reduziram seus custos, conseguiram maior economia e se tornaram mais lucrativas, mas, contraditoriamente, estão mais vulneráveis a interrupções. É isso que explica a escassez de produtos básicos, mas também de insumos, causando uma paralisação do processo produtivo. Ao mesmo tempo, está causando um aumento sem precedentes nos custos de frete ao multiplicar os preços dos contêineres por dez, adicionando combustível às tendências inflacionárias. É preciso não perder de vista que nos gargalos da cadeia produtiva o que ganha relevância é a escassez massiva de caminhoneiros nos Estados Unidos e no Reino Unido. Essa carência não é apenas produto da pandemia, mas também vem de anos de trabalho flexível e baixos salários que têm submetido os trabalhadores à superexploração. Apesar de todos estes sistemas terem revelado a sua enorme fragilidade e estar longe da racionalidade reivindicada pelo seu defensor, o capital não se dispõe a abandoná-los, embora ponha em perigo o funcionamento econômico mundial.
Fracasso dos resgates
Um lugar central na análise que não é relegado a segundo plano é o gigantesco resgate do capital. Os recursos destinados ao resgate do capital não têm antecedentes na história do capitalismo. Basta observar que as compras de ativos pelo Federal Reserve aumentaram de US $ 1 trilhão para US $ 8 trilhões entre 2008 e agora. O salto principal ocorreu nos últimos dois anos. A emissão anda de mãos dadas com o endividamento. Os principais países industrializados seguiram esse mesmo caminho. Revelou-se que isso está longe de ser inócuo e é o que acabou provocando a atual escalada inflacionária. Estamos diante de uma crescente desvalorização do dólar - vamos acrescentar, o euro e o iene que abre a perspectiva de um abandono do dólar e dos principais meios de pagamentos internacionalmente aceites e de um refúgio no ouro ou noutros bens que funcionem como reservas de valor. Se essa tendência se afirmasse, causaria um deslocamento do mercado e da economia mundial e um salto na crise capitalista. A inflação já está causando queda no preço dos títulos da dívida pública, dificultando cada vez mais o financiamento dos Estados. Essa situação colocou o aumento da taxa de juros em pauta de debate. Embora o Federal Reserve tenha negado que será feito um ajuste, acenderam-se as luzes de advertência de que isso finalmente termine abrindo o caminho, o que acentuou a instabilidade e o nervosismo dos mercados.
Mas um aumento na taxa de juros acabaria por destruir a atual recuperação econômica (ao invés de uma recuperação, devemos falar de uma rebote). Na melhor das hipóteses, as nações estão retornando aos níveis pré-pandêmicos que já eram caracterizados pela entrada em recessão. Esse cenário se acentua porque atualmente assistimos a uma desaceleração do crescimento nos Estados Unidos, para 2% no terceiro trimestre, a menor taxa após a recuperação da pandemia. Na China, por sua vez, o crescimento caiu para 4,9% na comparação anual, enquanto o governo alemão reduziu em um ponto a projeção de crescimento, que caiu para 2,6%. No geral, o FMI revisou as previsões para baixo para o crescimento mundial.
A inflação coexiste com uma desaceleração econômica. Estamos, portanto, diante de um cenário de estagnação (recessão com inflação). Longe de expressar um processo de recuperação e revitalização capitalista, a inflação está expressando o fenômeno oposto: sua falta de vitalidade e o fracasso em fazê-la reagir por meio do resgate multimilionário e dos planos de estímulo lançados pelo Estado. Longe de estimular a produção, os auxílios estatais foram para a esfera especulativa, incluindo a recompra das suas ações pelas empresas beneficiárias.
Claro, não devemos esquecer que o aumento da taxa de juros pode levar a uma miríade de empresas altamente endividadas que passaram para a categoria de “zumbis”. Da mesma forma, causaria um terremoto nas bolsas de valores já que grande parte dos investimentos são alavancados. O remédio pode ser pior do que a doença e consolidar um quadro de depressão global - o que explica a crescente imobilidade de governos e seus bancos centrais que não sabem para onde chutar, aumentando o risco de qualquer reação acabar demorando.
