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quarta-feira, 10 de junho de 2020

DISCURSO DE UMA NEGRA NORTE AMERICANA SOBRE O FACISMO IANQUE CONTRA OS NEGROS DOS E.U.A

Transcrição de Sérgio Miguel







Tamika Mallory em discurso contra morte de Gorge Floyd

"Esta é uma atividade coordenada acontecendo em todo o pais. E assim estamos em estado de emergência. Negros estão morrendo neste estado de emergência. Não podemos ver isto como um incidente isolado. A razão pela qual os edifícios estão queimando, não é apenas pelo o nosso irmão George Floyd, eles estão queimando porque as pessoas aqui em Minessota, estão dizendo para as pessoas em Nova Yorque, para as pessoas na Califórnia, para as pessoas em Menfhis, para as pessoas de todo o pais. Basta!!! E não somos responsáveis pela doença mental que foi infringida a nosso povo pelo governo estaduniense, instituições e pelas pessoas que estão em posição de poder. Eu não dou a mínima se eles queimaram a loja Targert, porque a loja Targert deve estar nas ruas conosco pedindo a justiça que nosso povo merece. Onde estava o Auto Zone na época em que Philando Castile foi assassinado em um carro, que é o que eles realmente representam? Onde estavam? Então, se você não está vindo em defesa do povo, então não desafie-nos enquanto jovem e outras pessoas frustradas e instigadas pelas pessoas que você paga. Você está pagando agitadores para estar entre nosso povo jogando pedras, quebrando janelas, e incendiando prédios, então os jovens estão respondendo a isto. Eles estão enfurecidos, e há uma maneira de pará-los. Prendam os policiais, processem os policiais, processem todos os policiais. Não apenas alguns deles, não apenas aqui em Mineapolis. Processem eles, em todas as cidades da América ( EUA), onde nosso povo está sendo assassinado, Processem em todo os lugares. Este é o "ponto de partida". Processem a policia, façam seu trabalho. Façam valer o que vocês dizem deste o que deveria ser. A terra da liberdade para todos. Não tem havido liberdade para o povo negro, e estamos cansados. Não nos fale sobre saques. "Vocês são os saqueadores". Os E.U.A. saquearam o povo negro. Os E.U.A. saquearam "os nativos americanos", quando vocês chegaram aqui. Então, saquear é o que você faz. Nós aprendemos isto com você. Nós aprendemos violência com você. Então, se você quer que façamos o melhor, faça melhor, porra."


terça-feira, 26 de maio de 2020

Em manifesto, mais de 500 organizações denunciam o genocídio de João Pedro e da população negra

Tomamos a liberdade de publicar o "Manifesto Luto em luta por João Pedro e todas pessoas negras vítimas da violência do Estado" e nos solidarizamos com o ato  “Luto em luta” convocado pela  Coalizão Negra Por Direitos, organização que reúne entidades do movimento negro à nível nacional, que foi realizado on line no dia 26/05, em memória de João Pedro e de todas as vítimas do genocídio negro no Brasil. A mobilização exigiu providências sobre a realidade de violência que sofre a população negra e moradora das periferias.

Guilherme Giordano - Tribuna Classista/SC

O verdadeiro genocídio que o estado capitalista e seus grupos de extermínio paramilitares promovem contra a população negra principalmente no Rio de Janeiro e outras várias capitais do país cresceu nos marcos da pandemia, e se cristalizou como um método sistemático das polícias militares e de todo o aparato repressivo do estado, incluindo as Forças Armadas. Como se não bastasse, os esquadrões da morte da ditadura militar retornaram sob várias formas, das UPPs que assassinaram e sumiram com o corpo de Amarildo aos milicianos ligados ao governo Bolsonaro e às autoridades do Rio de Janeiro que assassinaram Marielle, duas monstruosidades que ficaram marcantes nacionalmente e internacionalmente, das outras tantas que vitimaram nossos irmãos e irmãs negras.

Nosso agrupamento entende que sem a tomada do poder político pela classe trabalhadora, essa situação de exploração e violência vivida contra a população negra e pobre da periferia em todo o país só tende a se agravar.

