domingo, 8 de maio de 2016

CPERS: A OPOSIÇÃO, A CRISE E AS SUAS PERSPECTIVAS.



GUILHERME GIORDANO


No dia cinco de maio do corrente ano foi convocada uma reunião por algumas forças políticas que se dizem de oposição à atual direção do CPERS, a Articulação Sindical do PT e da CUT. Entre elas, encontravam-se o PSTU, o MLS (racha da DS do PT e da CUT PODE MAIS), o Alicerce/PSOL, CEDS (Clóvis de Oliveira), etc. para discutir uma intervenção unificada dessa oposição, principalmente para o Congresso Estadual do CPERS que irá ocorrer no início de julho, visando inscrever uma tese única.


Foram convidados para essa reunião e não compareceram, por não concordarem com o método que foi proposto, o MES/PSOL e CS/PSOL.

O debate já iniciou falseado, pois não se propôs como método a discussão de um balanço das últimas eleições gerais para a direção do CPERS, na qual a categoria votou majoritariamente nas chapas da esquerda, e quem levou a eleição e ficou com a direção do sindicato foi a Articulação Sindical do PT e da CUT, com uma votação minoritária. Os que propõem a "Unidade" da "Oposição" para uma briga de aparato, sem o mínimo entendimento e acordo da caracterização de pontos decisivos na atual conjuntura, se dividiram e entregaram um instrumento de luta histórico da categoria para a política de conciliação de classes do PT e da ala majoritária da CUT.

A discussão proposta passou desde uma análise superficial da profunda crise política no país desvinculada da bancarrota mundial do capitalismo, até por proposta de alteração estatutária visando a próxima eleição do sindicato que irá ocorrer no ano que vem, nos marcos de uma situação de quebra completa do Estado do Rio Grande do Sul, aonde o governador do PMDB, Ivo Sartori, "o gringo que faz", promove um sequestro dos salários dos servidores do executivo estadual, "simplesmente parcelando-os em nove vezes". PASMEM!






O representante do TRIBUNA CLASSISTA na reunião pegou a palavra e questionou o fato de que não se discutiu a necessidade de um programa político para defender os interesses da categoria, na forma de um Plano de Lutas, e nem sequer foi mencionada a palavra "golpe", em um claro acordo tácito oportunista entre as forças presentes, que sabidamente possuem uma caracterização divergente sobre o assunto. Falou da necessidade de uma reorganização do movimento operário diante do "verniz 'institucional' (impeachment) do golpe" que se constitui como "veículo para uma profunda modificação das relações entre a classe capitalista e as massas" que passa necessariamente pela "convocação de um Congresso de bases dos trabalhadores que discuta e aprove um programa contra o ajuste e uma saída operária frente à crise", chamado este "dirigido às centrais e organizações operárias que hoje estão atravessadas e comovidas pela crise em curso e é extensivo ao Conlutas, aos movimentos sociais e às organizações de esquerda". (PO 1409,5/5/2016).

Antes de entrar na discussão da tese para ser apresentada, foi dado o informe de que o prazo (até o dia 13/05) e a vinculação das teses para eleição dos delegados nas assembleias, seria uma justificativa (burocrática) para a falsa unidade. O CEDS e o Alicerce/PSOL retiraram-se antes, e foi acordado com os mesmos de que seria apresentado um Manifesto unificado entre as forças presentes.
A metodologia para discussão da tese foi proposta com os pontos que na discussão preliminar apresentaram-se como controversos. Na discussão de conjuntura nacional, o MLS e o PSTU apresentaram uma caracterização de que não existe um golpe em curso, contra o impeachment, e de independência dos trabalhadores frente aos dois blocos burgueses em pugna.

Depois da intervenção do representante do TRIBUNA CLASSISTA, a qual caracterizou a situação política nacional associada à crise mundial, com todas as suas especificidades, e que nesse caso, do Brasil, se manifestava não somente no esgotamento da política de colaboração de classes e de tentativa de contenção das massas do PT, mas na tendência ao desmoronamento de todo um regime político moribundo, que a cada manobra e peça mexida no tabuleiro da crise, coloca as frações burguesas em um verdadeiro estado de pânico, como no caso do afastamento do Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, um ladrão reconhecido por toda a imprensa internacional, que dirigiu a sessão circense do impeachment, televisionada em cadeia nacional, que expôs para toda a população o verdadeiro antro que domina o Congresso Nacional, representantes das mais diversas siglas e frações da burguesia tupiniquim, uma verdadeira prostituição política a céu aberto, escancarando um golpe político contra as massas, a representante do PSTU saltou com uma posição ultimatista que contém outra face de uma mesma moeda daqueles que se dissolveram na política de colaboração de classes do PT para pura e simplesmente fazer a defesa do governo Dilma, que assim como o golpismo comandado por Michel Temer, seu vice-presidente, promoveu o ajuste contra os trabalhadores. O PSTU arbitrariamente entende que se uma determinada posição caracteriza que há um golpe em curso, automaticamente está fazendo a defesa do governo Dilma, enquanto que a outra da mesma moeda, arbitrou que qualquer crítica ao governo do mensalão e do Petrolão está fazendo o jogo dos golpistas.

O terceiro campo do PSTU com seu FORA TODOS é uma incógnita que nem seus militantes sabem explicar e decifrar, pois carece de uma caracterização de classe. Falando nisso, depois da vigorosa intervenção do representante do TRIBUNA CLASSISTA, o PSTU não teve coragem de apresentar o seu FORA TODOS.  

Há que se abrir uma perspectiva política para que a classe operária emerja da crise de maneira independente, classista, socialista e revolucionária. Urge que as organizações de massa da classe trabalhadora convoquem um Congresso Nacional com delegados eleitos nas bases das categorias para discutir e aprovar um programa de defesa das necessidades vitais dos trabalhadores e de um governo dos trabalhadores, bem como é necessário envolver o máximo de organizações da esquerda revolucionária e de militantes para que se construa a Conferência Latino-americana proposta pelo Partido Obrero da Argentina, pelo PT do Uruguai e demais organizações militantes e simpatizantes da CRQI para discutir e aprovar um Plano de Ação em defesa da Unidade Socialista dos Trabalhadores da América Latina, diante da monumental crise mundial que afeta todo o continente.