Estamos postando novamente este texto que foi publicado no site tribunaclassista.org.br posteriormente proscrito pela ditadura do capital.
Guilherme Giordano
Em 2016 ocorreu
em Porto Alegre um Seminário em defesa da Saúde, Previdência e Trabalho
convocado pelo SINDISPREVRS e o agrupamento Alicerce que
atua no PSOL.
A mesa da manhã limitou-se a uma
discussão técnica sobre os três setores que foram mencionados como tema
do seminário e algumas generalidades sobre as vantagens do regime
democrático burguês desde que golpes como o que acabou de acontecer sob
as barbas do conjunto da esquerda brasileira não fugissem do script dos
chamados golpes parlamentares acontecidos em Honduras e no Paraguai, quando todo mundo sabe que sem a anuência das Forças Armadas, um Congresso Nacional infestado de picaretas não votaria o golpe de estado, que foi um golpe militar.
Destacaram-se nessa mesa, a companheira Marilinda Fernandes e a professora Sara da Ufrj.
Na
mesa que ocorreu na parte da tarde, composta por Plínio de Arruda
Sampaio Jr. e Álvaro Bianchi, evidenciou-se por um caráter mais
político.
Plínio defendeu a necessidade histórica
da Revolução brasileira, mesmo que de maneira ufanista, pois segundo
ele, as burguesias norte-americanas e francesas possuem motivos para
comemorar suas revoluções, enquanto que no Brasil a própria burguesia
tratou de aborta-la. Portanto, estaríamos diante da necessidade
histórica de preenchimento de uma lacuna, a revolução democrática
burguesa. Só não se disse a qual classe social estaria reservada esta
tarefa. Uma limitada perspectiva nacionalista pequeno-burguesa.
O professor Álvaro Bianchi respondendo à
saudação realizada pelo representante do Tribuna Classista sacou da
cartola grosserias típicas da intelectualha acadêmica (segundo Chico
Buarque: mistura de intelectual com canalha) do tipo: quem achar que o
proletariado industrial é o protagonista histórico da revolução procure
outro país, porque o proletariado brasileiro não possui nenhum papel a
cumprir. E de quebra deu o exemplo das manifestações de junho de 2013.
Vociferou contra a concepção leninista de partido advogando que o
próprio movimento vai dar conta do programa, numa clara apologia do
movimentismo apartidário.
Como se não bastasse, o
Seminário que se pronunciou contra o projeto de cunho fascistoide da
escola sem partido foi obrigado a ouvir desse suprassumo da arrogância
em pó uma provocação direitista em forma de anedota de tremendo mau
gosto para aqueles que bem ou mal buscam justamente o caminho da
militância partidária: segundo ele, os estudantes ao ocuparem uma escola
em SP, ao avistarem a aproximação dos partidos de esquerda que vinham
no sentido de apoia-los, correram pra dentro da escola e deixaram os
militantes partidários do lado de fora, reservando-lhes o papel de guias
de trânsito. "Bem feito para esses militantes!" Bradou o catedrático do
alto da sua nojenta boçalidade.
Segundo ele, é isso que deve ser
reservado para aqueles que buscam a independência de classe através de
uma organização política: serem guias de trânsito do movimento,
literalmente. O PSTU deve agradecer por este tipo ter se retirado do
partido há bastante tempo. Fez um favor, nesse sentido.