A luta do negro está indissoluvelmente ligada historicamente à luta pela emancipação social e política de toda a classe trabalhadora, mesmo porque o negro é maioria na constituição do proletariado brasileiro, portanto sem uma revolução social no próximo período que vai se abrir, a tendência é o proletariado de maioria negra no Brasil ser esmagado a começar pelo desemprego, pelo rebaixadíssimo poder aquisitivo, enfim pela miséria que cresce exponencialmente no seio da grande massa trabalhadora, na qual o negro é maioria, enquanto que a riqueza produzida por essa maioria é expropriada por uma "meia dúzia de pançudos capitalistas", que cada vez ficam mais ricos, mais abastados, ostentando mais opulência. Não há como reverter essa tendência nos marcos do sistema capitalista, que vai descarregando sua crise falimentar nos ombros dos trabalhadores. Nós, trabalhadores por sua vez não podemos mais permitir que essa situação insuportável e insustentável continue. São milhões de vidas que são convocadas cotidianamente para um sacrifício em nome de um minoria que lhes rouba a maior parte desse sacrifício, como verdadeiras aves de rapina. Nós não somos obrigados a suportar e carregar mais nenhum segundo essa carga sobre nossas costas para perpetuar um sistema que só nos trás sofrimento, angústia de não saber o que vai ser no outro dia, enquanto uma ínfima minoria goza da riqueza produzida por nós que somos maioria. 

Uma maioria sendo esfolada viva por uma ínfima minoria! É hora dos trabalhadores tomarem o poder de fato! Chega de ilusões, chega de migalhas, e como se não bastasse, as vidas de nossos filhos são roubadas, como roubaram a de João Pedro e de tantos outros e outras, assim, a troco de nada! Mataram toda uma família, mataram um pouco de nós juntos com João Pedro, e aceitaremos que isso continue a troco de que? Uma mobilização massiva tem que ter em mente que o primeiro ponto será o desmantelamento de todo este aparato repressivo do estado burguês, o estado dos capitalistas! Que teremos que desmantelar todos os corpos paramilitares e as hordas fascistas que começam a se manifestarem como sintoma de decadência desse organismo tomado por uma metástase que é o sistema capitalista. Até a vitória, João Pedro e todos os meninos e meninas do Brasil que tombaram sob as balas assassinas do aparato estatal e paraestatal. Nossa solidariedade aos seus pais e todos os familiares. Morremos um pouco junto com eles. 



                                           


Assessoria de comunicação Terra de Direitos

Manifesto Luto em luta por João Pedro e todas pessoas negras vítimas da violência do Estado

“Eles não mataram só o João, mataram o pai, uma mãe, uma irmãzinha de 5 anos” – Neilton Pinto, pai de João Pedro Mattos Pinto, 20 de maio de 2020.

O que aconteceu com João Pedro tem nome: é genocídio. Por ser um jovem negro, seu corpo foi alvo fácil! Nosso manifesto é por João Pedro e também por todas as pessoas que estão na mira do genocídio! Não estamos, nem ficaremos calados diante do genocídio!

Exigimos providências!

Este crime bárbaro é mais um, que por comover todo país, torna-se símbolo da necropolítica colocada em prática pelo Estado brasileiro, capaz de manter violentas operações policiais em favelas e periferias mesmo em tempos da mais mortal pandemia que o país já viveu. Pedro e sua família obedeciam a orientação do Governador Witzel e dos organismos internacionais de saúde, como forma de se proteger da Covid19. Estavam em casa. Mas para famílias negras no Brasil, a casa, a rua, a comunidade não são sinônimo de segurança.

Construímos este manifesto a várias mãos. Mãos essas que nas últimas décadas vêm apontando o quão excludente e genocida é a sociedade brasileira. Seguiremos escrevendo a história desta luta com todas e todos que também não compactuam com esse cotidiano de barbárie!

Organizações, Movimentos e Coletivos juntos!

Manifeste-se junto com a gente, deixe aqui sua assinatura.

Quando Elza Soares cantou “A carne mais barata do mercado é a carne NEGRA”, a letra já nos sinalizava para um futuro inconstante que envolve todos os moradores de comunidades e favelas do Estado do Rio de Janeiro. Negros, periféricos, marginalizados, alvos fáceis na mira do sistema, que cotidianamente busca nos exterminar. João Pedro Mattos Pinto, 14 anos, assassinado enquanto brincava com amigos dentro de casa no morro do Salgueiro-São Gonçalo. Tal violência cotidiana assombra os morros favelas e guetos no Brasil. Aliás, a palavra violência há muito tempo deixou de ser uma ação esporádica e passou a ser a resposta primeira do Estado sobre a população de maiorias minorizadas, mas representativas nos setores econômicos e sociais. Um brutalidade que, segundo o “Atlas da Violência 2019”, organizado pela Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, recai de forma incisiva sobre a população negra e pobre.
Segundo o referido estudo, publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), entre 2007 e 2017, o número de homicídios entre pessoas negras aumentou 33,1%. Em meio a um recorde histórico de homicídios em 2017 da ordem de 65.602 vítimas, 75,5% dessas eram negras. A pesquisa também aponta que a região nordeste do país tem o maior índice de mortes violentas registradas em 2017 entre a população negra. No Rio Grande do Norte, o levantamento expõe o índice de 87 mortos a cada 100 mil habitantes negros, mais do que o dobro da média nacional. No Ceará, verifica-se um índice de 75,6; em Pernambuco, 73,2; em Sergipe, 68,8; e, em Alagoas, registra-se um índice de 67,9.

