Extraído e publicado do link:
https://prensaobrera.com/internacionales/brasil-el-gobierno-de-rio-celebro-la-masacre-policial-en-las-favelas
Por Nazareno Suozzi
A operação do governo do Rio deixou mais de 130 mortos.
Execuções a sangue frio, desaparecimentos e decapitações fizeram parte da operação.
O governo estadual de Cláudio Castro transformou o Rio de Janeiro em um banho de sangue. A operação lançada por sua administração nas favelas, apresentada como uma ação contra o cartel de drogas Comando Vermelho (CV), já deixou 134 mortos, segundo a Defensoria Pública Regional. Ativistas e organizações de direitos humanos denunciam violações de direitos humanos, incluindo execuções a sangue frio, desaparecimentos e assassinatos.
Muitos dos corpos foram encontrados por familiares na Praça do Complexo da Penha, favela que, junto com o Alemão, formou o epicentro da operação policial. Segundo moradores e ativistas, alguns corpos estavam decapitados, apresentavam ferimentos de bala na nuca e vários tinham as mãos amarradas. Em outras palavras, as pessoas foram mortas sem oferecer resistência. Apesar desses fatos, Castro classificou a operação como um "sucesso" e afirmou que "as únicas vítimas foram os policiais", referindo-se aos quatro policiais que morreram durante a operação.
A chamada Operação Contenção, que envolveu o destacamento de mais de 2.500 policiais, drones, helicópteros e 32 veículos blindados e caminhões-guincho, tornou-se a mais sangrenta dos últimos tempos. Marcelo Menezes, secretário da Polícia Militar, confirmou que ela foi planejada com meses de antecedência. As operações anteriores, Jacarezinho (2021), Vila Cruzeiro (2022) e Baixada Fluminense (2005), resultaram em 28, 23 e 29 mortes, respectivamente.
Segundo a Universidade Federal Fluminense, sob o governo Castro, o Rio de Janeiro vivenciou seus três confrontos mais sangrentos desde 1990. A Operação Contenção superou, em número de mortes, o notório massacre do Carandiru (1992), que deixou 111 mortos. A ONG Movimentos afirmou que esta é uma "política de extermínio", com 2.905 civis e 31 policiais mortos em 707 operações desde 2007.
Para justificar a operação e exigir o destacamento das Forças Armadas, o governo do Rio alude a uma "guerra" que não existe, já que não há comparação possível entre o poder de fogo da Polícia Militar e facções como o CV e o PCC (Primeiro Comando da Capital), mesmo que estas disponham de armamento superior ao do passado. Além disso, a militarização não resolveria nenhum problema, pois as forças repressivas estão ligadas a grupos criminosos.
Os governos capitalistas brasileiros jamais acabarão com o narcotráfico, pois isso exigiria a expropriação e a nacionalização, sob controle operário, do comércio exterior, do setor bancário e de todas as empresas capitalistas que servem de plataforma para a promoção desse tipo de negócio.
O que vemos é uma política estatal de ataque em larga escala contra a população negra e pobre, sujeita a medo constante e, muitas vezes, à violência policial desenfreada. A polícia comete muito mais massacres e causa mais mortes do que todos os grupos armados juntos (El País, 6 de maio de 2023). O Rio de Janeiro possui 1.018 favelas, segundo o Censo de Favelas de 2023 realizado pelo Instituto Municipal de Urbanismo de Pereira Passos. Cerca de 1,5 milhão de pessoas vivem nelas — 23% da população.
A direita alinhada a Bolsonaro pressiona para classificar o CV e o PCC como “narcoterroristas” como cortina de fumaça para envolver as Forças Armadas na repressão interna. Isso ocorre em um momento em que seu aliado, Donald Trump, promove um golpe contra a Venezuela sob o pretexto de “combater o narcotráfico”.
Após alguns desentendimentos iniciais sobre a operação, o governo Lula e o governo do Estado do Rio de Janeiro chegaram a um acordo para formar um Escritório de Combate ao Crime Organizado, composto por funcionários de ambas as administrações. Esse escritório prevê um maior emprego das mesmas forças que realizam massacres como o que recentemente mergulhou as favelas em luto. Os dois níveis de governo concordam em intensificar a abordagem repressiva.
A intervenção da classe trabalhadora é necessária para pôr fim a essa barbárie.
