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O ano de
2021 encerrou em uma situação de calmaria para todas as alas da burguesia, não
por acaso, embora se saiba que isto só acontece, aparentemente. As tímidas mobilizações
pelo Fora Bolsonaro, contidas pelas principais organizações de massa do país,
antes que pudessem ganhar força com alguma veleidade classista, arrefece-las
até conduzi-las a um ponto morto exigia uma tarefa daqueles que representam e
dão sustentação ao conjunto do regime político.
Assim, as candidaturas
à presidência da república foram acionadas e antecipadas faltando um ano das
eleições e foram ocupando o centro da situação política, na mesma proporção que
os manifestantes eram dissimuladamente convidados a se retirarem de cena e
retornarem de volta pra casa.
Em meio a
uma crise mundial e humanitária sem precedentes do capitalismo que atinge
governos e regimes políticos inteiros, frente aos estertores do governo ultradireitista
de Bolsonaro e seus pares, o eixo de sustentação do regime político tende a se
deslocar cada vez mais para a política de frente popular do PT e da CUT, em uma
aliança sem limites à direita, agora sem o disfarce do progressismo emedebista
de Temer e seus acólitos, com Geraldo Alckmin, até pouco tempo um dos principais
dirigentes do direitista PSDB, que promoveu nos governos municipais e estaduais
de São Paulo, os piores crimes contra a classe trabalhadora.
Entra em
campo uma força tarefa de todas as alas da burguesia, principalmente da frente ampla
em torno da candidatura de Lula, como um esforço concentrado e uma medida de
precaução para tentar evitar que aconteça no Brasil o mesmo que aconteceu em
vários países da América Latina e do mundo: uma rebelião popular que coloque em
xeque as bases do conjunto do regime político.
As eleições
e as candidaturas, portanto, estimuladas e lançadas com uma ligeira antecipação
não são suficientes para resolver as contradições da crise capitalista. Se estão
exercendo momentaneamente com uma relativa eficácia a função de contenção da
ação direta das massas, por outro lado, são mais um combustível na crise, despertando
um sentimento de incerteza política, combinado com a recessiva política dos
juros em alta e a inflação galopante que já furou a barreira dos dois dígitos.
O ano mal
iniciou e os trabalhadores dos serviços públicos federais iniciam uma
mobilização por enquanto localizada na Receita Federal e no Banco Central, mas
que tende a se alastrar e se estender para todos os servidores por conta da
luta por reajuste de salários, que foram anunciados e aprovados no orçamento federal apenas para a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal, na tentativa
desesperada de Bolsonaro manter sua base de apoio, além da greve dos metroviários de MG que tem previsão para durar até o dia 17/01, contra a privatização da CBTU, contra todas as medidas repressivas por parte do goveno Romeu Zema do Partido Novo e do judiciário. A luta é agora nas ruas, nos
locais de trabalho, estudo e moradias da classe trabalhadora.