quarta-feira, 17 de julho de 2024

BRASIL: REJEITAMOS A COMPRA DE ARMAS ISRAELENSES

 Vide link: https://prensaobrera.com/internacionales/brasil-el-cinismo-prosionista-de-lula

Lula fala contra o genocídio palestino, mas financia os genocidas.

Rafael Santos

Lula acaba de avalizar a compra, pelo Exército Brasileiro, de 36 veículos blindados de combate armados com obuseiros da empresa israelense Elbit Systems... pelo valor de 1 bilhão de reais!

Muitas vozes de protesto se levantaram contra esta decisão, mas Lula apenas insistiu que ela surgiu de um “concurso transparente” que a empresa sionista teria vencido em detrimento de outras (francesas, etc.).

A empresa sionista, fabricante das armas que o sionismo utiliza para assassinar o povo palestino, tem buscado parceiros na burguesia brasileira. Declarou que buscará “colaboração com alguns potenciais parceiros nacionais, que serão definidos em conjunto com o Exército Brasileiro”. Mas isso não é novo. A Elbyt Systems anunciou que entre os possíveis parceiros para recrutar entre a burguesia nacional brasileira estão “Atech (Embraer), Agrale, RF COM Sistemas, Imbel, CSD Defense Components & Systems”. Para a empresa fabricante de armas sionista, a escolha do sistema Atmos representa um “marco significativo na parceria com o Brasil”, construída “há décadas através das empresas AEL Sistemas e Ares Aeroespacial e Defesa”. Nos últimos 23 anos, o grupo sionista de fabricação de armas investiu mais de 50 milhões de dólares e tem cerca de 600 funcionários. Com esta nova compra por um bilhão de reais, será introduzida tecnologia específica que tornará a indústria de defesa brasileira mais dependente.

Inúmeras organizações brasileiras manifestaram-se para repudiar esta compra do governo genocida. Desenvolve-se uma mobilização crescente “para a suspensão definitiva dos acordos militares com Israel”. O coletivo Vozes Judaicas pela Libertação afirma: “Chegou o dia de pressionarmos, com todas as nossas forças, para que o Estado brasileiro cumpra suas palavras e as obrigações do Direito Internacional, rompendo todos os acordos e transações militares com Israel”. “Não podemos mais ser um país que condena com palavras o genocídio do povo palestino, enquanto, na prática, financia e mantém contratos de cooperação com o regime israelense”, afirmam. 

Enquanto isso, as mobilizações exigem o rompimento das relações com o governo genocida. 

Há alguns meses, quando a Corte Internacional denunciou o genocídio sionista contra o povo palestino, Lula acrescentou declarações no mesmo sentido. Isso motivou o governo Netanyahu a declarar Lula “persona non grata”. Para além dos fogos de artifício verbais, a pressão sionista-imperialista sobre o governo Lula parece ter tido os seus resultados. Lula é, objetiva e praticamente, um colaborador da política genocida sionista.

Um dos líderes do grupo Brics mostra assim praticamente os limites deste conjunto supostamente “progressista” (não podemos chamá-lo de anti-imperialista). 

O governo Milei na Argentina está, obviamente, no mesmo caminho. No recente desfile militar do Dia da Independência (9 de julho), o presidente Milei e sua vice-presidente, a pro genocidas Victoria Villarruel, "exibiram-se" em cima de um veículo blindado, que - foi anunciado - havia sido reformado com novos dispositivos de tiro, baseados em tecnologia nacional, quando na realidade foram “modernizados” com tecnologia sionista proporcionada por acordos com parceiros nativos ligados ao Ministro Bullrich. 

Depois disso, cinicamente, o governo brasileiro anunciou “um acordo de livre comércio com o Estado Palestino”. 

Na realidade, o que fez foi anunciar a ratificação de um acordo consensuado há uma década para estabelecer um acordo de livre comércio do Mercosul com o Estado Palestino. O Brasil acaba de ratificá-lo. Mas os outros membros do Mercosul não se manifestaram. É difícil para Milei, por exemplo, fazer isso. Isto significa que o “acordo” não pode ser posto em prática. 

Mas o que significaria um acordo deste tipo nas atuais circunstâncias com uma Palestina bloqueada por terra, ar e mar pelo Exército Sionista com o apoio dos imperialismos do mundo, que está a levar a cabo uma guerra genocida contra o povo palestino em Gaza? e, cada vez mais, na Cisjordânia? Uma saudação formal à bandeira, ou seja, uma declaração de boas intenções e o inferno está cheio dessas declarações. 

O governo Lula está ciente disso. “O acordo é uma contribuição concreta para um Estado Palestino economicamente viável, que possa viver em paz e harmonia com seus vizinhos”, afirma o comunicado do Itamaraty. É apenas uma ilusão anti-palestina para o futuro. Isto porque afirma que o acordo só será implementado se o Estado Palestino “puder viver em paz e harmonia com os seus vizinhos”. Faz eco da propaganda sionista-imperialista, que acusa os palestinos de serem “terroristas”. Nesta base, o governo de Netanyahu apresenta-se como aquele que quer acabar com o “terrorismo”, massacrando os palestinos de Gaza para estabelecer “paz e harmonia”. 

O governo da chamada Autoridade Palestina que hoje existe é um fantoche do sionismo-imperialismo e colabora no controle, e até na repressão, dos setores palestinos que protestam na Cisjordânia.

Outra coisa seria se o governo Lula, ao declarar um tratado de livre comércio com a Palestina, propusesse enviar um comboio marítimo para executar esse direito, contornando o bloqueio dos sionistas genocidas. Foi isto, noutras circunstâncias, o que fizeram os ianques quando mantiveram o comércio marítimo com a Grã-Bretanha na Segunda Guerra Mundial, apesar do bloqueio dos submarinos alemães. O naufrágio de navios americanos foi fator determinante para que os Estados Unidos declarassem guerra à Alemanha.

Mas, Lula nem pensa nisso. Pelo contrário, organizações de direitos humanos denunciaram que o intelectual muçulmano palestino Abuumar Rajaa, que vive na Malásia e é Diretor do Centro Asiático de Pesquisa e Diálogo, foi detido ao desembarcar no aeroporto de São Paulo. Ele viajou com sua esposa grávida e filho para visitar seu grupo familiar. A causa? A “inteligência americana” (leia-se o Departamento de Estado e a embaixada ianque) classificou-o como “terrorista” e propôs a sua expulsão. Os advogados brasileiros de direitos humanos apelaram e parecia que iriam obter a possibilidade de defesa, mas… a polícia acabou colocando-o num avião e mandando-o de volta para Kuala Lampur com a aprovação do governo. Eles violaram os direitos à defesa existentes na Constituição brasileira e na legislação pertinente. Os advogados descreveram esta ação como “ilegal e xenófoba”. Deveríamos acrescentar: pró-sionista e anti-palestina. 

Afirma-se que dentro do partido de Lula (Partido dos Trabalhadores, PT) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT) há divergências com esta orientação de colaboração com o governo genocida sionista. Devemos expressá-lo claramente e mobilizar-nos – como acontece cada vez mais no mundo – para o rompimento das relações com o Estado Sionista, para a retirada das tropas sionistas de Gaza, para o levantamento do bloqueio e para o envio de ajuda ao povo palestino que sofre o genocídio colocado em marcha. Devemos ir às assembleias, manifestações e mobilizações das organizações de massa do Brasil por essas demandas.

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