Roberto Rutigliano - TRIBUNA CLASSISTA RIO DE JANEIRO
Freixo desistiu de ser candidato à Prefeitura
do Rio de Janeiro argumentando que quer lutar numa frente ampla. Ele também
fala que a esquerda precisa maturidade. Temos que constatar aqui que cada vez
que a palavra "maturidade" sai da boca de uma liderança de esquerda
ela serve como recurso para abandonar princípios básicos com os quais se
constrói uma força classista e se aproximar a grupos representantes de outros
interesses políticos.
Esta atitude está ligada a um movimento que
está ocorrendo no Brasil . A Folha publicou : "Enquanto isso, em São Paulo
e no Rio, a intransigência do parisiense Ciro Gomes, a relutância de Lula em
reconhecer o colapso da hegemonia petista, e as micro querelas do PSOL
inviabilizaram a frente ampla. Transformado pela pandemia, o Consórcio do
Nordeste está criando as condições para a emergência de uma geringonça nos
moldes da portuguesa. Basta olhar para a parceria produtiva entre Rui Costa e
ACM Neto e para as conversas exploratórias entre Flávio Dino e Luciano Huck.
Assombrado pelas suas derrotas recentes, o campo progressista demora a se
transformar. Mas nada de desespero: a formação de uma aliança transversal que
incorpore o melhor do petismo está muito mais avançada do que o marasmo atual
deixa transparecer.”
Como vemos a burguesia está querendo a volta de
uma frente de unidade nacional que reúna a ultra direita de Luciano Huck e ACM
Neto junto com lideranças chamadas "progressistas".
No Rio, esta linha de raciocínio se materializa
numa aproximação aos evangélicos e na unidade de grupos que coloquem na
mesma mesa a Paes,, Benedita e setores do PSOL ligados à marqueteira política Paula Lavigne. Neste embrulho surge um novo candidato com
o intuito de colocar na prateleira um novo modelo político que agrade a gregos
e troianos: o pastor Henrique Vieira . Esta figura pode sepultar a
expectativa de transformar o PSOL em um partido de esquerda socialista e o
caricaturar como uma ferramenta da pequena burguesia da zona sul carioca
adornado para ser oferecido como um partido de uma esquerda palatável.
Entendemos que a independência política da
esquerda está em jogo. A ideia de uma frente ampla assim como a candidatura de
um pastor "progressista". que consiga atrair setores da direita e da
esquerda no seu curral eleitoral é apenas possível domesticando os princípios
históricos classistas que deveriam nortear a toda organização que luta contra o
capitalismo. Esperemos que os grupos internos do PSOL rompam com estas
novas diretrizes e comecem a trabalhar na construção de uma frente de esquerda
verdadeira.