domingo, 15 de outubro de 2023

DIA 15 DE OUTUBRO, DIA DO PROFESSOR, DEVE SER UM DIA DE LUTA, NÃO DE COMEMORAÇÃO, PORQUE A MAIORIA DOS PROFESSORES NÃO POSSUI NENHUM MOTIVO PRA COMEMORAR

 


Viegas Fernandes da Costa, Professor

A maior parte dos professores que conheço (e me incluo nesta observação) já pensou em desistir da profissão. Muitos o fizeram. Excelentes profissionais da educação que por força do mundo real enveredaram por outras atividades. Outros tantos adoeceram, desanimaram, esvaíram-se das vontades. Alguns ainda persistem saudáveis, física e mentalmente, mas não são regra. No Brasil (assim como em tantos outros países) professor engrossa as estatísticas dos sofredores psíquicos. Por isso, a cada dia 15 de outubro, as eventuais manifestações de apreço e reconhecimento aos professores são como um pequeno refrigério, porém, ao mesmo tempo, angustiam. Porque a mesma sociedade que uma vez por ano agradece seus profissionais da educação, que faz reportagens louvando a dedicação e desprendimento dos seus professores, é aquela que chama de vagabundos aos educadores que lutam por melhores condições de trabalho e de vida, que os persegue por meio de movimentos criminosos como o da tal "escola sem partido", que repete irresponsavelmente que professores são privilegiados com a regalia de gozar férias por 45 dias, que acredita e insiste na tese de que o magistério não passa de vocação e sacerdócio. A mesma sociedade que solta balões e multiplica cartões virtuais no dia 15 de outubro é aquela que insiste em não compreender as especificidades da profissão do magistério e pensa que um professor tem que estar 40 horas semanais dentro da sala de aula com turmas que superam 30 alunos. 

Não haverá valorização da educação sem a valorização do profissional da educação, sem a valorização do professor. E a valorização não pode se limitar a uma homenagem no dia 15 de outubro. Se você realmente reconhece a importância do professor na construção de uma sociedade mais justa e capacitada para refletir a respeito dos seus problemas e buscar soluções para os mesmos, vá para a rua, lute, defenda a educação pública e exija condições de trabalho e de vida para seus profissionais. No contrário, o 15 de outubro será apenas mais uma data em que exercitaremos o estéril afago da piedade.