quarta-feira, 1 de maio de 2019

O AGRUPAMENTO TRIBUNA CLASSISTA DO BRASIL ADERE À DECLARAÇÃO QUE SEGUE ABAIXO ASSINADA PELO PO DA ARGENTINA E ORGANIZAÇÕES DO URUGUAI, FRANÇA, GRÉCIA E TURQUIA





1° de Maio: dia internacional de luta dos trabalhadores


O fantasma da rebelião e a revolução volta a rondar o planeta

Contra as guerras e a barbárie que são fomentadas pela crise do capitalismo
           



O dia internacional de luta dos trabalhadores ocorrerá em um contexto de grandes rebeliões populares em toda a extensão do planeta. A sublevação no Haiti, o renascer da Primavera Árabe com as explosões revolucionárias no Sudão e na Argélia - que de revoltas populares estão convertendo-se em revoluções que jogam abaixo a seus regimes capitalistas corrompidos e repressores, as mobilizações na Hungria contra a reforma trabalhista e o persistente movimento dos Coletes Amarelos na França, as grandes greves na China, na Índia e Bangladesh, ou o explosivo movimento de mulheres que vão da Argentina até o México, da Polônia até a Irlanda, têm como denominador comum uma resposta das massas à bancarrota capitalista e às condições de barbárie que dela decorre. A crise capitalista enterra a ordem vigente e dá lugar a crises políticas e do regime em seu conjunto.
Este 1° de maio encontra o mundo nas portas de uma nova recessão. O capitalismo não está podendo sair do crack de 2007 e se retomam as crises financeiras, a suspensão da produção, as demissões e fechamentos de empresas, as bancarrotas de nações inteiras.
Trata-se de uma crise capitalista de superprodução de matérias-primas, mercadorias e capitais, que em lugar de abrir uma época de progresso social nos leva à catástrofe, à miséria e às guerras. É um claro sinal do ocaso histórico deste regime capitalista de exploração do trabalhador para assegurar os ganhos de um grupo de banqueiros e monopólios.
As tendências ao colapso financeiro e econômico ameaçam em tomar dimensões catastróficas: as guerras comerciais e a escalada belicista são expressões diretas da decadência capitalista. A crise do imperialismo ianque, amarrado em um impasse político e econômico, a fratura da União Europeia e a ameaça de um novo crack financeiro, prenunciam contradições cada vez mais explosivas e com um alcance cada vez maior. As condições da restauração capitalista na China e na Rússia tornam-se mais convulsivas e a pressão do imperialismo por avançar para uma colonização total ameaça novamente com a desintegração nacional destas nações. Na América Latina temos a queda em marcha do governo macrista devastado pela fuga de capitais, as desvalorizações monetárias e os planos de “ajuste” do FMI, por um lado, e a ameaça de irrupção das massas, por outro. E no Brasil, o atoleiro, crise e divisões do governo do fascista Bolsonaro há poucos meses depois de ter assumido.
Para comandar a crise e manter um quadro de exploração, os governos capitalistas tentam descarregar a crise sobre as massas trabalhadoras e as nações atrasadas. Em muitos países estão assumindo governos de direita (Hungria, Polônia, Brasil, etc.) com o propósito de levar a fundo estas ofensivas contra as conquistas e condições de vida dos trabalhadores.
O presidente ianque, Trump, está agora reforçando um bloqueio econômico contra o Irã: impede as vendas iranianas de petróleo procurando fazer cair os rendimentos de exportações deste país e obrigá-lo a que avance na privatização deste recurso estratégico em favor das petroleiras ianques. Este bloqueio está originando, artificialmente, um aumento do preço das naftas que golpeia o bolso dos usuários-trabalhadores de todo o mundo.
As guerras comerciais e a escalada belicista (Iraque, Afeganistão, Síria, Líbia, os massacres de palestinos, etc.) são expressão do impasse do imperialismo capitalista e de sua tendência política e militar a crescentes guerras. Esta tendência belicista se evidencia no aumento dos orçamentos militares dos EUA (e demais imperialismos), na ruptura dos acordos de mísseis com a Rússia, na integração dos países do Leste Europeu e os Balcãs ao tratado militar da OTAN, na institucionalização da limpeza étnica contra os palestinos que pretende instalar no Oriente Médio o novo plano “de paz” de Trump e Netanyahu, nos boicotes estratégicos contra a Venezuela, Cuba e Irã. Em sua bancarrota e desespero, o capital é capaz de levar-nos à barbárie. A ofensiva de Trump - com o apoio das burguesias capachas latino-americanas - contra a Venezuela para colocar um governo fantoche e privatizar o petróleo, é um passo estratégico para sustentar aos governos de direita em crise (Bolsonaro, Macri, Duque) e enfrentar as tendências de resistência das massas. Fundamental para “ordenar” o chamado quintal do imperialismo ianque e poder intervir mais energicamente nas guerras mundiais que estão se desenhando.
Estes ataques às massas trabalhadoras estão, como temos assinalado no início, originando processos de resistência. Não são só as grandes lutas do Haiti, Sudão, Argélia e outros setores de trabalhadores e despossuídos dos países atrasados. Na China, a classe operária afundada durante décadas na miséria salarial e a superexploração está levantando a cabeça, organiza-se e luta.
