quarta-feira, 15 de março de 2017

POR UMA GRANDE PARALISAÇÃO NACIONAL DE 15M PARA DERROTAR O GOVERNO TEMER E A REFORMA DA PREVIDÊNCIA

                                                                               


No dia de hoje, 15 de março, haverá uma grande paralisação em inúmeras e diversas categorias nacionais para lutar contra o governo Temer e contra a Reforma da Previdência, que se encontra em votação no Congresso Nacional, onde o governo tem uma ampla maioria, e onde procura levar a cabo inúmeras reformas que, de conjunto, representam o maior ataque desferido contra a classe trabalhadora brasileira, realizados por um único governo.

Se esse pode ser considerado o preço a ser cobrado (pela burguesia) pela fatura (pelo custo) total do golpe parlamentar, nunca podemos deixar de lembrar que o governo Temer foi formado de dentro do Governo Dilma, de dentro do governo do PT, e que se ele é resultado de um golpe, também é o resultado das inescrupulosas alianças que o PT realizou com os partidos burgueses mais nefastos. Grande parte dos atuais governantes nem precisaram abandonar o governo Dilma para assumir seus novos ministérios ou seus novos cargos, já estavam no governo desde Dilma, ou até mesmo desde o governo Lula, para admiração sincera dos ingênuos e para desilusão dissimulada dos incrédulos. 

Diversas categorias importantes confirmaram adesão à paralisação de hoje: rodoviários (motoristas e cobradores de ônibus) de São Paulo, metroviários de São Paulo e de Belo Horizonte, professores do estado de São Paulo e capital paulista. A CNTE também já havia aprovado uma paralisação da categoria para o dia 15/ 03. Estão previstas paralisações do Sintusp (trabalhadores da USP), Sindisef (servidores federais), Sintrajud (judiciário), bancários, eletricitários, correios, metalúrgicos e químicos e outras inúmeras categorias e setores sociais sairão às ruas no dia de hoje por todo o Brasil.

De forma geral, tanto os sindicatos, quanto as centrais sindicais e os movimentos populares, sem falar das frentes que reúnem partidos de esquerda (entre eles o PT) utilizam as paralisações e mobilizações dos trabalhadores como uma forma de barganha e pressão política e não como uma ferramenta de luta dos trabalhadores. Nossa perspectiva deve ser o oposto: organizar a luta, defender um Congresso nacional dos trabalhadores e chamar a construção e organização de uma Greve Geral que seja discutida em toda a classe trabalhadora, nos sindicatos, nos movimentos populares e na juventude.

As mobilizações e paralisações, como a de hoje, são (conscientemente) sempre descentralizadas, atomizadas, sem uma organização central, sem um programa político classista (independente orgânica e programaticamente da burguesia e da pequena burguesia) e sem nenhuma discussão prévia no seio da classe trabalhadora. Quando muito são discutidas apenas em assembleias dos setores mais organizados. Os trabalhadores não são convocados (em sua grande maioria, apenas as categorias mais organizadas) e quando são não há discussão nem organização de sua base. Não são utilizados os inúmeros instrumentos que os sindicatos, as centrais, os movimentos populares e até mesmo os partidos de esquerda possuem, desde sua militância até seus recursos materiais (imprensa, carros de som, etc) para convocar uma paralisação massiva. Quanto mais desorganizada uma luta, tanto melhor para a burocracia, de um lado, e para o governo e a burguesia, do outro.

Diante do maior ataque à classe trabalhadora em toda sua história a burocracia impede a centralização de todos os setores (sindicatos, centrais, movimentos populares, juventude, mulheres, etc) em um movimento de envergadura que aponte para a organização e construção de uma greve contra o governo Temer.

Os diversos setores da burocracia sindical e dos partidos de esquerda (principalmente o PT) tentam desse modo controlar as lutas e manifestações populares e dos trabalhadores. Impedem que a mobilização tenha um caráter independente ou palavras de ordem e programas próprios. Desse modo preparam hoje as derrotas políticas do amanhã.

A simples possibilidade de que os trabalhadores organizem uma greve geral contra o governo e suas reformas antioperárias é bloqueada pela quase totalidade das correntes da esquerda e dos movimentos populares ou sindicais. Esse bloqueio é feito tanto de forma direta, quanto de forma indireta, ou seja, defendendo de forma abstrata a greve geral, mas abortando-a na luta concreta.

A organização dos trabalhadores, tanto para lutar contra o governo Temer e suas reformas, como para colocar em pé uma greve geral, como uma arma de defesa contra os ataques que a burguesia e seu governo estão deferindo contra toda população, é o primeiro passo para podermos enfrentar a atual situação.

Tribuna Classista defende um Congresso dos Trabalhadores, organizado nacionalmente, para discutir um programa de luta contra o atual governo e de saída para a crise atual. Defendemos também que a atual paralisação de 15 de Março seja vitoriosa e seja um impulso para que os trabalhadores ultrapassem as suas atuais direções (da esquerda e dos sindicatos) e comecem a lutar pela organização de uma greve geral contra o governo Temer e consequentemente suas reformas reacionárias, levadas cabo pela burguesia (e sua imprensa) e pelo Congresso Nacional. 

Uma greve geral que seja organizada metodicamente em cada categoria e sindicato. Com plenárias, apoiada pelos movimentos populares e da juventude e que impulsione a organização de um Congresso nacional da classe trabalhadora.

Em síntese, defendemos que a organização e a luta dos trabalhadores seja uma forma de conscientização política. Não podemos concordar que numa situação de gravidade como a atual a luta dos trabalhadores seja manipulada como barganha de interesses, precisamos da total independência dos trabalhadores diante da burguesia para podermos avançar na luta e na organização dos trabalhadores.

A independência dos trabalhadores é o primeiro passo para sua organização. Um Congresso dos trabalhadores é necessário para organizar a luta, discutir e aprovar um programa que aponte uma superação classista para a crise atual. E uma greve geral nacional e massiva é a única arma imediata para iniciar a luta contra o governo Temer, governo que representa o grande capital e a grande burguesia. 

 Organizar as lutas, clarificar o debate político e construir um programa político dos trabalhadores e consequentemente um partido político que o defenda é uma tarefa árdua, porém urgente e necessária.         

Que a classe trabalhadora entre em cena no dia de hoje e lute claramente pelos seus interesses, imediatos e históricos.