Um breve esboço da Teoria da Revolução Permanente de León Trótsky
GUILHERME GIORDANO
No prólogo à 2ª edição, do livro “A Revolução
Permanente”, Stephane Just, membro do CC da extinta OCI – Organização Comunista
Internacionalista da França, afirma que a teoria da revolução permanente foi esboçada
em 1850, por Marx e Engels, e desenvolvida por Trótsky, em 1905, sem ter sido concluída.
Teria que estar fundamentada em uma análise do estágio
do desenvolvimento do modo de produção capitalista que constitui o
imperialismo, na experiência analisada cientificamente da primeira fase da
época de guerra e revoluções, inclusive do stalinismo.
Apesar de Lênin ter proposto a fórmula “ditadura
democrática de operários e camponeses” e só a tenha abandonada abertamente em
1917, com as Teses de Abril, com a palavra de ordem “Todo poder aos soviets”, foi sua análise do
imperialismo, fase superior do capitalismo que fundamentou a teoria da
revolução permanente.
Nos países economicamente atrasados, as tarefas da
revolução democrático-burguesa: reforma agrária, independência nacional, etc.
passaram para as mãos do proletariado, porque o imperialismo é a etapa do
capitalismo em decomposição e porque a burguesia está, daí em diante,
incapacitada para desenvolver as forças produtivas.
O proletariado, portanto, pode e deve tomar o poder
nos países economicamente atrasados, apoiando-se no campesinato, porque atua
como parte do proletariado mundial, quando se abre a época da revolução
proletária mundial.
A Rússia era um país economicamente atrasado: a
burguesia era incapaz de realizar a revolução democrático-burguesa por temor ao
proletariado, estava mais ou menos ligada às velhas classes dominantes. O
aparato do estado czarista à protegia das lutas de classe do proletariado.
Desgraçadamente, a burguesia russa atingiu seu apogeu
na fase de declínio do capitalismo. Às travas históricas anteriores se
conjugaram os laços imediatos, diretos, do capitalismo russo com o
imperialismo, justamente aonde se produzia a crise do imperialismo: na Europa.
Entre 1890 e 1914, o modo de produção capitalista
conheceu um poderoso crescimento no próprio seio do império czarista no quadro
do desenvolvimento capitalista que precedeu a primeira guerra imperialista
mundial, aonde a economia armamentista se apoderava da Europa, e que desembocava
na mais grande empresa de destruição das forças produtivas conhecida até o
momento, a primeira guerra imperialista mundial.
Nestas condições, somente o proletariado russo abria
às classes exploradas uma solução aos seus problemas: a terra, a paz, as
liberdades democráticas; somente ele era capaz de abrir caminho ao
desenvolvimento das forças produtivas, por suas próprias soluções, por seu
próprio desenvolvimento: por isso, foi a força dirigente da revolução russa,
mesmo que esta tenha iniciado com reivindicações democrático-burguesas. Mas o
proletariado russo jogou este papel como fração de um proletariado mundial que
tem na ordem do dia a revolução mundial do proletariado.
A história demonstrou que a burguesia ultrapassou
todos os obstáculos e terminava por impor-se como classe dominante enquanto o
modo de produção capitalista desenvolvia as forças produtivas. É exatamente por
isso que Marx e Engels não puderam mais que esboçar a teoria da revolução
permanente. Mas é também porque, a genial teoria da revolução permanente
elaborada por Trótsky permanecia incompleta, sem a análise do imperialismo, a
fase superior do capitalismo desenvolvida por Lênin.