REESTATIZAÇÃO DA VALE E CONTROLE DA PRODUÇÃO PELOS TRABALHADORES
Artigas
56 bilhões é o valor que deveria ser pago de indenização, mas a Vale e governos federal, estadual e municipal acertaram 37 bilhões
O acordo entre Vale e Estado de Minas Gerais expôs favorecimento mútuo entre as elites. A empresa "limpa" sua imagem, deixará de pagar
19 bilhões aos atingidos e controlará a “reparação”.
As tragédias de Mariana e Brumadinho
não foram por acaso. Grandes empresas de mineração financiaram políticos — de quase
todos os partidos — que afrouxaram a fiscalização de barragens mineiras.
José Fernando Coura, ocupava a
presidência do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Coura é um defensor histórico
dos interesses das mineradoras e, por isso, chamado por ambientalistas de
“lobista da mineração” – rótulo que rejeita. Não há dúvida, porém, sobre as
suas boas relações com o então ministro
Fernando Pimentel (PT), depois eleito governador de Minas Gerais, o então
presidente da Vale, Murilo Ferreira e o vice-governador da época, Alberto Pinto
Coelho, os presidentes da Assembleia Legislativa do
Estado, Dinis Pinheiro, do Tribunal de Contas, Mauri Torres e da Federação das
Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Olavo Machado, donos de jornais, pelo menos 9 deputados federais e 8 deputados
estaduais.
Entre os 30 figurões identificados nas fotografias publicadas nas
colunas sociais da imprensa mineira estão personagens que seis anos depois
seguem protagonistas, com postos chave nos governos do presidente Jair
Bolsonaro e do governador Romeu Zema, como Marcos Montes, secretário-executivo
do Ministério da Agricultura e Adriano Magalhães, secretário adjunto do governo
de Minas.
A proximidade entre empresários
e políticos burgueses pode ser menos inocente do que se vê. Foi durante o
governo de um dos convidados da festa, Fernando Pimentel (PT), que o Estado de
Minas Gerais afrouxou a
política de licenciamento ambiental. A medida beneficiou a Vale no
licenciamento da barragem que rompeu em Brumadinho, em 25 de janeiro, matando
233 pessoas e deixando outros 37 desaparecidos.
O processo de afrouxamento da
lei começou antes, ainda em 2014, na gestão de outro convidado, o então
governador Alberto Pinto Coelho (PP), quando, em uma reunião a portas fechadas,
a Vale
sugeriu
as mudanças a serem feitas na legislação ambiental – acatadas na
gestão do petista. Quem escutava as sugestões dos diretores da Vale, em clima
amigável, eram os representantes governamentais responsáveis por fiscalizar a empresa e suas
barragens, conforme revelou a Repórter Brasil.
Cinco anos atrás, um tsunami de
lama tóxica varreu do mapa três comunidades, contaminou dois rios e
tirou, de imediato, a vida de 19 pessoas. O rompimento da barragem de Fundão,
de propriedade da Samarco, empresa controlada pelas multinacionais Vale e BHP
Billiton, despejou 50 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro
no meio ambiente.
Levou 17 dias para que esse
caldo pegajoso percorresse 663 quilômetros e chegasse ao mar. No caminho deixou cidades sem ter de onde tirar água, pessoas sem ter de onde tirar o
sustento, indígenas sem ter de onde tirar sentido espiritual. Passada aquela
grande onda, as vidas de centenas de milhares de pessoas continuaram sendo
impactadas diariamente por ondas menores, mas persistentes, de descaso do poder
público e desmandos das empresas que cometeram o crime.
Segundo a Samarco, o que sobrou
da estrutura está entre as que possuem Declaração de Condição de Estabilidade
(DCE) e atendem aos requisitos de segurança, de acordo com normas brasileiras e
internacionais.
Para voltar à ativa, a empresa
obteve ainda em 2019 a Licença de Operação Corretiva (LOC), dada pela Câmara de
Atividades Minerárias (CMI) do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam).
Com a volta das atividades, os
rejeitos que sobram da extração do minério agora seguem para um sistema de
filtragem, que transforma 80% do total num material sólido, que é empilhado a
seco. O restante, uma mistura de água e refino de minério, vai para a Cava Alegria
Sul, uma estrutura natural rochosa mais segura, afirma a empresa.
Com o tempo, essa água deve
infiltrar ou evaporar e, o que sobra, se solidifica, diz sobre a técnica, Carlos
Barreira Martinez, professor da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), consultado
pela DW Brasil.
Alguns dizem que é falta de
fiscalização para o sistema de exploração voltar ao normal, mas é mais profundo,
o sistema capitalista tem seus projetos e os governos assumem este projeto,
porque no pensamento dos governos o que vale é acumulação de riqueza. As populações trabalhadoras querem que a exploração de minério seja
respeitando a vida, a terra, os rios e não submetida ao lucro .
Quando acontece essas tragédias,
as empresas que recebem este minério deveria se preocupar daonde vem, como é
extraído, como os dejetos são descartados, mas não é isso que ocorre, simplesmente compram, lavando as mãos. As exportações deste minério estão indo para o continente
europeu, não reconhecendo e indiferente aos problemas da extração.
Com as tragédias que ocorrem
devido à exploração de minério, as partes envolvidas deveriam se
responsabilizar; o capitalismo é uma forma de exploração e destruição, não respeita
ser humano, o meio ambiente, e tudo em volta.
A exploração de minério e como
outras explorações que o capital faz dentro do sistema capitalista não respeita
forma humana e o bem comum, o capital só visa o lucro, dessa forma não há sistema
de vida que vá sobreviver.
Por isso, a única forma de uma
sociedade sobreviver é terminando com este sistema nefasto que só prioriza o
lucro e não a vida. Na atual conjuntura
para amenizar e encaminhar a restauração do local da tragédia é a
reestatização da Companhia do Vale do Rio Doce sob a direção dos trabalhadores.
Como foi dito, já se passou 5
anos, a Vale reiniciou a exploração de minério e não assumiu a tragédia que fez para
a cidade de Mariana e Brumadinho, com apoio do governo e da justiça.
A população e as duas regiões
ainda não foram beneficiadas, o que demonstra
um descaso perto do lucro que a Vale obtém pela exploração do minério.