Barril de pólvora social
A inflação, por enquanto, alimenta um quadro social cada vez mais explosivo. Nos EUA, a escassez de alimentos teve um salto até agora neste ano de 5,4%, mas há itens como carne bovina, aves, peixes e ovos que estão se aproximando de um aumento de 12%. O custo de um tanque de gasolina aumentou quase 50% nos últimos doze meses. Os preços da energia subiram em média 30%. Os carros usados aumentaram 26% e os novos quase 10%, enquanto os aluguéis também sofreram aumentos significativos acima dos dois dígitos. O Federal Reserve anunciou que a dívida das famílias americanas atingiu o pico de US $ 15 trilhões. Isso causa estragos no bolso dos americanos, onde o salário médio gira em torno de US $ 20.
É isso que está na base da onda de greves que está ocorrendo nos Estados Unidos (John Deere, Volvo, Dana, Kellogs, enfermeiras e professores de diferentes municípios, etc.). O aumento da agitação trabalhista em 2021 já foi precedido pelo aumento em 2020, que se cruza com a rebelião que abalou a vida política dos Estados Unidos. O cenário atual é de crescente melancolia e decepção com o governo Biden, que já está caindo tanto no front interno quanto no externo, após a retirada ignominiosa do Afeganistão. Nos Estados Unidos, estão sendo criadas as condições para uma nova irrupção popular.
O aumento dos preços dos alimentos aumenta a fome em todo o mundo. A aceleração da inflação e a quebra das cadeias de abastecimento estão aumentando os produtos básicos do consumidor. O Índice de Alimentos da FAO, que mede as variações da cesta básica, indica que os preços estão 30% mais altos do que há um ano. Isso se soma à crise energética, tornando o preço do combustível e da energia proibitivos, o que, por sua vez, afeta o custo de outros produtos. De tal forma que às dificuldades já existentes devido à pandemia e à recessão se juntam ao flagelo da inflação. Nesse contexto, cresce o número de pobres em escala global, categoria na qual se incorporam cada vez mais os assalariados e os trabalhadores formais, cujas rendas se liquefazem com a inflação.
Nesse contexto, a América Latina é a região com maior inflação do mundo em 2021, superando 9%. Isso torna nossa região mais um barril de pólvora social do que tem sido até agora e anuncia uma nova onda de revoltas. A Argentina obviamente não escapa dessa tendência, ainda mais se levarmos em conta a devastação que a inflação está causando, liquidificando os salários e causando um salto nos níveis de pobreza. Sem falar que um aumento da taxa de juros cada vez mais iminente torna o peso da dívida externa dos países latino-americanos ainda mais opressor e oneroso, que estará sujeito a maiores condições e pressões para seu pagamento por parte do FMI. e credores. A necessidade de ação política e solução, em escala continental, dos trabalhadores da região, adquire mais atualidad que nunca.
terça-feira, 23 de novembro de 2021
TJ-SP DECIDE PELO DESPEJO DO ACAMPAMENTO MARIELLE VIVE DO MST
Nesta terça feira, 23/11, o Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu pela manutenção da reintegração de posse das 450 famílias do Acampamento em Valinhos.
A decisão gravíssima e inconsequente frente à vigência da Covid-19, expõe os reais interesses representados e como funciona o sistema judiciário. Mesmo diante do crime constitucional há anos cometido pela Fazenda Eldorado Empreendimentos Imobiliários, que não cumpre a função social da terra, degrada o solo e o meio ambiente, o Tribunal decidiu pela manutenção da posse precária da Fazenda destinada à especulação imobiliária que usurpa a terra em detrimento do uso social, das leis, do direito à moradia, à reforma agraria. É a lei do capital e da propriedade privada contra os direitos humanos. DESPEJO NA PANDEMIA É CRIME!
As famílias do Acampamento Marielle Vive estão a mais de 3 anos e 7 meses na Fazenda Eldorado Empreendimentos Imobiliários. Em 2018, quando houve a ocupação da área, a fazenda era uma área abandonada e improdutiva com único fim: a especulação imobiliária no afã do lucro dos seus investidores. Com os Sem Terra, a fazenda se transformou em um grande Acampamento produtivo, que doa alimentos saudáveis, vende e comercializa cestas de produtos agroecológicos e artesanato, gerando renda e construindo dignidade e possibilidades de vida.
