AGROTÓXICOS SÃO LANÇADOS DE AVIÃO SOBRE A COMUNIDADE RURAL DO ARAÇÁ
Artigas
No
terceiro dia em que uma aeronave agrícola sobrevoou a comunidade rural do
Araçá, município de Buriti, no Maranhão, ao ver aquela cena, Edimilson Silva de
Lima, presidente da associação de moradores, pressentiu que um desastre estava
em curso. Dos 80 moradores, ele contou ao menos oito com sintomas de
intoxicação como coceiras, febre e manchas pelo corpo, mas é possível que mais
gente tenha se intoxicado.
Uma
delas é Antônia Peres, que sentiu coceira após a pulverização. A aeronave
passou tantas vezes naqueles dias que ela tinha que tomar banho correndo.
"Não aguentava de tanta coceira", diz. Com a pulverização, a
comunidade começou a sentir falta de ar, vômito e diarreia.
Os
moradores suspeitam que o avião foi contratado pelo produtor de soja, Gabriel
Introvini, que tem histórico de conflitos com comunidades da região. Segundo
Diogo Cabral, advogado da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos, o avião
vinha de uma terra alugada por Introvini. Diversas denúncias feitas pelas
comunidades e até uma operação da polícia apontam ele e seu filho, André
Introvini, como responsáveis por desmatamento ilegal do Cerrado, roubo de
terras e tentativas de expulsar os moradores.
O
local, onde vivem mais de cem famílias, foi palco do episódio conhecido como chacina
de Pau D'Arco. Em maio de 2017, policiais civis e militares mataram dez
trabalhadores que resistiram às ordens de despejo e insistiam em ocupar o
local.
Isso
demonstra a luta da comunidade pela terra, que eles tem direito de tirar o
sustento da terra com seu trabalho. Num país que não fez a distribuição da
terra para quem quer plantar, encontra o latifundiário querendo expulsar os
pequenos agricultores.
Além
dos casos no Pará e no Maranhão, a Fundação Oswaldo Cruz soltou nota sobre caso
similar que ocorreu em fevereiro e março em Nova Santa Rita, no Rio Grande Sul.
Assentados que produzem alimentos orgânicos registraram o sobrevoo de aviões
pulverizando agrotóxicos sobre as suas plantações e casas.
Eles
relataram ainda a morte de animais de estimação e pássaros, adoecimento de
animais de criação e o sumiço de abelhas. Testes feitos no local detectaram a
presença do herbicida 2-4-D, classificado como extremamente tóxico pela Anvisa
e como "possível carcinogênico" pela Agência Internacional de Pesquisa
em Câncer, da Organização Mundial da Saúde.
Nós,
brasileiros nunca consumimos tanto agrotóxico quanto hoje. O número de
produtores que usam pesticidas na plantação cresceu 20% em 10 anos,
segundo o IBGE, enquanto a aprovação para comercialização dos químicos subiu
135% em uma década, conforme mostrado nos novos registros publicados pelo
Ministério da Agricultura. Apenas este ano, a pasta aprovou 169 novos produtos
agrotóxicos e publicou a liberação de outros 197 registros.
Hoje
são 2.263 produtos agrotóxicos no mercado, e um uso anual de mais de 500 mil
toneladas, segundo o Ibama. Os venenos podem entrar no corpo por meio de
contato com a pele, mucosa, pela respiração e pela ingestão. O risco é
crescente devido à dificuldade em retirar os pesticidas dos alimentos e até mesmo
da água.
Abaixo esta política de
envenenamento da população!
Abaixo o latifúndio que
explora terra pública e expulsa os pequenos agricultores!
Por um governo dos
trabalhadores da cidade e do campo!
Por um governo operário
socialista