A FRAÇÃO DOMINANTE DA BURGUESIA SE UTILIZA DA
CRISE DO
REGIME POLÍTICO PARA OBTER O PODER
E FORMAR
UM GOVERNO DE COALIZÃO E UNIDADE NACIONAL
DO
GRANDE CAPITAL CONTRAS AS MASSAS TRABALHADORAS!
TEMER, CUNHA,
RENAN, PMDB, PSDB E DEMAIS PARTIDOS
BURGUESES
PREPARAM UM VERDADEIRO ROLO COMPRESSOR
CONTRA A
MAIORIA ESMAGADORA DA POPULAÇÃO!
PELA
INTERVENÇÃO INDEPENDENTE DOS TRABALHADORES!
David Lucius
Em primeiro lugar
temos caracterizar que tudo o que vivenciamos atualmente em nosso
país nada mais é do que a expressão inequívoca da crise mundial
do capitalismo, que eleva as contradições sociais, econômicas e
políticas a um zênite em que a luta de classes, assim como a luta
pela sobrevivência de cada classe social se dá, cada vez mais, sob
a forma de uma encarniçada luta política.
Nosso país
encontra-se hoje em dia sob os efeitos imediatos da crise mundial por ter uma grande
parte de sua atividade econômica como dependente ou influenciada (direta ou indiretamente) pela venda de
matérias-primas ou commodities, que no último período vem
desvalorizando-se em todos os mercados mundiais devido aos efeitos da
crise e das quedas internacionais de consumo, assim como, da própria retração da atividade
econômica.
Não há como
separar a nossa crise política e econômica do contexto da crise
mundial. A crise histórica do capitalismo que vivenciamos afeta toda
economia mundial e com isso vai derrubando regimes políticos
inteiros que até a pouco tempo pareciam sólidos. A América latina
hoje encontra-se fortemente afetada por essa crise e seus efeitos
devem varrer todo o continente.
No Brasil a crise
desenvolveu-se de forma concomitante como uma crise política e econômica. O PT que sustentava um governo de colaboração de
classes com uma das frações da burguesia e do grande capital, começou a perder o
controle da economia e do poder político diante do agravamento da
crise e de suas consequências. Seus sócios políticos e econômicos foram “abandonando”
o barco sob a bandeira da denúncia de um governo imerso na
“corrupção”. Corrupção essa que é o próprio modus operandi da burguesia mundial, mas que tem no Brasil um desenvolvimento mais intenso, devido a formação histórica do país e da própria burguesia nacional. Deve-se sempre colocar em evidência que em todo processo recente de corrupção política temos empresas que corrompem desviando recursos do Estado para o seu bolso. O grande capital que parasita o Estado e que até ontem estava com o governo agora é o principal promotor do impeachment, especialmente os setores industriais paulistas agrupados na FIESP. A burguesia e seus partidos foram abandonando
paulatinamente o PT com delações premiadas contra a corrupção e
denúncias de pedaladas fiscais, mas ocultam que não estão
abandonando o governo devido a corrupção, mas procurando um governo em
que a corrupção possa continuar de forma mais estável e sem tantas
denúncias (o que é o PMDB, no cenário político brasileiro,
senão o partido que dá aulas de como se praticar a corrupção de
forma discreta e duradoura?), as pedaladas fiscais que hoje são
denunciadas, foram assinadas por vários presidentes (e por Temer
interinamente), enquanto a economia ainda não soçobrava, a burguesia e
seus partidos aproveitaram as diversas bolsas-empresario na forma de subsídios, que a FIESP e outras federações empresariais comemoravam,
curiosamente agora essas mesmas federações questionam que vai pagar
o pato (o símbolo da luta desse setor é um enorme pato!) diante do deficit no orçamento federal.
A obsessão da burguesia com o orçamento federal é antes de mais nada a preocupação com os grandes lucros que são gerados pelos títulos da dívida pública, comprados primeiramente pelo sistema financeiro, mas que foi vendido e revendido a grande parte do grande capital nacional e internacional, o receio é de que a crise mundial atinja o país de forma tão fulminante que o Estado entre em 'default', ou seja: uma quebra em que não consiga pagar os títulos da dívida pública e seus gordos juros, os mais altos do mundo, mas, como tudo no capitalismo, um dos mais arriscados também, pelo menos nos últimos anos.
A obsessão da burguesia com o orçamento federal é antes de mais nada a preocupação com os grandes lucros que são gerados pelos títulos da dívida pública, comprados primeiramente pelo sistema financeiro, mas que foi vendido e revendido a grande parte do grande capital nacional e internacional, o receio é de que a crise mundial atinja o país de forma tão fulminante que o Estado entre em 'default', ou seja: uma quebra em que não consiga pagar os títulos da dívida pública e seus gordos juros, os mais altos do mundo, mas, como tudo no capitalismo, um dos mais arriscados também, pelo menos nos últimos anos.
