sexta-feira, 29 de julho de 2016

PARTIDOS DE ESQUERDA PROPÕEM UMA SAÍDA OPERÁRIA E SOCIALISTA À CRISE DA AMÉRICA LATINA


                                                                     


Publicado originalmente no site do PT do Uruguai (http://pt.org.uy/)

Nos dias 15, 16 e 17 de julho reuniu-se em Montevidéu a Conferência Latino-americana pelo reagrupamento da esquerda revolucionária e do movimento operário. Analisou-se a bancarrota das experiências nacionalistas burguesas nos países da região e propôs a perspectiva estratégica da Unidade Socialista da América Latina. 

Com a participação de cerca de trezentos ativistas e militantes dos movimentos sociais, partidos políticos e sindicatos, realizou-se em Montevidéu a Conferência Latino-americana, que debateu uma saída independente da classe operária e os explorados do continente pela crise capitalista.

O PT do Uruguai e o Partido Obrero da Argentina foram os principais convocantes do evento, que teve a participação de delegações do Brasil, Chile, Paraguai, Venezuela, Bolívia e México, além da Argentina e do Uruguai, obviamente.

O deputado argentino Néstor Pitrola (PO / Frente de Esquerda), partiu da crise mundial como fenômeno para compreender a nova etapa de imensa convulsão social, política e econômica que vive a América Latina. Refutou a ideia de que ante a debacle do nacionalismo a direita consiga pilotar a crise, e implementar um ajuste contra os trabalhadores sem desatar uma reação popular em grande escala.

Rafael Fernández, candidato a presidente pelo PT do Uruguai nas últimas eleições, denunciou o ajuste que a Frente Ampla vem descarregando contra o povo trabalhador. No dia prévio ao inicio da Conferência, o Uruguai viveu uma greve geral com adesão quase total da população. A burocracia sindical teve que chamar a greve muito a contragosto, já que encontra-se completamente integrada ao governo.

Luis Guilherme Giordano, do Tribuna Classista, aqui do Brasil, comentou a situação que se vive no país depois do golpe: um verdadeiro terremoto político que combina a crise prematura do governo Temer com a bancarrota política do PT, incapaz de oferecer uma alternativa política ao país.

José Capitán, do Opción Obrera da Venezuela, explicou que o severo quadro de crise em seu país, tanto em termos políticos, como econômicos. O bonapartismo plebiscitário chavista, transformado em regime "de fato", não atenuou, mas aprofundou as contradições de uma economia rentista que agora é arrastada pela crise mundial e a queda da cotização do barril de petróleo no mercado internacional. Os trabalhadores da Venezuela tem que tirar as conclusões do fracasso dessa experiência nacionalista.

No transcurso dessa Conferência realizaram-se debates entre defensores da Frente Ampla, Daniel Olesker, Economista e dirigente do Partido Socialista, ex Ministro da Saúde Pública do governo de José Mujica, e Oscar Andrade, ex deputado da FA pelo Partido Comunista, com os Dirigentes do PT uruguaio. estes últimos questionaram a orientação ajustadora do governo frenteamplista e assinalaram que a esquerda tem que orientar-se por um programa anticapitalista ante a crise.

Na plenária final, os delegados aprovaram por unanimidade um documento político que denuncia a defesa do grande capital por parte dos governos da região e defende a perspectiva  da unidade socialista da América Latina, uma tarefa que os trabalhadores devem tomar em suas mãos.

O documento assinala que o aspecto político mais destacado que confronta a esquerda é a derrubada dos governos nacionalistas ou de centro-esquerda e o destino da revolução cubana.

"A crise que se abriu na América Latina não emerge simplesmente de limitações políticas subjetivas, ou seja de programa, estratégia e classe na diversidade de governo de tipo nacionalista. É, antes de tudo, uma crise de conjunto de suas estruturas sociais e políticas enquadradas por uma bancarrota capitalista de caráter mundial. A queda dos fenômenos nacionalistas opera como um acidente histórico que coloca a descoberto a declinação capitalista e a gravidade da crise em curso", apontou a Resolução.

"Precisamente isto condiciona e contamina os processos políticos de mudança encabeçadas pela direita. A tentativa 'restauradora' da direita, abre uma etapa de maior potencial revolucionário. Não inaugura uma etapa de retrocesso da luta de classes, mas sim uma acentuação dessa luta. Parte da ruptura do equilíbrio político precedente e inicia um período de desequilíbrios maiores".

A Conferência decidiu impulsionar uma campanha continental de divulgação das conclusões e deliberação política na esquerda, no movimento operário e na juventude, sobre a necessidade de um governo dos trabalhadores e a luta pelos Estados Unidos Socialistas da América Latina, incluindo Porto Rico.