Seguimos em luta, por nossos filhos e filhas, por nossos direitos e com a esperança de que um dia vencerá a justiça dos/as trabalhadores/as!
👩🏾🌾 _Precisamos fazer esta decisão injusta ter a máxima repercussão e alertar para o risco destas famílias irem pra rua.
Convidamos todes aliades para fazerem e postarem vídeos curtos, fotos com placa MARIELLE FICA em suas redes Instagram e Facebook e nos marcar:
@mstsp
@acampamentomariellevivesp_
MST
A LUTA É PRA VALER!
#AcampamentoMarielleViveSP
#DespejoZero
#MarielleViveFica
#ReformaAgráriaContraEspeculação
LUTAR, CONSTRUIR REFORMA AGRÁRIA POPULAR! ✊🏾
DECLARAÇÃO INTERNACIONAL PELA ABSOLVIÇÃO DE CÉSAR ARAKAKI E DANIEL RUIZ
Nós do Agrupamento Tribuna Classista nos incorporamos à Campanha Internacional contra a condenação dos lutadores César Arakaki e Daniel Ruiz na Argentina sob a acusação de terem participado de mobilizações contra a aprovação da infame reforma da previdência pelo parlamento nacional do nosso país hermano.
Abaixo a condenação e pelo imediato desprocessamento dos companheiros que estão condenados por um regime de verdadeiros criminosos, delinquentes que estão levando os trabalhadores naquele país a uma situação de completa miséria e desespero.
Chamamos os partidos e organizações de esquerda, de defesa dos direitos humanos, e todos que se reivindicam em defesa das liberdades democráticas e da liberdade de manifestação, bem como as personalidades políticas da esquerda no Brasil a lutarem e se incorporarem nessa campanha aderindo à Declaração Internacional contra essa medida arbitrária que é um ataque a todos trabalhadores argentinos e da América Latina.
Militantes condenados na Argentina por se mobilizarem contra
uma reforma reacionária da previdência
Na segunda-feira, 8 de novembro, uma decisão do juiz Ariel
Ríos condenou os camaradas César Arakaki e Daniel Ruiz (membros do Partido
Obrero e do PSTU, respectivamente) a três anos e quatro meses de prisão
efetiva, e três anos de prisão efetiva, em cada caso, no âmbito da causa que
lhes foi aberta pela participação na massiva manifestação de 18 de dezembro de
2017, em frente ao Congresso Nacional, contra a reforma previdenciária que foi
aprovada naquele dia na Câmara dos Deputados. Manifestação fortemente reprimida
com dezenas de feridos graves (olhos perdidos, etc.) e detidos.
A reforma em questão, promovida pelo governo de Mauricio
Macri (PRO-Cambiemos) e aprovada com o apoio de parlamentares do Partido
Justicialista, modificou o cálculo dos salários em detrimento dos aposentados.
Foi parte de uma bateria de medidas contra a classe trabalhadora, que incluiu
também uma reforma trabalhista para atacar ainda mais as condições de trabalho,
e que finalmente teve que ser arquivada, justamente por conta daquela gigantesca
mobilização de dezembro que reuniu centenas de milhares de pessoas.
Para desviar a atenção do desfalque ocorrido no dia 18 de
dezembro, uma feroz campanha de demonização foi montada na mídia, identificando
alguns dos companheiros que haviam participado da manifestação, com imagens e
vídeos que os mostravam resistindo à repressão policial. Dias depois, começaram
as prisões e perseguições judiciais.
A decisão é um claro ataque de todo o regime ao direito de
protestar e tem como objetivo intimidar todos os que lutam. Isso ficou claro
por uma mensagem de Patricia Bullrich, ex-ministra da segurança e atual chefe
do PRO, partido de Macri, que disse: “Espero que esta frase seja exemplar.
Manifestações sem razão apenas estagnam o país”.