E nos EUA crescem as greves de trabalhadores, na vanguarda das quais se destacam as massivas e persistentes greves de professores que tentam recuperar níveis salariais e defender a educação pública. Há uma tendência à polarização que está envolvendo amplos setores de trabalhadores e a juventude. Trump, em seu discurso presidencial, declarou que a “América nunca será socialista”. Reflete que grande parte da juventude norte-americana não vê futuro sob o capitalismo, e sua situação se agrava constante e crescentemente (precarização trabalhista, salários miseráveis, etc.) e procura alternativas políticas autoproclamando-se socialista.
Equivoca-se Trump; não só nos EUA, mas em todo mundo está se abrindo um caminho à retomada das bandeiras de luta pelo socialismo.
Esta tendência à radicalização tem, no entanto, o bloqueio contrarrevolucionário das burocracias operárias sindicais e dos partidos oportunistas que crescentemente foram se integrando com o poder burguês. Só o fato de que a CGT francesa não tenha convocado a paralisação geral ativa, confluindo com as mobilizações dos “coletes amarelos”, explica que ainda não tenha caído o governo antioperário de Macron. As burguesias nacionais dos países atrasados (Lula no Brasil, Kirchner na Argentina, o chavez-madurismo na Venezuela, etc.) estão sendo incapazes de desenvolver seus países, continuam se subordinando ao capital financeiro (pagando religiosamente usurárias dívidas externas, etc.) e terminam capitulando frente ao imperialismo e abrindo o caminho à ascensão da direita em sua oposição para evitar a irrupção revolucionária das massas trabalhadoras. Apesar destes bloqueios contrarrevolucionários, na Argélia e Sudão, as massas mostraram o caminho passando das rebeliões a revoluções contra o poder político. A necessidade de lutar por novas direções classistas e revolucionárias, de independência de classe, deve ser um objetivo central.
Há 129 anos, a classe operária mundial organizou-se para ganhar as ruas e encarar a luta comum pelas 8 horas de trabalho e outras reivindicações contra o capital. Hoje vemos que essa unidade mundial dos trabalhadores está rompida. Em muitos países, as burocracias convocarão festivais e vão celebrar um dia de festa “pelo trabalho”. O 1° de maio é um dia internacional de luta dos trabalhadores. E este 1° de maio expõe em carne viva a necessidade de recuperar a independência política dos trabalhadores, de construir partidos operários revolucionários em cada país e uma Internacional Revolucionária que unifique a luta contra a ofensiva de barbárie e superexploração do capital e se proponha a lutar para que os trabalhadores imponham governos operários e abram o caminho à satisfação de suas reivindicações, derrotando as guerras imperialistas.
A centro-esquerda propugna enfrentar a Trump e os governos de direita formando frentes antifascistas “democráticas” com setores opositores da burguesia. Mas essa centro-esquerda é a que se afundou incapaz de enfrentar a crise capitalista, abrindo o caminho à ascensão destes setores de direita. É impossível voltar ao “equilíbrio” anterior, há que se avançar contra a barbárie capitalista para a resistência, a revolução e o governo de trabalhadores. Uma frente “democrática” com os Lula, Kirchner e Cia. para enfrentar a direita eleitoralmente seria colocar uma camisa de força às massas operárias e revolucionárias que estão saindo à luta. 
Trata-se de enfrentar e derrotar ao capitalismo que gera estas forças de direita e também se vale dos pseudo-democratas para impor seus planos. Não nos esqueçemos que com Clinton e Obama, o imperialismo descarregou sua guerra contra a Líbia (que hoje praticamente está deixando de existir como país independente, dividido em várias zonas sob governos tutelados por diferentes frações imperialistas), na Síria, Iraque, etc.
Mais do que nunca, o imperialismo aparece como a reação em toda a linha. Suas intervenções militares em defesa dos direitos humanos, ou por razões humanitárias são pura fábula, maquiagens para disfarçar seu rosto contrarrevolucionário. A classe operária é o motor da luta por uma transformação socialista do mundo.
O movimento das mulheres pelo direito ao aborto e outras reivindicações democráticas contra a opressão capitalista está recuperando o 8 de março como jornada internacional de luta da mulher trabalhadora com massivas mobilizações (Espanha, Argentina, etc.).
Recuperemos também o 1° de maio como dia internacional de luta contra o capital.
As organizações abaixo-assinantes, partidos e organizações revolucionárias baseadas no programa da Coordenação  pela Refundação da Quarta Internacional (CRQI), estamos impulsionando a refundação de uma Internacional Socialista Revolucionária para unir aos trabalhadores do mundo. Convocaremos para fins deste ano a uma Conferência Internacional para dar passos concretos nesse sentido.
Construamos Partidos Operários Revolucionários. Ponhamos em pé uma Internacional Revolucionária.
Não às frentes de colaboração de classes. Por frentes revolucionárias de independência de classe, da esquerda e os trabalhadores.
Que os capitalistas paguem a crise. Não ao pagamento das usurárias dívidas externas. Não aos planos fundomonetaristas de “ajuste” contra os trabalhadores. Abaixo as reformas trabalhistas e previdenciárias reacionárias e antioperárias.
Apoiemos as lutas das mulheres pelo direito ao aborto e suas reivindicações contra o capitalismo. Separação das Igrejas do Estado.
Contra a xenofobia e a perseguição aos imigrantes. Plenos direitos cidadãos e trabalhistas para os imigrantes. Unidade da classe operária contra o capital.
Abaixo as guerras imperialistas. Fora as tropas imperialistas da África e Oriente Médio. Apoio à luta do povo palestino contra o sionismo-imperialismo: pelo direito ao retorno. Fora ianques da Venezuela e da América Latina.