domingo, 19 de abril de 2020

SEM TEORIA REVOLUCIONÁRIA, NÃO HÁ MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO

Nossa homenagem aos 150 anos do nascimento de Lênin, dirigente bolchevique da Revolução de Outubro, na Rússia

Um breve esboço da Teoria  da Revolução Permanente de León Trótsky
GUILHERME GIORDANO


No prólogo à 2ª edição, do livro “A Revolução Permanente”, Stephane Just, membro do CC da extinta OCI – Organização Comunista Internacionalista da França, afirma que a teoria da revolução permanente foi esboçada em 1850, por Marx e Engels, e desenvolvida por Trótsky, em 1905, sem ter sido concluída.

Teria que estar fundamentada em uma análise do estágio do desenvolvimento do modo de produção capitalista que constitui o imperialismo, na experiência analisada cientificamente da primeira fase da época de guerra e revoluções, inclusive do stalinismo.

Apesar de Lênin ter proposto a fórmula “ditadura democrática de operários e camponeses” e só a tenha abandonada abertamente em 1917, com as Teses de Abril, com a palavra de ordem “Todo poder aos soviets”, foi sua análise do imperialismo, fase superior do capitalismo que fundamentou a teoria da revolução permanente.

Nos países economicamente atrasados, as tarefas da revolução democrático-burguesa: reforma agrária, independência nacional, etc. passaram para as mãos do proletariado, porque o imperialismo é a etapa do capitalismo em decomposição e porque a burguesia está, daí em diante, incapacitada para desenvolver as forças produtivas.

O proletariado, portanto, pode e deve tomar o poder nos países economicamente atrasados, apoiando-se no campesinato, porque atua como parte do proletariado mundial, quando se abre a época da revolução proletária mundial.

A Rússia era um país economicamente atrasado: a burguesia era incapaz de realizar a revolução democrático-burguesa por temor ao proletariado, estava mais ou menos ligada às velhas classes dominantes. O aparato do estado czarista à protegia das lutas de classe do proletariado.  

Desgraçadamente, a burguesia russa atingiu seu apogeu na fase de declínio do capitalismo. Às travas históricas anteriores se conjugaram os laços imediatos, diretos, do capitalismo russo com o imperialismo, justamente aonde se produzia a crise do imperialismo: na Europa.

Entre 1890 e 1914, o modo de produção capitalista conheceu um poderoso crescimento no próprio seio do império czarista no quadro do desenvolvimento capitalista que precedeu a primeira guerra imperialista mundial, aonde a economia armamentista se apoderava da Europa, e que desembocava na mais grande empresa de destruição das forças produtivas conhecida até o momento, a primeira guerra imperialista mundial.

Nestas condições, somente o proletariado russo abria às classes exploradas uma solução aos seus problemas: a terra, a paz, as liberdades democráticas; somente ele era capaz de abrir caminho ao desenvolvimento das forças produtivas, por suas próprias soluções, por seu próprio desenvolvimento: por isso, foi a força dirigente da revolução russa, mesmo que esta tenha iniciado com reivindicações democrático-burguesas. Mas o proletariado russo jogou este papel como fração de um proletariado mundial que tem na ordem do dia a revolução mundial do proletariado.

A história demonstrou que a burguesia ultrapassou todos os obstáculos e terminava por impor-se como classe dominante enquanto o modo de produção capitalista desenvolvia as forças produtivas. É exatamente por isso que Marx e Engels não puderam mais que esboçar a teoria da revolução permanente. Mas é também porque, a genial teoria da revolução permanente elaborada por Trótsky permanecia incompleta, sem a análise do imperialismo, a fase superior do capitalismo desenvolvida por Lênin.