A nossa luta já existe há bastante tempo. Ela é anterior à criação do Comitê Estadual das Educadoras Contratadas e se estende porque temos contratadas e contratados professoras(es), funcionárias(es) e especialistas com 5, 10, 15, 20, 25 anos ou mais de contratos "emergenciais" que enfrentam durante todo este período a precarização do trabalho diretamente do chão de nossas escolas. Estamos dentro da situação de um verdadeiro "limbo jurídico" e enfrentando todas essas problemáticas na luta diária e contínua. O objetivo que se apresenta como o norte do Comitê é a conquista da efetivação.
Entre as atividades realizadas pelo Comitê está a audiência pública de dezembro de 2017 em que a juíza Valdete Severo reconheceu que a política mais justa para os contratos "temporários" é a efetivação; a advogada Marilinda Fernandes também se posicionou de forma semelhante, reconhecendo as dificuldades políticas. O documento desta audiência pública foi entregue ao Ministério Público já destacando todo o nosso combate à precarização do trabalho. Na sequência de tantas atividades, ainda fomos ao Tribunal Superior do Trabalho(TST), realizamos ato público no Tribunal de Contas do Estado (TCERS), houve reuniões com os parlamentares, assessores jurídicos e participamos de diversas audiências públicas como a de julho de 2019, ocorrida após o governo Eduardo Leite (PSDB) demitir educadoras contratadas em licenças-saúde, o que nos obriga a lutar até hoje tentando reverter os casos.
Infelizmente
durante todas essas caminhadas de lutas acabamos por perder colegas que vieram
a falecer, vítimas da situação de luta contra a precarização do trabalho e o
sucateamento das escolas dentro de um processo de destruição da educação
pública. Os valores estão presentes
no material humano
que como educadoras contratadas que são, se
apresentam como as principais vítimas do descaso e do abandono da nossa
categoria.
Nesse caso gravíssimo citado acima, chegamos, inclusive, a procurar a Secretaria de Direitos Humanos do Estado para fazer um apelo e lutar para reverter esta grave situação, embora tenham acolhido a denúncia, nada de efetivo foi feito. Depois da aprovação do novo pacote do governo ainda estamos passando por situações que permanecem iguais e a única coisa que muda superficialmente são os governos, porque a situação de precariedade segue e avança ano a ano. Nosso objetivo, como foi dito, é a nossa EFETIVAÇÃO. Lutamos por ela porque já deixamos evidente que não somos contra o concurso público, mas entendemos que a única forma de acabarmos com a precarização do trabalho de forma justa das educadoras contratadas é conquistarmos a nossa efetivação.
Isso nos leva a crer que este encaminhamento possa minimizar
conjunturalmente o problema do "limbo jurídico", embora saibamos que
o real combate à precarização do trabalho virá com a conquista da efetivação, a qual, precisamos contar com real o apoio
dos deputados, frentes e comissões da ALERGS, além do peso político e
sindical do CPERS. Esta luta não é só jurídica, mas inevitavelmente se tornou
política pela ação de sucessivos governos adotarem uma verdadeira sangria
desatada de contratação "emergencial" à revelia de qualquer
Constituição, inclusive se negando a nomear aprovadas em concurso público.
Comitê Estadual das Educadoras Contratadas do RS, em 28 de outubro de 2020.