Não muito diferente das demais localidades, o Rio de Janeiro, na região sudeste, é um dos que mais mata no Estado Brasileiro, e o histórico de violências do estado já é conhecido por boa parte da população periférica. Histórico esse que em tempos de pandemia vem crescendo a cada dia. Só entre os dias 15 e 19 de março de 2020, início do isolamento social, os agentes de segurança pública do estado mataram 69 pessoas. Entretanto, as mortes em operações monitoradas, que tiveram uma drástica queda no começo da epidemia (-82,6% em março), superaram as do ano passado em abril e maio (aumento de 57,9% em abril e 16,7% até 19 de maio). Os dados indicam que, durante a epidemia, nos meses de abril e maio, as polícias do Estado do Rio de Janeiro usaram mais força letal em operações policiais do que em 2019, quando o Rio de Janeiro teve o recorde de 1.810 mortes causadas por intervenção policial.

João Pedro, preto e morador de favela, representa a esperança interrompida. Assim como boa parte dos jovens brasileiros, João Pedro tinha sonhos, queria ser advogado e era “o amor” de uma mãe, de um pai, de uma irmã, de uma família e uma comunidade inteira, que assim como o jovem negro João foram atravessados pela “bala” do Estado do Rio de Janeiro.

João nos deixou e foi deixado pelo Estado omisso e descomprometido com a superação da desigualdade social, política e econômica. E assim como outros jovens negros, para alguns, agora é estatística, mas para nós é um jovem negro amado pelos amigos e a família. Por isso, ao homenagearmos João Pedro Mattos Pinto, lembraremos e acolheremos todas as famílias e amigos que tiveram suas histórias aniquiladas pela mão do Estado. Acolheremos com afeto todas e todos nós, nossos medos, mas também nossa capacidade de nos levantar do chão, onde querem nos deixar. Não ficaremos! Somos herdeiras e herdeiros de quem não sucumbiu ao terror. De quem, acorda cedo, sonha, trabalha e batalha o dinheiro para seu sustento. Faremos por João Pedro, Ágatha, Renan, Iago, João Vitor, Rodrigo e tantos outros corpos pretos a oração, ação com arte e confiança na luta que só nossa unidade construirá. Somos a maioria da população brasileira, segundo país de gente negra no mundo. Seremos capazes de nos abraçar de novo, de transformamos o luto em luta e de gritar a uma só voz: Nossos corpos e nossas vidas têm voz!

“Minha luta por memória é UM sorriso lindo. Um sonho foi embora junto com meu filho Daniel naquele dia. Só trocaria minha vida pela dele. Hoje, minha luta é abraço, acolher, unir força, foco e fé na justiça pelos nossos filhos. Sonhos destruídos por nada” – Joseane Martins de Lima Ferreira, mãe de Daniel Martins Nunes de Oliveira, morto no Km 32, Nova Iguaçu em 26 de maio de 1990.

Exigimos providências!

Anexamos a este manifesto as diversas iniciativas já protocoladas e em andamento de combate a necropolítica e para a promoção de direitos para a população negra.

A Coalizão Negra Por Direitos, junto com iniciativas que articulam e assinam este ato, enviou às autoridades do Rio de Janeiro requerimentos solicitando resoluções sobre a ação policial do Estado que resultou na morte de 13 pessoas em operações realizadas nos últimos dias no Complexo do Alemão. João Pedro Mattos Pinto é uma delas. Notificamos organismos nacionais: MPRJ (https://bit.ly/2WY8r3v), ALERJ, Comando Geral da PM – RJ (https://bit.ly/2ZsWMLX), Governador do Rio de Janeiro (https://bit.ly/36oWA1A), Secretaria da Segurança Pública do RJ (https://bit.ly/3eqbg3x), Corregedoria Geral da PM (https://bit.ly/2TzrfnD) para que haja investigação e responsabilização pelo caso. Além disso, denunciamos a ação internacionalmente, em pedido direcionado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos para que cobrem as devidas providências ao Estado brasileiro. Reivindicamos a identificação e responsabilização penal dos policiais envolvidos, além da criação de formas de controle para que essas ações não mais aconteçam.

