Alfeu Goulart - TC Santa Catarina.
Foi encerrada no dia vinte e três de fevereiro, ao completar trinta e oito dias, a greve de maior adesão dos trabalhadores da história do serviço público de Florianópolis, alcançando cerca de 90% da categoria, que possui um contingente total em torno de doze mil trabalhadores; ou seja, aderiram ao movimento em torno de dez mil servidoras e servidores. Em resposta ao pacotaço do prefeito Gean Loureiro (PMDB), o movimento iniciado em 17 de janeiro pelos trabalhadores da Saúde, Obras e Assistência Social contou com a adesão dos professores do magistério e ACTs (contratados) a partir de 8 de fevereiro. 80% do contingente grevista formado por aguerridas mulheres lutadoras, aposentados e aposentadas. Pessoas que estavam em férias também vieram lutar contra o projeto de ajuste , unificando a luta e impondo a primeira derrota política do prefeito ajustador que foi obrigado a recuar e restituir os direitos retirados dos servidores com a votação fraudulenta do dia 24 de janeiro sob forte aparato policial e a guarda municipal que atacaram os manifestantes com bombas de gás, spray de pimenta e cachorros, transformando os arredores da Câmara Municipal no centro da Ilha em verdadeira zona de guerra.
Mas não adiantou, os trabalhadores juntamente com o comando de greve e a direção do SINTRASEM organizaram a resistência aos covardes ataques do aparato repressivo, que incluiu o pedido de prisão da diretoria do sindicato e sua destituição, decretação de ilegalidade da greve, etc., e derrubaram o pacotaço de verão do aliado de Michel Temer em Santa Catarina, que foi obrigado pela força da greve a negociar a restituição dos direitos, senão em sua totalidade, na pior da hipóteses, os mais importantes para a categoria como o PCCS ( Plano de Cargos e Salários), anuenio e trienio, adicional noturno , pagamento de horas extras, férias de 65 dias das auxiliares de sala, o que constitui quase a totalidade do que havia sido retirado. No entanto houveram perdas como a redução da licença premio de noventa dias para quarenta e cinco e licença não remunerada de dois anos para um com possibilidade de mais um . Há que se ressaltar a fundamental importância da participação das comunidades e da população em geral que apoiaram a luta em defesa do serviço público, ficando ao lado dos grevistas e entenderam que o que estava em jogo era a liquidação dos serviços de saúde, educação e obras públicas.
Pressionado, o prefeito que se escondeu e se negava a negociar a revogação do seu "pacote" aprovado em tempo recorde em meados de janeiro, foi pessoalmente em reunião de conciliação proposta pelo Tribunal de Justiça às vésperas do Carnaval e negociou com a comissão de negociação composta pelos representantes das forças políticas que atuam na categoria a reincorporação da maioria dos direitos históricos. A proposta foi levada ao comando de greve que debateu e deliberou pelo indicativo de aceitação para a assembleia realizada no dia vinte três na praça Tancredo Neves, onde compareceram cerca de oito mil pessoa que deliberaram pelo encerramento da greve, com oito votos contra e três abstenções. Também votou-se a participação na greve mundial do Dia Internacional da Mulher, 8 de março e na paralisação do dia 15 de março que está sendo convocada pela CUT além de manter vigília permanente até a aprovação do acordo pela câmara de vereadores, o que deve acontecer em até 30 dias, bem como Estado de Greve e a retomada do movimento em caso de descumprimento do por parte do executivo. Houve acordo em torno destes encaminhamentos pelas forças políticas, avaliou-se que a categoria saiu unida e fortalecida e já se prepara para a próxima batalha: a data base, que prenuncia o dissídio coletivo, em maio.
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