sábado, 22 de outubro de 2016

Entrevista com o Vereador Babá da CST-PSOL

                                                                       









Entrevista do Vereador (PSOL/CST - RJ) Babá



Desde o TRIBUNA CLASSISTA lhe enviamos nossa solidariedade e ainda lhe convidamos em sinal de apoio a responder algumas perguntas para serem publicadas em formato de entrevista no nosso blog, no jornal e divulgação nas redes sociais.


TC: Lendo o texto que gerou a polêmica no site do CST relacionado com a morte de Shimon Perez e olhando as respostas e a repercussão negativa que teve nas instituições judaicas entendemos que temos que separar o antissemitismo do antissionismo do debate. Eles acreditam que chamar ao Estado de Israel de genocida envolve ao povo judeu quando não se trata de atacar a tradição judaica, seus mitos, sua culinária, sua música e sim a política que leva a cabo o Estado de Israel junto com os americanos no Oriente Médio. Gostaria que nos falasse sobre esta diferença entre ser a favor do povo judeu e contra a política do Estado israelita.


Babá: Com certeza, querer misturar antissemitismo com antissionismo como se fossem a mesma coisa não é nada mais que uma armadilha oportunista para gerar confusão. Nada mais repudiável que confundir a historia e a tradição do povo judeu com o regime de apartheid praticado pelo sionismo com apoio do imperialismo. A esquerda mundial tem sido educada por grandes mestres filhos de famílias judias, a começar por Marx, Trotsky, Rosa Luxemburgo, entre os mais notáveis. Mas não é só isso. Somos agradecidos à legião de judeus, que fugindo das perseguições dos regimes totalitários europeus nos fins do século XIX e princípios do XX, chegaram às nossas terras trazendo as ideias socialistas e nos ajudaram a organizar sindicatos lutando lado a lado conosco para defender nossos direitos. Essa tradição, que reflete em muitos outros aspectos da vida quotidiana de uma família trabalhadora judia, nós a reivindicamos completamente. Por isso é inaceitável tentar confundir essa bela tradição, com o regime sionista, racista, colonialista e genocida de Israel.


TC: Sua postura e a do CST são corretas. Inclusive o dirigente do Partido Obrero da Argentina Jorge Altamira, que é judeu e não sionista, caracteriza também Israel como um estado genocida, a esquerda em geral do mundo todo tem essas postura, inclusive a posição oficial do PSOL (comenta Milton Temer no facebook) é ser solidário com a luta da Palestina...


Babá: Antes de tudo gostaria de agradecer ao companheiro Jorge Altamira pela sua solidariedade. Sei que Altamira, como o Partido Obrero, bem como a maioria da esquerda mundial, condena o estado genocida de Israel. Nesse sentido me sinto forte, nos sentimos fortes a partir do PSOL, da CST e da UIT, a internacional à qual pertencemos. Diferente dos que nos acusam de sermos uma "minoria intolerante" compartilhamos os mesmos sentimentos com a absoluta maioria da esquerda mundial e de importantes intelectuais e personalidades do mundo das artes, das ciências, do esporte ao apoiar a Causa Palestina contra a ocupação sionista. Por isso não foi casual que simultaneamente com a nota que publicou a CST, foram publicados outros artigos mostrando a verdadeira face de Shimon Peres.


TC: Os militantes ligados ao Freixo criticaram nas redes sociais a inconveniência do teu posicionamento....Penso que a conveniência por si só é um principio reacionário, no sentido de que deveria estar subordinada ao conceito de defesa da liberdade ou dos direitos humanos, neste caso; a postura do CST foi criticada como inoportuna por militantes do PSOL argumentando que no meio de uma campanha eleitoral isso ausentaria os votos da comunidade judaica. Pensamos que é correto se colocar porque justamente temos que defender nossos princípios mais caros embora isso seja contra a perda de parte do eleitorado. Queria que me falasse sobre o significado de falar ou calar em relação as convicções políticas, embora isso esteja sendo colocado por parte da militância do PSOL contra um interesse pontual .