As vozes, narrativas e sonhos, ressoam uns nos outros! E ainda que o Estado nos faça de alvos, continuamos em luta, assim nos ensina Lélia Gonzalez, “trazemos conosco a marca da libertação de todos e todas, portanto nosso lema deve ser: organização já!”. O genocídio precisa ser nomeado! Para conhecer a campanha que exige das mídias o uso do termo genocídio para as mortes da população negra acesse alvosdogenocidio.org.

Organizações, Movimentos e Coletivos juntos!

quinta-feira, 21 de maio de 2020

O RACISMO NO BRASIL




Roberto Rutigliano - Tribuna Classista Rio de Janeiro 

Aconteceram duas barbáries nestes dias que trazem à tona a questão do racismo; primeiro, a morte de um garoto dentro de casa no Rio de Janeiro. Este caso tem um fundo classista porque a polícia não atira assim em bairros de classe média. Na casa onde ele estava foram encontrados mais de 70 disparos nas paredes.
O caso mostra de forma clara e explicita como a polícia entra de forma violenta nas periferias e nas comunidades onde normalmente vive a população negra e pobre.
A polícia entrou na comunidade atirando de forma completamente indiscriminada tirando a vida de um jovem inocente.
O resultado da operação foi desgraçadamente a morte de um jovem que estava dentro de casa. Após ser atingido, João Pedro foi levado pela polícia e a família só ficou sabendo da morte do garoto na manhã da quarta-feira, dois dias depois.
 A ação criminosa ocorreu durante operação da Polícia Federal (PF) e da Polícia Civil no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo (RJ).
O segundo episódio foi um caso de racismo humilhante. Colegas do Colégio Franco-Brasileiro no Rio trocaram mensagens ofensivas contra uma companheira negra e a notícia acabou ganhando as redes e a mídia.
O racismo existe e teremos que combatê-lo de forma muito mais agressiva para que acabe. A questão se arrasta desde a época da escravidão e está instalada de forma subliminar em toda a sociedade.
O racismo se manifesta de forma explicita contra os negros pela questão física, pela questão de classe e acaba se incorporando de forma disfarçada atrás de um desprezo pelas atividades ou pela cultura do negro como uma forma de desqualificação gratuita. Isto está internalizado na educação, na religião cristã, na moda, nos modelos sociáveis desejados e se manifesta em forma de um sentimento de superioridade que permitiria o desprezo ou a ofensa como algo natural e entendível.
Existe a marca na pele e na questão classista que discrimina mesmo ao negro que frequenta espaços sociais de privilégio.
Esta prática tem que acabar não apenas com notas de repúdio, mas com uma mobilização das organizações sociais para que toda esta problemática seja discutida com as crianças na escola, com as forças policiais e com os meios de comunicação até se tornar evidente que estamos ante um desvio insano da conduta humana.
A história dos negros no Brasil é responsável por atos políticos importantes como o Quilombo dos Palmares e Zumbi ou as Revolta dos Malês na luta contra os colonizadores.
A cultura negra é responsável por muitos dos ritmos e pela instrumentação de boa parte da música brasileira. As religiões afro-brasileiras são riquíssimas em mitologias e influenciaram desde a culinária, a dança, até boa parte dos costumes e dos hábitos do país.
Existe um preconceito encruado dentro da direita branca racista que se manifesta no desprezo de políticos como Bolsonaro que mais de uma vez ofendeu e teve ações indignas contra o povo negro.
Temos que incansavelmente voltar sobre este assunto por que aqui como nos EUA ou na Europa a educação não conseguiu arrancar essa perversão humana que pretende desqualificar a outro ser humano apenas pela sua cor ou sua condição econômica.
Chamamos a atenção a que esta luta está intimamente associada a uma luta por uma concepção classista da sociedade. A coletividade toda tem que se revelar contra este tipo de visão e afirmar de forma categórica que a luta pela liberação do homem passa pela compreensão da necessidade de aceitar as diferenças e enriquecer-nos com o fim da disputa pela superioridade racial ou social.