O juiz seguiu exatamente todo o roteiro da promotoria, que
os acusou de suposta “intimidação pública”, “ataque contra autoridade” e
“lesões na agressão”. A crueldade judicial é tão clara que a condenação ocorreu
apesar do fato de que a denúncia do policial Brian Escobar, ferido durante a
repressão aos manifestantes, abandonou o julgamento porque a defesa de Arakaki
e Ruiz conseguiu verificar que seus ferimentos não haviam sido causados por eles.
Essa vergonhosa decisão será objeto de recurso e vamos
redobrar a campanha nacional e internacional pela absolvição. Solicitamos a
assinatura desta declaração e o envio de petições às embaixadas.
Pela absolvição de César Arakaki e Daniel Ruiz.
Pela liberdade e o fim dos processos de prisioneiros por
luta.
Pelo direito de protestar.
domingo, 21 de novembro de 2021
No dia 23/11, terça-feira, RAFAEL SANTOS, dirigente do Partido Obrero da Argentina, estará presente no programa QUAL O RUMO? da TV A COMUNA
As perspectivas e desafios da esquerda revolucionária na Argentina e na América Latina
Assista no link: https://www.youtube.com/watch?v=erkVXDIfnRc
sexta-feira, 19 de novembro de 2021
A LUTA PELA EMANCIPAÇÃO DO NEGRO NÃO PODE ESTAR DISSOCIADA DA LUTA POR UM PARTIDO OPERÁRIO REVOLUCIONÁRIO
No dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, já estão confirmados atos, marchas, manifestações em mais de 80 cidades por todo o país.
Esse dia que teve sua origem há 50 anos atrás, em 1971, numa reunião do Grupo Palmares ocorrida no Clube Náutico Marcílio Dias, em Porto Alegre, capital gaúcha, em homenagem a Zumbi dos Palmares, líder quilombola morto em 1695.
Foi proposto em oposição ao 13 de maio, considerado oficialmente e até então marcado como o dia de luta contra a escravidão, da assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel, em 1888, caracterizada pelo Grupo Palmares como "uma aristocrata sem nenhum envolvimento com a causa abolicionista".
O Grupo Palmares liderado por jovens como Oliveira Silveira, Antonio Carlos Cortes, Ilmo da Silva, Vilmar Nunes, Luis Paulo Assis Santos notabilizou-se pelo estudo e empenho para transformar os principais líderes históricos abolicionistas como Luiz Gama, José do Patrocínio, referências para a luta do negro nos nossos dias, e além do Quilombo dos Palmares, como as revoluções em que o negro foi protagonista como a Conjuração Baiana, mais conhecida como Revolta dos Alfaiates, em 1798; a Revolta dos Malês, em 1835; a Balaiada (1938-1841); a Revolta da Chibata, em 1910, liderada pelo marinheiro negro gaúcho João Cândido; a Greve dos Queixadas, entre 1962 e 1969; reivindicando-se como o fio de continuidade destes processos revolucionários
Também, o Grupo Palmares se notabilizou por ter sido pioneiro na defesa da inclusão nos currículos escolares da História da África, dentre outras lutas fundamentais do negro no Brasil.
Nos estertores da efêmera era do governo Bolsonaro, a situação do negro, que constitui mais da metade da população brasileira, cujo proletariado de maioria negra foi forjado na escravidão do ciclo do café, ciclo da cana de açúcar, etc. períodos de acumulação capitalista de uma ora pujante burguesia, é de uma condição indissociável da luta pela emancipação política e social de toda a classe trabalhadora.
Nós, do Agrupamento Tribuna Classista, defendemos um programa socialista e internacionalista para a luta do negro em nosso país, que se fundiu com a luta dos milhões de desempregados, dos trabalhadores que sofrem com um enorme arrocho salarial frente à tendência de estagflação (combinação de recessão econômica com tendências hiperinflacionárias), com os setores mais fragilizados e vulneráveis da sociedade perante à tragédia humanitária da pandemia que já atinge mais de 600 mil mortos, com os indígenas que sofrem um verdadeiro massacre de bandos paramilitares a mando dos fazendeiros e grileiros que invadem as suas terras, contra a violência policial e das milícias bolsonaristas paraestatais, com a luta dos milhões de refugiados que buscam desesperadamente uma saída frente à bancarrota capitalista que cada vez só produz destruição e auto-destruição da indústria bélica, da indústria do narcotráfico, enfim de uma condição de barbárie capitalista.