Babá: Na verdade no PSOL se abriu um debate bastante artificial. É necessário deixar claro que o programa do partido é taxativo em relação a este tema quando afirma que "Israel pratica terrorismo de estado contra os palestinos". Porém, é evidente que existem interesses de setores sionistas para tentar influenciar nas políticas internas do PSOL, e isso se manifesta especialmente em períodos eleitorais. Desta vez o problema se agravou porque em meio da campanha eleitoral faleceu o líder sionista Shimon Peres, que foi homenageado pelo imperialismo mundial e recebeu várias notas da esquerda, criticando com mais ou menos virulência sua trajetória, entre outras a que publicamos na página de nossa corrente, assinada pelo companheiro Miguel Lamas, o que escandalizou vários setores que saíram a nos criticar porque era um teme inconveniente para aquele momento eleitoral. A CST não agendou a morte de Peres no período eleitoral e reproduzir um pequeno texto lembrando aos lutadores quem foi de verdade Shimon Peres, não deveria ser um problema para nosso partido, mas há setores internos que lamentavelmente são influenciados pelo sionismo e acabam se unindo a eles para nos atacar. Um absurdo! Para defender questões de princípios, como é a luta dos povos pela sua liberação, sempre é boa a oportunidade, só não é para os oportunistas de plantão. Por isso, não nos calarão.


TC: Uma representante da direita, a vereadora Teresa Bergher (PSDB) protocolou pedido junto ao Procurador Geral de Justiça, pedindo a "interdição e retirada das páginas da Corrente Socialista dos Trabalhadores" e "a prisão do autor do texto, Miguel Lamas" (Veja.abril.com). Setores do sionismo falam em pedir a cassação do Vereador Babá, ou pressionar para que a CST seja expulsa do PSOL. Vemos como não se trata apenas de uma questão de ter sido inoportuna publicação do CST. O ataque demonstra que estão se evidenciando mais que confrontos de ideias, mas de luta de classes. Aqui estão os que apoiam a ofensiva americano-israelense versus que são contra os ataques imperialistas. Gostaria que você comentasse a postura da vereadora e o que existe por trás do ataque à CST.


Babá: As reações internas equivocadas de alguns dirigentes do PSOL, cedendo às posturas de setores sionistas organizados, alguns dos quais filiados e militantes do partido, além de servir à imprensa burguesa reacionária como Veja ou a Rede Globo para nos atacar, encorajam políticos burgueses como a vereadora carioca, defensora do sionismo, Theresa Bergher do partido de FHC, o PSDB, o maior privatizador deste país. O mesmo partido que governava o Estado do Pará que, em 1996, e que foi responsável pela Chacina do Eldorado dos Carajás, onde foram assassinados 19 líderes camponeses sem terra. Essa senhora que, como dirigente do PSDB tem responsabilidade pela entrega das riquezas do país às empreiteiras, às multinacionais e ao imperialismo, ainda se acha no direito de pedir o fechamento de nossa página e a prisão de Miguel Lamas (que nem mora no Brasil).

Alguns setores do PSOL aliados aos sionistas que hoje tem a coragem de pedir a expulsão da CST das fileiras do PSOL e até a cassação de meu mandato, não tiveram a mesma coragem de enfrentar Lula no auge de seu prestígio popular em 2003, quando fomos expulsos do PT por votarmos contra a Reforma da Previdência. Em 2004 fundamos o PSOL e eles preferiram continuar no PT, e só vieram para o PSOL em 2005. É evidente que se trata de um grave ataque à esquerda consequente que não se cala e toma partido frente aos grandes problemas da luta de classes nacional e internacional. A pretensão de condenar quem se posiciona contra o estado genocida de Israel e seus lamentáveis líderes é parte da criminalização dos movimentos sociais. E um ataque preventivo aos que lutam contra o estado brasileiro e suas instituições corruptas e desprestigiadas. Se enganam se pretendem calar a esquerda consequente e os trabalhadores que resistem à retirada de seus direitos como se propõe este governo sem legitimidade com medidas que reduzem os orçamentos da saúde e da educação e pretendem tirar direitos dos trabalhadores mediante as reformas previdenciárias e trabalhistas. Não nos intimidam, estamos preparados para encarar estas novas batalhas.