O que
fica claro é que a burguesia abandonou o governo e deixou de sustentar essa via de colaboração de classe como política de sustentação para seu sistema de dominação. A crise mundial levou a burguesia nacional a mudar de uma política de colaboração de classes para uma coalizão interna entre suas várias frações e desse modo tentar impedir a tendência geral de queda em seus lucros. Busca então desesperadamente outra
alternativa, não para mudar de forma brusca a sua política, mas para
aprofundar o que já vem fazendo há décadas: parasitar o Estado de
todas as formas, através de subsídios, de títulos da dívida
pública (que pagam a maior taxa de juros do mundo!) e da corrupção,
que é um de seus grandes negócios, mas como o PT ficou com cara de “bandido” diante da "opinião pública" precisa arrumar outro “hóspede” que assuma o atual governo para tudo
voltar a ser como antes, lógico que de forma mais intensa e profunda, afinal
a crise é grande e a fome por altos lucros por parte da burguesia só
poderão ser contemplados por um governo que passe literalmente um
rolo compressor sobre as costas da população. O PT somente servirá agora, no plano imediato, para a burguesia, como “bode expiatório” de tudo o que tiver que ser feito,
realizado ou denunciado.
Mas diante disso não
devemos de forma alguma “passar a mão na cabeça” do PT. Grande
parte da crise que vivenciamos é de sua inteira responsabilidade. A
corrupção generalizada é apenas a expressão da adaptação do PT a política de
classe da burguesia: quem é que corrompe? Sempre a iniciativa privada ou seja, o grande capital. Quem é corrompido? Sempre os partidos burgueses que
eram aliados do PT até ontem. O PT mutila e impede qualquer
desenvolvimento da consciência política e da organização dos
trabalhadores. Mesmo durante o golpe privilegia sempre os “conchavos”
de bastidores com os políticos burgueses em vez de potencializar a
luta. Até mesmo a CUT parece hipnotizada dada a influencia o PT em
seu interior. A beira de um golpe e nem um sinal de organização dos trabalhadores por parte da CUT. No máximo manifestações sob o controle da burocracia partidária. Nem mesmo a palavra-de-ordem de greve
geral é timidamente levantada ou agitada. O PT é o símbolo de tudo o que os
trabalhadores não devem realizar ao construir um partido de classe. E
não podemos nos esquecer que grande parte do golpe originou-se
dentro de seu governo, com seus ministros burgueses e com Michel
Temer, Cunha, Renan e o PMDB e outros partidos como aliados. O PT ficou durante muito
tempo utilizando o escudo de “Não Vai Ter Golpe!” apenas para
defender seu governo, enquanto o golpe era gerado e gestado no
interior de seu próprio governo! Sobre isso se calam e fingem que os
golpistas são apenas a “oposição burguesa”, mas seus principais
líderes eram até ontem os sócios do próprio governo! O PT, através de sua aliança estratégica com a burguesia, armou e municiou o golpe em curso!
Temos que deixar
patente e claro que esse é um golpe de classe da burguesia! A
política de colaboração de classes que o PT sustentava com a
burguesia esgotou-se. Não por uma crítica no interior do PT ou da
esquerda, mas por que os setores dominantes da burguesia que estavam
em aliança com o PT romperam com este governo moribundo. A luta pelo poder
colocava dois blocos fundamentais da burguesia em campos opostos: um
junto com o PT e o governo e outro com a “oposição” burguesa.
No último período os setores dominantes da burguesia unificaram-se,
sob a articulação do PMDB, de Cunha e Temer, com o apoio da quase totalidade dos
partidos burgueses. O golpe tem seu caráter de classe. Os setores
que fecharem os olhos ou que cruzarem os braços diante do golpe
terão que responder historicamente no futuro diante das massas pelos seus atos. Não
é admissível uma política classista que cruze os braços ou os
olhos diante do grande acordo que a burguesia realiza, unificando
seus principais partidos, entidades e representantes para praticar um golpe, um assalto ao poder político. A partir do controle do legislativo saqueiam o poder executivo. A partir do controle do Estado saquearão as massas.
A crise deve
continuar depois da votação do impeachment, com a vitória parcial
ou não dos golpistas. De qualquer forma a crise ficará mais
intensa, independente do resultado da votação. Devemos lutar de forma veemente contra essa investida da burguesia de saquear o poder político por meio de um impeachment através da unificação momentânea de suas frações dominantes. Aos trabalhadores
cabe a organização independente e política quanto classe para
poder lutar e ter um papel no desenvolvimento histórico dessa crise.
Diante da crise mundial do capitalismo, de seus efeitos em nosso
continente e no Brasil, temos que lutar por uma organização dos
trabalhadores de forma independente do governo e do PT, de um lado, e
da burguesia, do grande capital e de seus partidos, de outro, como
primeiro passo para se levantar e construir um partido que defenda
claramente seus interesses imediatos e históricos, única ferramenta
organizativa e programática que pode dar conta dos impasses e
contradições que nos oprimem diariamente.