Por isso, nesse dia 20 de novembro, está colocada a luta pra varrer com o governo Bolsonaro e todas as suas consequências do que tem de pior para a maioria negra e o conjunto dos explorados em nosso país. É necessário desmistificar a democracia racial que é a envoltura de um regime político e social que desencadeia um verdadeiro extermínio da juventude negra e pobre nas favelas e bairros populares, em nosso país. A luta pelos mais elementares anseios da maioria negra não pode estar dissociada da luta por um governo dos trabalhadores da cidade e do campo.
- FORA BOLSONARO E MOURÃO E O CONJUNTO DO REGIME POLÍTICO
- EM DEFESA DE TODAS AS NECESSIDADES MAIS PREMENTES DA MAIORIA NEGRA, POR UM GOVERNO DOS TRABALHADORES
quinta-feira, 18 de novembro de 2021
BOLETIM DAS SERVENTES, COZINHEIRAS, ATENDENTES E ZELADORAS MUNICIPAIS DE ALEGRETE nº 7: SOBRE A AUDIÊNCIA PÚBLICA PLC 0002.
Na terça-feira, dia 16, ocorreu na Câmara
Municipal a Audiência Pública sobre o PLC 0002 que extingue dentre diversos
cargos, mais de trezentos cargos de servente e zelador. Dentre a presença
maciça do Executivo e seus secretários, estávamos lá nós, serventes, zeladores,
motoristas, professores para dizer NÃO! Não à extinção de
cargos, não à terceirização, não à perda de mais direitos.
Foi uma audiência que expôs a
fragilidade do projeto e a má-fé de quem o elaborou, por não ter especificado pontos cruciais, como o que serão
feitos com os cargos extintos, como ficará a aposentadoria, as mudanças de
padrão e triênios. Como podemos ficar tranquilos se nossos cargos estão para
ser extintos? Como poderão garantir que teremos direitos se nossos cargos não existirem
mais?
Na Audiência, alguns vereadores demonstraram ser contrários ao Projeto, mas não vamos baixar a guarda e continuaremos lá na Câmara de olho nessa votação e na posição de cada vereador. Também não vamos sair da "Casa do Povo" e vamos estar atentos a todo e qualquer ataque ao funcionalismo público. NÃO estamos jogando pra torcida. Não somos time futebol, somos servidores públicos, somos trabalhadores que fazem seu trabalho todos os dias com amor e dedicação. NÃO ameaçamos com atestados. Pelo contrário, muitas vezes vamos doente ao trabalho até realmente ir ao medico e esse dar um aval para um atestado e depois disso, passar pela perícia e ir à Prefeitura protocolar esse atestado. Não é tão fácil assim tirar um atestado e se um servidor tira é porque ele realmente está necessitando de uma pausa para cuidar da sua saúde já fragilizada.
NÃO estamos influenciados por ninguém, apenas não aceitamos mais tudo goela abaixo. Estavam acostumados com uma inércia dos servidores através de um sindicato que só existe no papel e para trancar qualquer luta dos servidores, mas isso ACABOU. Agora, os servidores questionam sim, lutam sim, vão à Câmara, na Prefeitura, sem medo. E cada vez mais é preciso que os demais servidores juntem-se aos nossos movimentos, dos diversos núcleos que já estão formados, como: servidores unidos, grupo de zeladores, coletivo classista, coletivo de serventes e cozinheiras, e qualquer outro grupo que venha a ser formado e que venha a somar a nossa luta, será muito bem vindo. Estamos no mesmo caminho e juntos fortalecemos ainda mais a nossa luta.
ESTAMOS NA LUTA E DELA NÃO
SAIREMOS!
NÃO AO PLC0002!
NÃO À EXTINÇÃO DE CARGOS!
NENHUM DIREITO A MENOS!