TRIBUNA BANCÁRIA
Oposições bancárias em Porto Alegre, Litoral norte gaúcho e Brasília
PARAR O MASSACRE CONTRA OS BANCÁRIOS DA CEF
E O CONJUNTO DA CATEGORIA
Pensem como se sentiram os 12 bancários da Caixa Econômica Federal morrendo de Covid-19 adquiridas nas suas agências onde trabalhavam, pensem como os milhares de seus colegas que enfrentam este risco quase diariamente se sentem e quando chegam em casa depois da frente de batalha não sabem se estão trazendo o vírus para suas famílias.
Os bancários da
CEF estão sofrendo de exaustão, temem se contaminar e recebem ameaças. Forçados
a trabalharem 14 horas por dia, quando o correto é trabalhar 6 horas diárias,
no máximo, nem sequer são fornecidos para a maioria os equipamentos de proteção
individual. Só são autorizados 15 minutos para o almoço. A jornada de trabalho
se estende das 06:30 às 20:00 horas.
Enquanto isto, mais de 50 milhões de trabalhadores amanhecem nas filas intermináveis,
que duram horas, e ainda por conta de falhas do sistema as vezes precisam ir
nas agências da CEF varias vezes, com condições econômicas precarizadas, esperando
receber 3 parcelas de míseros R$ 600,00 mensais. Estão também correndo o risco
de contraírem o coronavirus.
Esta é mais uma triste história do Governo Bolsonaro que se inicia
quando o Ministro da Economia Paulo Guedes indica para a Presidência da Caixa
Econômica Federal o sr. Pedro Guimarães que já havia trabalhado com Guedes e é
um privatista de formação. Foi traçado então um plano de privatização da CEF, já
a partir de 2019, que parou temporariamente com o surgimento da Pandemia do
coronavírus.
Após ser aberta uma discussão sobre um auxílio emergencial entre o
Governo Bolsonaro que queria que fosse de R$ 200,00 e o Congresso Nacional, prevaleceu
os insuficientes R$ 600,00. Nós do Agrupamento Tribuna Classista sempre defendemos o valor mínimo de
R$ 5.000,00 mensais para todos os trabalhadores informais.
O universo inicial de pessoas com direito ao auxílio era de mais de 90
milhões de trabalhadores, mas o sistema de autorização do Governo Federal
baixou para 50 milhões, deixando quase a metade dos trabalhadores de fora. Bolsonaro vetou a ampliação do benefício
para profissionais informais que não estão inscritos no Cadastro Único. Com
isso, mais de 50 categorias de trabalhadores informais de baixa renda ficaram
sem receber o dinheiro.
O Governo Bolsonaro junto com a presidência da CEF arquitetaram um plano
contra a população de mais de 90 milhões de trabalhadores, contra os bancários
da Caixa Federal e contra o Banco como instituição pública.
A não descentralização do pagamento do auxílio emergencial para outros
bancos e a utilização de um sistema não apropriado de cadastramento criou
condições para formação de filas enormes e aglomerações totalmente desnecessárias,
não deu as mínimas condições seguras para os bancários da CEF, não respeitou as
pessoas nas filas, faz os bancários trabalharem nos seus limites. Com todos
esses fatores e outros mais está se criando um clima totalmente perverso de
jogar a população contra os bancários da CEF, em plena Pandemia.
O Governo Bolsonaro também neste assunto começa a entrar em contradições
internas, o Ministério da Cidadania foi obrigado a informar que 190.000
militares da ativa ilegalmente receberam o auxílio emergencial num montante
total de R$ 114 milhões. O Ministério da Defesa abriu processo, Bolsonaro acusou
os recrutas de cometerem a fraude; no final com todo esse mal-estar no Governo,
o TCU deu uma aliviada e decretou que foram 73.000 militares da ativa e eles
devem devolver o dinheiro.
O Ministro da Economia, Paulo Guedes teve que correr para minimizar
os efeitos da fala do secretário especial de Produtividade, Emprego e
Competitividade do Ministério da Economia, Carlos da Costa, que disse que o
auxílio de R$600 poderia ser mantido após o fim da pandemia. O secretário
Carlos da Costa disse, durante transmissão ao vivo promovida pelo banco BTG
Pactual, que o auxílio emergencial poderia ser mantido após os três meses
previsto em lei. “Não podemos virar a chave e desligar tudo de uma hora para
outra”, disse o secretário ao se referir à possibilidade de manter o auxílio
emergencial no segundo semestre de 2020. De acordo com o secretário, o auxílio
de R$600 é uma espécie de Imposto de Renda negativo, em que os cidadãos abaixo
de determinado nível de renda recebem devolução do governo, em vez de pagarem
impostos. Paulo Guedes disse que o secretario estava “meio estonteado” quando
deu esta declaração e que o auxilio é só para 3 meses.
Enquanto
isto vigora a falta de planejamento e
irresponsabilidade por parte do governo, porque não estão sendo
cumpridos os protocolos para proteção à saúde dos trabalhadores e da população.
Dezenas de agências da Caixa Econômica Federal precisaram ser fechadas
por suspeitas de contaminação de bancários pela Covid-19. Em Sergipe, vários casos
confirmados de empregados infectados pelo coronavírus foram registrados.
Lamentavelmente, os trabalhadores da CEF — assim como a população — são
vítimas da má-fé e da irresponsabilidade do governo. Não houve
planejamento nem ampla e efetiva campanha de informação à sociedade sobre o
auxílio emergencial. A centralização do pagamento do benefício nas agências da
Caixa provocou o que estamos vendo desde o início da pandemia: filas e
aglomerações em diversas unidades do banco, colocando em risco a saúde de mais
de 50 milhões de beneficiários e de aproximadamente 50 mil trabalhadores da CEF
que estão à frente do atendimento à população .
Devemos lembrar que a categoria bancária nos últimos anos é uma das mais
atingidas por problemas psiquiátricos, dadas as suas exaustivas condições de
trabalho, e o Governo Bolsonaro impôs o limite do limite. Agora, o plano é
literalmente matar bancários.
Somos contra mais este genocídio que está em marcha. No Brasil já estamos atingindo mais de
16.000 pessoas mortas pelo Covid-19.
A clara intenção de provocar uma tragédia, jogando a população e a mídia
contra os bancários da CEF, para depois da Pandemia privatiza-la por valores
baixíssimos é um ato criminoso.
Já foi provado, pelas próprias discussões internas no Governo que é
possível pagar um auxílio emergencial muito maior que o atual e num período
muito mais amplo que os 3 meses.
É preciso que a CUT, a CSP-Conlutas e a Intersindical - Instrumento de
Luta e Organização entrem nesta luta para valer, imediatamente.
É preciso que a classe trabalhadora construa urgentemente para fazer
frente a todas essas mazelas do sistema capitalista, um Partido Operário
Socialista Revolucionário, para tomar o poder político da burguesia.